segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

«Boa noite, D. Sancha!»


"Em todas as madrugadas, desde que o mundo existe, há um
momento de silêncio absoluto em que a própria
Mãe Terra está a repousar."

João Aguiar, in A Voz dos Deuses.


"Quando fui informado da sua partida, nem queria acreditar! Depois, pensei: não foi por acaso que foi no dia 30 de Novembro! Pois, nesse dia, a escola está sempre aberta, faça Sol ou faça chuva! Seja dia santo ou feriado! Esse dia é para muitos alunos o primeiro dia do início das suas vidas! De certeza que esse dia foi também muito importante para o início da nova vida da D. Sancha!
Logo de seguida, tive em memória alguns momentos... Lembro-me do primeiro dia em que cheguei a esta escola. Na primeira impressão, pensei eu que a D. Sancha e a D. Sílvia eram irmãs! Descobri mais tarde que não tinham pais em comum, mas nem por isso mudei de ideias!
O nome Sancha para mim é muito especial, pois o meu pai chama-se Sancho! Mesmo quando ela me disse o seu nome verdadeiro, continuou a ser Sancha!
Sempre que um de nós tinha uma piada nova partilhava com o outro, mas não partilhámos apenas piadas, também discutimos outros assuntos mais sérios.
Gosto muito da D. Sancha, da sua maneira de ser e estar. Ela dizia sempre que o mais importante da vida era o que vivíamos, que não fazia sentido que pessoas que não simpatizassem com ela e depois lhe fossem levar um ramo de flores no dia do funeral porque ficava bem...
Fiquei muito triste pelo facto de a Escola não ter encerrado depois do almoço, no dia do seu funeral, como já aconteceu noutras situações, mas fiquei muito contente quando todos os professores e funcionários que estavam no almoço de Natal bateram palmas de pé de modo espontâneo, em sua memória e em acto de agradecimento por tudo o que fez pela Escola, quando o director referiu o nome pelo qual todos a conhecemos, D. Sancha...
Ao contrário de algumas (muitas) pessoas desta casa, lutava por aquilo em que acreditava, tinha coragem, não medo, e não perdia noção da realidade!
Estava sempre disponível para colaborar com os professores, no que fosse possível, pois estamos todos no mesmo barco e há apenas uma direcção! Para a frente capitão!"
António Freitas (520)

"Boa noite, Dona Sancha!
O sorriso constante no rosto e uma saudação sempre agradável à nossa entrada na Portaria da Escola, onde nos habituámos a vê-la, era o melhor acolhimento para quem chegava. Mesmo para quem chegava cansado, como eu nos últimos anos. Talvez ela também andasse cansada, mas nunca deixou de sorrir-nos. Ficou feliz com a desejada aposentação, com o passeio, logo de seguida, aos Estados Unidos, mas nunca pensei não voltar mais a vê-la. Ficará sempre na nossa memória, iluminando a caminhada de todos os que continuarem a cruzar a entrada da nossa Escola."
Emília Homem da Costa (340)

"Quando me apresentei pela primeira vez na nossa Escola, em Setembro de 2000, vinda de Lisboa, foi ela que me acolheu na entrada e me orientou. Tinha sempre uma observação apropriada ao momento e ajudava-me com o maior gosto. Era uma pessoa que marcava presença sem interferir no espaço dos outros. Em suma, era um Ser Humano.
Sinto-me feliz por a ter conhecido."
Manuela Godinho (340)
“Vita brevis”

"Breve é a vida, breve o tempo em que pude conviver com esta grande senhora, dona de uma graça inesquecível, uma aura envolvente e contagiante, um riso que contaminava realmente. Agradeço aos astros a possibilidade de a ter conhecido e de ter recebido um pouco do seu dom, que era o de dar aos que lhe eram queridos um pouco da alegria que reina nas crianças, um pouco da criança espontânea que havia em si.
Obrigada pela simpatia, pela boa disposição, por ter existido."
Micaela Martins (300)

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Foto Agrafar Emoções: Jorge Pestana

Comecei a fazer Fotografia por circunstâncias alheias à minha vontade. Em 1970, fui, como toda a minha geração, chamado a cumprir o Serviço Militar, que, nessa altura, implicava uma mobilização para África durante dois anos.

Depois do período inevitável da recruta, foi-me atribuída a especialidade de Foto-cine realizada nos Serviços Cartográficos do Exército. Aí, aprendi a fotografar, a revelar, a enquadrar, a imaginar e a criar… Tive felizmente bons instrutores e tínhamos nos Serviços óptimos laboratórios e aparelhagem do melhor que havia na época.


