segunda-feira, 30 de junho de 2008

Moodle


A plataforma Moodle (http://moodle.org/) é, de forma simples, um sistema que permite a gestão de cursos e conteúdos educativos. É um software livre, o que permite que a plataforma possa ser usada sem grandes restrições, por qualquer pessoa ou organização. As funcionalidades estão definidas de forma a sustentar uma abordagem pedagógica especifica, o construtivismo, cujo ponto de vista “sustenta que as pessoas constroem novos conhecimentos activamente, na medida em que interagem com o seu ambiente” [1]. De seguida apresento os principais elementos para a instalação e administração. Concluo com comentários à utilização e evolução do Moodle.O Moodle pode ser instalado em muitos ambientes, desde simples computadores onde a plataforma serve uma pessoa apenas, até servidores com centenas de milhares de utilizadores. Os requisitos técnicos são pequenos e qualquer pessoa, desde que tenha alguma facilidade no uso do computador (por exemplo compreender a instalação de programas), poderá instalar o Moodle.O seu funcionamento necessitará ainda de algum software adicional: servidor de páginas, base de dados e o suporte à linguagem de programação do Moodle. Um exemplo de um programa que realiza toda a instalação necessária, em ambiente Microsoft Windows, para o suporte ao Moodle é o projecto WAMP[2]. Após a instalação destes programas o processo de instalação do Moodle passará apenas por definir alguns parâmetros, como o acesso à base de dados, as directorias para os ficheiros e os dados do administrador; e por alguma personalização geral da plataforma, como a descrição breve e título do sistema. O processo em detalhe pode ser consultado no sítio da plataforma [3].A administração do Moodle envolve muitos componentes, mas dois destacam-se pela sua importância no contexto da aprendizagem: os utilizadores e as disciplinas. Além destes componentes, outros existem que permitem modificar aspectos relacionados com a funcionalidade, a segurança, o desempenho, a fiabilidade e a aparência.Para os utilizadores deve ser definida uma política de acesso e aí a plataforma é muito flexível. Esta permite desde a inscrição voluntária de quem quiser aceder até a ligação a outros sistemas já existentes numa organização. Além do administrador, super-utilizador com direitos completos sobre a plataforma, existem outros perfis de utilizadores: Professor, Professor Não Editor, Aluno e Visitante, com direitos específicos ao seu papel. Os professores criam os cursos e acompanham, os professores não editores acompanham os cursos podendo participar na avaliação e interacção com os alunos; os alunos acompanham e efectuam as actividades definidas pelos professores e os visitantes, se autori-zados, serão alunos não identificados. Podem ainda ser criados outros perfis com restrições e direitos completamente diferentes.As disciplinas, ou cursos, podem ser organizadas em categorias, sem limites hierárquicos. A cada disciplina serão associados os alunos e os professores (ou utilizadores de outros perfis que tenham sido definidos). A associação dos professores é feita apenas pelo admi-nistrador. A associação dos alunos já é mais flexível e dependente das definições gerais. Em casos mais limitados será apenas o administrador a realizar a inscrição de um aluno numa disciplina, mas também é permitido aos alunos, se tal for definido pelo administrador e professores, a escolha das disciplinas a que querem assistir (ou desistir).A organização e funcionamento da disciplina é da responsabilidade do professor (ou professores). O Moodle permite ao professor inserir recursos (como páginas de textos, documentos digitais e ligações para conteúdos na web) e definir actividades (como fóruns, glossários e testes, entre outros). Este pode acompanhar os alunos interagindo por intermédio de fóruns e mensagens individuais, e avaliar o trabalho realizado com comentários e com uma classificação, que poderá ser qualitativa ou quantitativa.O uso do Moodle por uma pessoa ou grupo restrito de pessoas não necessita, normalmente, de configurações adicionais, mas o uso por um grupo alargado de utilizadores e em ambiente aberto já necessita de cuidados adicionais de forma a garantir um bom funcionamento e com segurança.A plataforma Moodle teve a sua primeira versão estável em 2001 e desde essa data que a comunidade que a usa, mantém e desenvolve, tem crescido de forma apreciável. Um exemplo é o registo actual de mais de 40.000 sítios [4], sendo mais de 1700 apenas em Portugal [5], entre eles muitas escolas do ensino secundário. No sítio da plataforma existem os mais variados fóruns que esclarecem muitas dúvidas e ajudam a resolver muitos dos problemas que possam surgir. A comunidade é muito activa, o que dá muita confiança sobre a validação e acompanhamento que é feito à plataforma.A minha experiência tem mostrado que, pelo lado dos estudantes, a utilização e adopção da plataforma tem sido simples desde que haja um conhecimento básico de ferramentas para a Internet (navegador e cliente de correio electrónico). Para os professores, os requisitos para a utilização do Moodle são semelhantes, mas para estes o principal esforço é na reorganização dos conteúdos e na redefinição das estratégias de aprendizagem.As actividades privilegiam e facilitam a interacção professor/alunos e aluno/aluno, e a liberdade na construção do conhecimento, isto através da flexibilidade e da variedade de possibilidades oferecidas ao professor na definição de cada actividade. Os glossários e wiki podem ser criados e comentados por todos, os fóruns permitem que muitas discussões possam ser abertas, os trabalhos podem ser feitos e refeitos, e tudo é sempre passível de ser classificado, fazendo depois o Moodle a agregação final das várias avaliações por fórmulas ou por médias.O Moodle, pela sua evolução, tem respondido ao desafio dos educadores adaptando-se às suas necessidades, dando sempre valor às funcionalidades que privilegiam o ensino e não a aspectos técnicos avançados cujo uso é de pouco interesse num contexto educativo. Apesar da uniformidade, que sempre existirá no uso de uma qualquer plataforma, o Moodle é bastante flexível e permitirá a qualquer professor enquadrar o seu estilo de ensino da forma que achar mais conveniente às necessidades da turma sob a sua responsabili-dade.

Eduardo Marques - DME da UMa e Administrador da plataforma Moodle

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