quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

As nossas leituras

“O QUE É TUDO SENÃO O QUE PENSAMOS DE TUDO?”


ÁLVARO DE CAMPOS



A leitura saudável e habitual, além de nos proporcionar cultura geral e evolução intelectual, é também um prazer. Está nas mãos da escola incutir e cultivar este hábito de leitura assídua por parte dos seus alunos. Isto mesmo foi feito neste primeiro período com a leitura contratual que incentiva ao gosto pela leitura e, principalmente, ao gosto de partilhar oralmente as nossas opiniões sobre a obra, desenvolvendo, além da leitura, a oralidade e capacidade de expor ideias e opiniões, discutindo-as com os colegas.

Diva, 12º40

Não tenho o hábito de ler, nem infelizmente o tento adquirir. O mais estranho é que uma pessoa sabe, tem consciência das coisas que são boas para ela e, mesmo assim, não as faz (…) Infelizmente não li, no 1º período, o livro que me propus pelo facto de não me sentir atraído pela leitura. Tenho consciência de que foi um ponto a menos na minha valorização pessoal…

António Andrade, 12º41

Desde bem pequena que os livros são parte integrante do meu quotidiano. Julgo, aliás, ser prova de que ler é uma actividade que não acarreta quaisquer consequências negativas. Antes pelo contrário. Se há algum responsável por muitas das poucas coisas que hoje sei, esse responsável é a leitura. Se há algum culpado pela forma como olho o que me rodeia, esse culpado é a leitura.

Sofia Oliveira, 12º40

Ler é um vício, mas é um vício bom. A “droga” são os livros, as histórias, os contos e as palavras que nos deixam viajar, ainda que intelectualmente para terras distantes, encarnar outras personagens, sentir outras coisas e gostar de sentir. Ler é abrir a mente a novas realidades.
O vício da leitura deve ser alimentado todos os dias e partilhado. Ao folhearmos um livro, ao tocarmos nas suas páginas, ao acariciarmos a sua capa, sentimo-nos automaticamente livres porque sabemos que o que quer que esteja tatuado naquelas folhas marcar-nos-á de uma maneira ou de outra.

Marta Aguiar, 12º41


A leitura não deve ser mais do que um exercício para nos obrigar a pensar.

Edward Gibbon


CAPITÃES DA AREIA de Jorge Amado

Há livros que nos obrigam a pensar. Eu li, neste primeiro período, o livro de Jorge Amado, Capitães da Areia, que nos mostra a vida de muitas crianças abandonadas que vivem no Brasil (…) São crianças que não sabem o que é receber carinho, nunca sentiram amor e, por isso, vivem revoltados com tudo e todos.


Cláudia 12º40

Não tenho o hábito de ler, deixei-o plantado noutras terras – já longínquas! – deixei-o ficar no tempo da escola e dos deveres. Não sinto a leitura como um prazer. Devo, contudo, deixar claro que o percurso para adquirir esse hábito foi muito proveitoso e mostrou-se de um enorme gozo por meio das palavras de Jorge Amado, por meio da sua espectacular escrita em Capitães da Areia. Gostei ainda mais de ter quem lesse comigo, de poder ter um prazer partilhado. Concluo referindo que Armando Zenhas tem toda a razão quando diz que é preciso cultivar a leitura. Eu, que não o tenho, cinjo-me à experiência do percurso, à beleza do novo e ao aprender a aprender!

Maria Helena Sardinha, 12º40

É uma obra carregada de páginas de beleza, lirismo e dramatismo, poucas vezes igualadas na literatura mundial. Ficamos completamente envoltos na história narrada pelo autor, que nos remete para os anos trinta, onde os meninos abandonados vagueavam pelas ruas de Salvador. É uma obra inolvidável que nos faz literalmente viajar até ao Brasil e reflectir acerca da realidade social daquele país.

