Uns olhos
Que olhos formosos que eu vi nesse dia
Que ao bardo, trouxeram segredos de amor
Tão meigos, tão castos, tão cheios de encantos
Que a lyra acordarão do pobre cantor
Que brilho dos astros no céu a luzir
Que encanto suave de mago condão
Minh’alma extasia e o peito só pode
Erguer doce hymno, suave canção.
Amor, alegria seu rosto inspirava
Seus olhos tão puros, celeste brandura
Dos astros formosos, saphyras brilhantes
Que a alma embriagam com maga candura?
Que meigo olhar sedutor
Que brilho d’astro fulgente
Em ondas de luz de amor
Como se enrosca a serpente.
Como a gota matutina
Que no seio Luís retrata
Como a lua ao reflectir-se
Na lympha de lisa prata
Tinham o olhar brando e puro
Dum anjo, dum cherubim
Como a nívea, branca folha
Do perfumado jasmim.
Eram meigos feiticeiros,
Eram dous astros brincando,
Num lago de branca neve
Douradas visões gozando.
Nem Rapahael o sublime
Imaginou tal candura
Nem pagão, grego, romano
Adorou tal formosura!
Mas não, ai do vate, lá vem a negra nuvem,
Que a meiga estrelinha lhe tolda o fulgor,
Lá vem o sopro intenso de norte furioso,
Que ao bosque florento lhe despe o vigor!
E arcanjo risonho, ou virgem ou fada,
Julguei ter no rosto, nos olhos, amor;
Mas ai! Pobnre crença, funesta alegria,
A esp’rança fagueira perdeu seu alvor!
E a lyra do bardo cantou doce endeixa,
E ao ver esses olhos o vate então creu,
Mas triste, bem cedo da terra a desgraça
Roubou-lhe esses olhos sem norte, sofreu!
In: O Recreio, 06/07/1863
Que olhos formosos que eu vi nesse dia
Que ao bardo, trouxeram segredos de amor
Tão meigos, tão castos, tão cheios de encantos
Que a lyra acordarão do pobre cantor
Que brilho dos astros no céu a luzir
Que encanto suave de mago condão
Minh’alma extasia e o peito só pode
Erguer doce hymno, suave canção.
Amor, alegria seu rosto inspirava
Seus olhos tão puros, celeste brandura
Dos astros formosos, saphyras brilhantes
Que a alma embriagam com maga candura?
Que meigo olhar sedutor
Que brilho d’astro fulgente
Em ondas de luz de amor
Como se enrosca a serpente.
Como a gota matutina
Que no seio Luís retrata
Como a lua ao reflectir-se
Na lympha de lisa prata
Tinham o olhar brando e puro
Dum anjo, dum cherubim
Como a nívea, branca folha
Do perfumado jasmim.
Eram meigos feiticeiros,
Eram dous astros brincando,
Num lago de branca neve
Douradas visões gozando.
Nem Rapahael o sublime
Imaginou tal candura
Nem pagão, grego, romano
Adorou tal formosura!
Mas não, ai do vate, lá vem a negra nuvem,
Que a meiga estrelinha lhe tolda o fulgor,
Lá vem o sopro intenso de norte furioso,
Que ao bosque florento lhe despe o vigor!
E arcanjo risonho, ou virgem ou fada,
Julguei ter no rosto, nos olhos, amor;
Mas ai! Pobnre crença, funesta alegria,
A esp’rança fagueira perdeu seu alvor!
E a lyra do bardo cantou doce endeixa,
E ao ver esses olhos o vate então creu,
Mas triste, bem cedo da terra a desgraça
Roubou-lhe esses olhos sem norte, sofreu!
In: O Recreio, 06/07/1863
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