segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

«Boa noite, D. Sancha!»


"Em todas as madrugadas, desde que o mundo existe, há um
momento de silêncio absoluto em que a própria
Mãe Terra está a repousar."

João Aguiar, in A Voz dos Deuses.


"Quando fui informado da sua partida, nem queria acreditar! Depois, pensei: não foi por acaso que foi no dia 30 de Novembro! Pois, nesse dia, a escola está sempre aberta, faça Sol ou faça chuva! Seja dia santo ou feriado! Esse dia é para muitos alunos o primeiro dia do início das suas vidas! De certeza que esse dia foi também muito importante para o início da nova vida da D. Sancha!
Logo de seguida, tive em memória alguns momentos... Lembro-me do primeiro dia em que cheguei a esta escola. Na primeira impressão, pensei eu que a D. Sancha e a D. Sílvia eram irmãs! Descobri mais tarde que não tinham pais em comum, mas nem por isso mudei de ideias!
O nome Sancha para mim é muito especial, pois o meu pai chama-se Sancho! Mesmo quando ela me disse o seu nome verdadeiro, continuou a ser Sancha!
Sempre que um de nós tinha uma piada nova partilhava com o outro, mas não partilhámos apenas piadas, também discutimos outros assuntos mais sérios.
Gosto muito da D. Sancha, da sua maneira de ser e estar. Ela dizia sempre que o mais importante da vida era o que vivíamos, que não fazia sentido que pessoas que não simpatizassem com ela e depois lhe fossem levar um ramo de flores no dia do funeral porque ficava bem...
Fiquei muito triste pelo facto de a Escola não ter encerrado depois do almoço, no dia do seu funeral, como já aconteceu noutras situações, mas fiquei muito contente quando todos os professores e funcionários que estavam no almoço de Natal bateram palmas de pé de modo espontâneo, em sua memória e em acto de agradecimento por tudo o que fez pela Escola, quando o director referiu o nome pelo qual todos a conhecemos, D. Sancha...
Ao contrário de algumas (muitas) pessoas desta casa, lutava por aquilo em que acreditava, tinha coragem, não medo, e não perdia noção da realidade!
Estava sempre disponível para colaborar com os professores, no que fosse possível, pois estamos todos no mesmo barco e há apenas uma direcção! Para a frente capitão!"
António Freitas (520)

"Boa noite, Dona Sancha!
O sorriso constante no rosto e uma saudação sempre agradável à nossa entrada na Portaria da Escola, onde nos habituámos a vê-la, era o melhor acolhimento para quem chegava. Mesmo para quem chegava cansado, como eu nos últimos anos. Talvez ela também andasse cansada, mas nunca deixou de sorrir-nos. Ficou feliz com a desejada aposentação, com o passeio, logo de seguida, aos Estados Unidos, mas nunca pensei não voltar mais a vê-la. Ficará sempre na nossa memória, iluminando a caminhada de todos os que continuarem a cruzar a entrada da nossa Escola."
Emília Homem da Costa (340)

"Quando me apresentei pela primeira vez na nossa Escola, em Setembro de 2000, vinda de Lisboa, foi ela que me acolheu na entrada e me orientou. Tinha sempre uma observação apropriada ao momento e ajudava-me com o maior gosto. Era uma pessoa que marcava presença sem interferir no espaço dos outros. Em suma, era um Ser Humano.
Sinto-me feliz por a ter conhecido."
Manuela Godinho (340)
“Vita brevis”

"Breve é a vida, breve o tempo em que pude conviver com esta grande senhora, dona de uma graça inesquecível, uma aura envolvente e contagiante, um riso que contaminava realmente. Agradeço aos astros a possibilidade de a ter conhecido e de ter recebido um pouco do seu dom, que era o de dar aos que lhe eram queridos um pouco da alegria que reina nas crianças, um pouco da criança espontânea que havia em si.
Obrigada pela simpatia, pela boa disposição, por ter existido."
Micaela Martins (300)