Carolina Fernandes, 12º40


ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA de José Saramago


“Quando se sabe ler bem e se desenvolve o hábito da leitura, ler é um prazer que sabe bem ter cultivado”. Ler para mim é também viajar, sonhar, viver outras realidades que não as minhas, ser outra pessoa, é ser capaz de reviver o Passado, vivendo o Presente ou até mesmo pensar num Futuro. Ler é crescer, é amadurecer, é abrir horizontes, é devorar a vida nas páginas de um livro.
Como qualquer aprendizagem, aprender a ler implica dedicação e gosto pela leitura, de outro modo é vã a tentativa de interagir com as palavras, os textos, as páginas de um qualquer livro.
Mas, já diziam os antigos, “quem corre por gosto não cansa” e é verdade, se não vejamos: “o percurso para adquirir esse hábito é igualmente um prazer e pode ser um prazer partilhado”; ora “prazer partilhado” suscita-me um apelo à leitura partilhada do livro Ensaio sobre a Cegueira de José Saramago. É um livro particularmente fantástico, apresenta-nos o Medo como uma força que nos amarra, aprisiona e cega, que ferozmente nos afasta da realidade; como Saramago diz, “o medo cega”. E é bem verdade porque quem tem medo de agir, não age, fica retido na sua pequenez, não consegue sair, então “cega” para a realidade, coloca-se-lhe um tapume quase intransponível. Aconselho a todos os que querem ser “menos cegos” a ler esta obra saramaguiana. Valerá a pena!

Mariana, 12º40

É um livro que permanecerá na minha memória não só pelo seu significado, pela simbologia de cada personagem, mas também pelo facto de ter sido um prazer partilhado. Foi uma história que todos vivemos e sobre a qual todos conversámos. Foi um acontecimento que partilhámos com a nossa consciência, com o nosso “eu”. Foi, acima de tudo, uma luz que atenuou a nossa cegueira e nos fez pensar nem que por umas páginas, na condição humana.

Mafalda Melim, 12º 40


PEQUENAS MEMÓRIAS de José Saramago

Confesso que não tenho grandes hábitos de leitura pois prefiro umas horas de TV ou de navegação na Internet. Modernices…
Há poucas semanas, li As Pequenas Memórias de José Saramago. Por momentos, revi-me no consagrado autor. Uma infância normal para a época, sem nada ou pouco que antevisse a “criação” de mais um génio da literatura portuguesa e da literatura universal.

João Pedro Frias, 12º40

CRÓNICA DE UMA MORTE ANUNCIADA de Gabriel Garcia Marquez

Este livro tem como objectivo primordial criticar a mentalidade primitiva de uma época que penaliza violentamente uma jovem por ter um comportamento sexual desadequado para a sua época (…) A obra trata assim do tempo e do perdão, da brevidade da vida e da eternidade dos sentimentos. O autor tenta demonstrar a sua consternação face à quantidade de coincidências funestas acumuladas, deixando no ar a inquietante reflexão de que a fatalidade nos torna invisíveis.

Carina, 12º40

Não sou pessoa de ler muito, mas Crónica de uma Morte Anunciada é um livro que me deu imenso prazer em ler. Para se tirar prazer deste livro é necessário uma única coisa: aceitar a história. Aceitá-la porque é uma ficção e porque é apenas uma amostra terrível de uma fatalidade humana. Preconceito sexual, vingança e morte é disso que trata o livro, ou seja, é essa a força deste livro e a razão pela qual uma coisa tão monstruosa, como o crime fatal anunciado e concretizado, gera uma leitura inesquecível e irresistível.
Emília, 12º41

Partilhei com os colegas a Crónica de uma Morte anunciada de Gabriel Garcia Marquez, por escolha da professora. Gostei do livro e surpreendi-me porque é daqueles livros que se o visse numa livraria não o comprava. E aí é que entra a partilha, porque a maioria dos livros que lemos são-nos recomendados ou por amigos, familiares ou por professores que partilham connosco as suas experiências de leitura.