Assim me tornei fotógrafo amador, guardando na minha mão, ainda, a memória da minha primeira máquina de tal modo que, quando pego em qualquer máquina, a mão hesita breves segundos, escassos milímetros, até se adaptar ao novo volume.Em Moçambique, onde estive dois anos, além dos trabalhos no cinema, fotografei imenso. Ainda hoje, o faço, mas mais espaçadamente, contudo, faço-o sempre com a convicção de que o segredo da Fotografia está sempre no enquadramento, isto é, no limitar e sublinhar o que o nosso olhar vê e capta.

Fotografias e texto: Jorge Pestana, grupo 400 (História)

Rostos do Liceu: Martim Trueva



O Lyceu: Fala-nos do Martim Trueva, do seu projecto de vida, dos seus sonhos, dos seus gostos…

Martim Trueva: Sou um jovem que anda no 12º Ano, gosta muito de viajar, conviver com os amigos, ir à praia, ao cinema, tal como outro jovem da minha idade.
O meu projecto de vida, traçado juntamente com a minha família é de terminar o 12º Ano, entrar na faculdade e durante algum tempo dedicar-me a cem por cento ao Ténis, isto é, jogar como profissional.
Quanto aos meus sonhos, são muitos, mas destaca-se o de ser um grande jogador de Ténis e tirar o curso de Medicina.

O. L.: Como nasceu a tua apetência pela Ténis?

Martim Trueva: Pertenço a uma família que tem um enorme gosto pelo Ténis e, em pequeno, acompanhava o meu pai e o meu irmão nos seus jogos e no final do treino. Ficava dentro do campo entretido com a raqueta e a bola.

O. L.: Descreve o Ténis enquanto actividade desportiva.

Martim Trueva: Na minha opinião, é um desporto fabuloso, com uma adrenalina intensa e que exige grande concentração e esforço físico.

O. L.: Ser uma desportista de alta competição é um desafio? Até que ponto?

Martim Trueva: A alta competição no Ténis permite-me conviver e competir com os melhores atletas do mundo. É um desafio, pois exige uma capacidade de privação de certas actividades que os jovens da minha idade mais facilmente podem usufruir e também obriga a um grande espírito de sacrifício.

O. L.: Como consegues conciliar a tua actividade desportiva, no que se refere às tuas participações em torneios internacionais, com a vida escolar?

Martim Trueva: Após os torneios, retomo as aulas e, como é de esperar, confronto-me com certas dificuldades para acompanhar a matéria dada. Tenho conseguido superar com o apoio dos meus professores e colegas, que me facilitam apontamentos, para depois poder estudar, e dos meus pais.

O.L.: Vale a pena ser um atleta de alta competição, quer em termos de pessoais quer em termos profissionais?

Martim Trueva: Claramente, vale a pena, porque, em termos pessoais, ajuda-me a ganhar maturidade e conseguir resolver os "problemas" sozinho. Quanto aos profissionais, o facto de viajar muito ajuda-me a conhecer novas culturas, diferentes modos de vida e ser alvo de referência para jovens tenistas.


O.L.: Certamente que já és considerado uma referência para os Madeirenses, tendo em conta o teu palmarés. Como lidas com essa “fama”? É fácil geri-la?

Martim Trueva: Tento lidar com a situação com normalidade e humildade. Encaro a fama como um apoio para conseguir cada vez mais resultados no ténis, embora, por vezes, se torna cansativo, porque existe uma procura da parte dos media, que eu aceito, porque sei que estão a fazer o seu trabalho.

O.L.: Qual o papel / a importância da tua família na gestão do teu preenchido horário?

Martim Trueva: A minha família tem sido muito importante na gestão de toda a minha vida académica e enquanto jogador de ténis. Tenho tido um apoio incondicional de todos eles e posso afirmar que, se não fossem os meus pais, não teria conseguido estes resultados.


O. L.: Que mensagem deixas aos teus colegas da Jaime Moniz e aos jovens em geral?

Martim Trueva: Sigam os vossos sonhos e lutem o máximo para concretizá-los, porque vale sempre a pena...

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Ensino Nocturno - Desenho A




« O substantivo "desenho" deriva do latim designu, vocábulo rico de sentido, podendo simultaneamente significar "desenhar" e "desenho". O desenho, obra inscrita sobre um suporte com duas dimensões, apresenta plasticamente uma essência, um conceito, um pensamento ou representa as aparências do nosso mundo natural.»