Susana Bradford Ferreira, 12º40


CÃO COMO NÓS, de Manuel Alegre

O livro Cão Como Nós baseia-se no relacionamento entre um cão e uma família, oferecendo aos leitores relatos únicos para uma caracterização do cão, numa perspectiva quase humana. Os episódios relatados mostram como um cão pode introduzir numa família sentimentos mistos e contrários, descrevem os diversos tipos de relacionamento entre o cão e os membros da família, e demonstram ainda como os seres humanos não são os únicos que têm e expressam sentimentos.
Manuel Alegre, neste seu livro, conta a história de um cão para na realidade falar do comportamento humano. Ao longo do livro, o autor relata momentos da sua vida passados com o cão, levando-nos a sentir uma empatia em relação a este, pois os comportamentos do cão são muito semelhantes aos de um ser humano.
Ao longo da obra, Manuel Alegre critica certas atitudes adoptadas pelo cão, que, no fundo, são muito semelhantes ou mesmo iguais às nossas. Uma das grandes críticas que o autor faz a Kurika (o cão), é o facto de este ser desobediente, pois não queira participar nas caçadas. No entanto, o ser humano por vezes também é desobediente, principalmente quando lhe é pedido para fazer algo que não lhe agrada; no caso do cão, caçar perdizes não lhe agradava de todo.
No livro, o autor conta que o cão ficou durante várias noites e vários dias a ladrar por ser preso no canil; este seu comportamento permitiu-lhe voltar para o interior da casa, o que realça a sua teimosia. Da mesma forma, o Homem é igualmente teimoso, tal como a mãe do autor o foi, ao insistir para que o cão estivesse preso no canil. Este confronto de temperamentos fortemente teimosos e semelhantes terminou com o ladrar persistente do Kurika e o seu regresso vitorioso à casa da família.
Manuel Alegre mostra também no seu livro a grande protecção que o cão oferecia aos diferentes membros da família. Esta atitude protectora está presente nos episódios em que o cão salva o autor que havia adormecido, após ter posto um café ao lume, e de quando o cão ficava deitado à noite na porta do quarto da filha a guardá-la. Esta característica do cão também está muito presente no ser humano, principalmente dos pais em relação aos filhos.
O cão era como um membro da família, sentindo saudade dos seus entes queridos, após a sua ausência. Esta característica, a saudade, é igualmente descrita pelo autor, após a morte do seu parceiro canino, o Kurika.
Este conjunto de características atribuídas ao cão, tão semelhantes às de um ser humano, levaram Manuel Alegre a escolher como título da sua obra, “Cão Como Nós”.

João Nuno Costa Jardim , 12º9

Na minha opinião, o poeta, com este livro, faz uma critica de forma abstracta ao ser humano em geral. Apesar de ter um comportamento muito similar ao cão, o dono não aceitava que este tivesse aquele tipo de comportamento. Isto acontece com as pessoas em geral, em todos os campos. Por um lado, criticam e repreendem muitas atitudes de terceiros e, depois, por vezes sem se aperceberem, têm atitudes iguais ou até piores que aquelas que tanto repreenderam. Criticar e apontar defeitos aos outros é muito fácil! Mas quando nos cabe a nós agir correctamente já é mais difícil. As pessoas têm de ser mais tolerantes umas com as outras e têm de se lembrar que sempre que apontam o dedo a alguém têm três a apontar para si.
Outro aspecto que Manuel Alegre critica com esta obra é o facto de as pessoas não saberem aceitar as diferenças. Este cão tinha um comportamento diferente dos outros cães e por isso era constantemente visto pelo seu dono como um palerma dum cão, que não se sabe comportar como tal. Isto verifica-se muito entre pessoas. Não aceitam as diferenças entre elas, o que contribui e muito para os conflitos e para a discriminação na nossa sociedade: cores de pele diferentes, etnias diferentes, costumes diferentes, ou ate maneiras de pensar diferentes. As pessoas têm de ter uma mente e uma alma mais abertas, prontas a aceitar as diferenças. Uma sociedade moderna devia ter isso como princípio.

João Henrique França Rodrigues,12º 9

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