Souriau, Etienne, Vocabulaire d´Esthétique, Paris, Puf, 1990


sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Mosquito Aedes aegypti (Mosquito do Dengue) na Madeira



A ilha da Madeira é mundialmente conhecida pelo seu clima ameno, convidando a uma visita pelas suas belas paisagens e outras actividades ao ar livre, que, desde há muito, têm sido exploradas para fins turísticos. A temperatura e a humidade que se verificam ao longo de todo o ano propicia a muitos seres vivos, animais e plantas, condições ideais ao seu desenvolvimento.
Os ecossistemas, sofrem alterações constantes, sejam por acção humana ou por via natural, contudo, a introdução descontrolada ou acidental de uma nova espécie num habitat poderá provocar desequilíbrios, que, em ecossistemas limitados, como é o caso de uma ilha, originam efeitos devastadores a curto prazo.
De uma forma geral, uma espécie, ao ser introduzida num novo habitat que reúna características ideais à sua proliferação e na ausência de predadores naturais, poderá sofrer um crescimento desmesurado originando uma diminuição dos recursos disponíveis para outras espécies residentes ou mesmo constituir uma ameaça para estas. Em termos de importância Médica, o crescimento descontrolado de uma espécie, em situações extremas, poderá levantar questões de saúde pública, exemplo disto será um aumento na taxa de transmissões ou infecções por um dado organismo.
A ilha da Madeira, ao longo dos tempos, tem sido alvo de inúmeras introduções (desde plantas ornamentais, medicinais a animais exóticos). Em 2004, na sequência de algumas queixas por parte da população local, especificamente na localidade de Santa Luzia, relatos de dolorosas picadas de mosquito que originavam reacções inflamatórias exuberantes, uma equipa da Unidade de Entomologia Médica do Instituto de Higiene e Medicina Tropical identificou o Mosquito Aedes (Stegomyia) aegypti (Linnaeus, 1762) (Diptera, Culicidae) que, em colheitas anteriores, realizadas entre os anos de 1977-1979, não havia sido detectado. Em Portugal Continental, existem registos da espécie até 1956, não tendo este sido identificado desde então.
O Aedes aegypti é uma espécie endémica na grande maioria das regiões tropicais e subtropicais por todo o mundo, onde o vírus do dengue é considerado um grave problema de saúde pública. A abundância do mosquito está directamente relacionada com o aumento da temperatura e da precipitação uma vez que estes factores originam maior número de colecções de água que funcionam como criadouros, induzem um aumento da taxa de desenvolvimento, diminuindo o tempo do ciclo reprodutivo e estimulando a eclosão das formas imaturas.
Esta espécie é também conhecida por utilizar uma diversidade considerável de criadouros, muitos deles artificiais (produzidos pelo Homem) onde ocorre a ovoposição, sendo que os ovos do mosquito Aedes aegypti são especialmente resistentes à dissecação. As alterações climáticas, que, nos últimos tempos, têm sido alvo de algum mediatismo, podem também dar o seu contributo na dispersão do vector e do vírus, levando à expansão geográfica das áreas de distribuição dos mesmos.
Até à data, não foi identificado qualquer caso de dengue autóctone (transmitido na Madeira), o que sugere a ausência do vírus.
Segundo dados da Direcção-geral de Saúde, no último ano em Portugal Continental foram registados 15 casos importados de dengue. O volume de tráfego marítimo e aéreo entre a Madeira e Portugal Continental e outros países pode aumentar o risco de re-introdução do mosquito, particularmente no sul da Europa onde o clima é mais favorável ao seu desenvolvimento. Para além disto, Portugal mantém relações estreitas com países onde recentemente ocorreram surtos de dengue, como é o caso do Brasil, que, num dos piores cenários, poderão contribuir para a importação de novos casos e de uma possível transmissão na presença do vector.
O processo de Globalização, caracterizado, entre muitos outros factores, pelo rápido movimento de pessoas e mercadorias de um ponto do Globo para outro, por si só acarreta inúmeras facilidades na disseminação de agentes infecciosos. Exemplo disto é o facto de já em 1857 se ter verificado um surto de febre amarela em Lisboa, que causou milhares de mortos, e ainda a Globalização como a entendemos hoje, não se vislumbrava no horizonte.
Existe ainda um conjunto de normas internacionais para controlo de vectores em aeroportos, em particular para o Aedes aegypti, que passam pelo tratamento dos locais de criação nas imediações do aeroporto (num perímetro de 400 metros). É nossa opinião que estas medidas deveriam abarcar os portos marítimos (http://whqlibdoc.who.int/hq/pre-wholis/a43045_%28p97-p170%29.pdf ).
Aparentemente as autoridades regionais estão atentas ao problema, avançando com um plano que tem em vista a diminuição dos criadoros (vasos, pneus e recipientes de plástico) e a eliminação de formas imaturas e adultos recorrendo ao uso de insecticidas. No entanto, o mosquito Aedes aegypti continua a ser encontrado e a população a ser picada. A dificuldade em erradicar uma espécie de mosquito é conhecida ou mesmo quase impossível, à semelhança da realidade dos países Africanos, em que esforços realizados durante décadas não foram suficientes para eliminar as transmissões de malária, entre outras infecções transmitidas por estes vectores.
Como nota final, apelamos à continuidade das medidas preventivas já tomadas e à implementação de outras que, a curto prazo, podem contribuir para a diminuição daquele mosquito. Sugerimos às Autoridades Regionais a implementação de um plano de vigilância entomológica permanente, registando possíveis variações na abundância do vector, o que permitiria uma rápida identificação dos principais focos e uma acção eficaz no controlo vectorial. Outra medida seria o desenvolvimento de um plano de educação ambiental nas escolas e através dos meios de comunicação em geral, não com o intuito de alarmar a população, mas, sim, de informá-la, onde seriam abordadas as características do vector (por exemplo: picos diários de alimentação) e medidas de protecção, como sejam a utilização de repelentes e de redes mosquiteiras nas habitações e fomentar a redução de recipientes de água que poderão ser utilizados pelo mosquito no seu ciclo reprodutor. A prevenção será sempre a melhor escolha para o combate de possíveis transmissões vectoriais.


Ferdinando Freitas, Investigador no IHMT (Instituto de Higiene e Medicina Tropical)

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Super Escola Portuguesa


A SUPERESCOLA

Onde estão as melhores escolas do mundo?
Claro! Está certo! Em Portugal!
Ora vejamos com atenção o exemplo de uma vulgar turma do 7º ano de escolaridade, ou seja, do ensino básico.
Ah, é verdade, ensino básico é para toda a gente, melhor dizendo, para os filhos de toda a gente! DISCIPLINAS / ÁREAS CURRICULARES NÃO DISCIPLINARES:
1. Língua Portuguesa
2. História
3. Língua Estrangeira I - Inglês
4. Língua Estrangeira II - Francês
5. Matemática
6. Ciências Naturais
7. Físico-Químicas
8. Geografia
9. Educação Física
10. Educação Visual
11. Educação Tecnológica
12. Educação Moral R.C.
13. Estudo Acompanhado
14. Área Projecto
15. Formação Cívica

É ISSO - CONTARAM BEM - SÃO 15!
Carga horária = 36 tempos lectivos
Não é o máximo ensinar isto tudo aos filhos de toda esta gente? De todo o
Portugal? Somos demais, mesmo bons!

MAS NÃO FICAMOS POR AQUI!!!!
A Escola ainda:
Integra alunos com diferentes tipologias e graus de deficiência, apesar de os professores não terem formação para isso;
Integra alunos com Necessidades Educativas de Carácter Prolongado de toda a espécie e feitio, apesar de os professores não terem formação para isso;
Não pode esquecer os outros alunos,atestado-médico-excluídos que também têm enormes dificuldades de aprendizagem;
Integra alunos oriundos de outros países que, as mais das vezes, não falam Português. Tem o dever de criar outras opções para superar dificuldades dos alunos, como:
* Currículos Alternativos
* Percursos Escolares Próprios
* Percursos Curriculares Alternativos
* Cursos de Educação e Formação

MAS AINDA HÁ MAIS!
A escola ainda tem o dever de sensibilizar ou formar os alunos nos mais
variados domínios:
* Educação sexual
* Prevenção rodoviária
* Promoção da saúde, higiene, boas práticas alimentares, etc.
* Preservação do meio ambiente
* Prevenção da toxicodependência
* Etc, etc

Peço desculpa por interromper, mas em Portugal são todos órfãos?
(possível interpolação do ministro da educação da Finlândia)
Só se encontra mesmo um único defeito: os professores.
Uma cambada de selvagens e incompetentes, que não merecem o que ganham,trabalham poucas horas (Comparem com os alunos! Vá! Vá! Comparem!!!) Têm
muitas férias, faltam muito, passam a vida a faltar ao respeito e a agredir os pobres dos alunos, coitados! Vejam bem que os professores chegam ao
cúmulo de exigir aos alunos que tragam todos os dias o material para as aulas, que façam trabalhos de casa, que estejam atentos e calados na sala de
aula,... e depois ainda ficam aborrecidos por os alunos lhes faltarem ao respeito! Olha que há cada uma!

História da Educação...

Situação:O Pedro está a pensar ir até ao monte depois das aulas, assim que entra no colégio mostra uma navalha ao João, com a qual espera poder fazer uma fisga.

Ano 1978: O director da escola vê, pergunta-lhe onde se vendem, mostra-lhe a sua, que é mais antiga, mas que também é boa.

Ano 2008: A escola é encerrada, chamam a Polícia Judiciária e levam o Pedro para um reformatório. A CIS e a ITV apresentam os telejornais desde a porta da escola.



Situação: O Carlos e o Quim trocam uns socos no fim das aulas.

Ano 1978: Os companheiros animam a luta, o Carlos ganha. Dão as mãos e acabam por ir juntos jogar matrecos.

Ano 2008: A escola é encerrada. A CIS proclama o mês anti-violência escolar. O Jornal de Notícias faz uma capa inteira dedicada ao tema, e a IVT insiste em colocar a Jornalista à porta da escola a apresentar o telejornal, mesmo debaixo de chuva.



Situação: O Jaime não pára quieto nas aulas, interrompe e incomoda os colegas.

Ano 1978: Mandam o Jaime ir falar com o Director, e este dá-lhe uma bronca de todo o tamanho. O Jaime volta à aula, senta-se em silêncio e não interrompe mais.

Ano 2008: Administram ao Jaime umas valentes doses de Ritalin. O Jaime parece um Zombie. A escola recebe um apoio financeiro por terem um aluno incapacitado.



Situação: O Luís parte o vidro dum carro do bairro dele. O pai caça um cinto e espeta-lhe umas chicotadas com o mesmo.

Ano 1978: O Luís tem mais cuidado da próxima vez. Cresce normalmente, vai à universidade e converte-se num homem de negócios bem sucedido.

Ano 2008: Prendem o pai do Luís por maus tratos a menores. Sem a figura paterna, o Luís junta-se a um gang de rua. Os psicólogos convencem a sua irmã que o pai abusava dela e metem-no na cadeia para sempre. A mãe do Luís começa a namorar com o psicólogo. O programa da Fátima Lopes mantém durante meses o caso em estudo, bem como o Você na ITV do Coucha.

Situação: O Zézinho cai enquanto praticava atletismo, arranha um joelho. A sua professora Maria encontra-o sentado na berma da pista a chorar. Maria abraça-o para o consolar.

Ano 1978: Passado pouco tempo, o Zézinho sente-se melhor e continua a correr.

Ano 2008: A Maria é acusada de perversão de menores e vai para o desemprego. Confronta-se com 3 anos de prisão. O Zézinho passa 5 anos de terapia em terapia. Os seus pais processam a escola por negligência e a Maria por trauma emocional, ganhando ambos os processos. Maria, no desemprego e cheia de dívidas suicida-se atirando-se de um prédio. Ao aterrar, cai em cima de
um carro, mas antes ainda parte com o corpo uma varanda. O dono do carro e do apartamento processam os familiares da Maria por destruição de propriedade. Ganham. A CIS e a ITV produzem um filme baseado neste caso.



Situação: Um menino branco e um menino negro andam à batatada por um ter chamado chocolate ao outro.

Ano 1978: Depois de uns socos esquivos, levantam-se e cada um para sua casa. Amanhã são colegas.

Ano 2008: A ITV envia os seus melhores correspondentes. A CIS prepara uma grande reportagem dessas com investigadores que passaram dias no colégio a averiguar factos. Emitem-se programas documentários sobre jovens problemáticos e ódio racial. A juventude Skinhead finge revolucionar-se a respeito disto. O governo oferece um apartamento à família do miúdo negro.



Situação: Tens que fazer uma viagem.

Ano 1978: Viajas num avião da PAT, dão-te de comer, convidam-te a beber seja o que for, tudo servido por hospedeiras de bordo espectaculares, num banco que cabem dois como tu.

Ano 2008: Entras no avião a apertar o cinto nas calças, que te obrigaram a tirar no controle. Enfiam-te num banco onde tens de respirar fundo para entrar e espetas o cotovelo na boca do passageiro ao lado e se tiveres sede o hospedeiro apresenta-te um menu de bebidas com os preços inflacionados 150%, só porque sim. E não protestes muito pois quando aterrares enfiam-te o dedo mais gordo do mundo pelo ânus acima para ver se trazes drogas.



Situação: Fazias uma asneira na sala de aula.

Ano 1978: O professor espetava duas valentes lostras bem merecidas. Ao chegar a casa o teu pai dava-te mais duas porque alguma deves ter feito

Ano 2008: Fazes uma asneira. O professor pede-te desculpa. O teu pai pede-te desculpa e compra-te uma Playstation 3.



Situação: Chega o dia de mudança de horário de Verão para Inverno.

Ano 1978: Não se passa nada.

Ano 2008: As pessoas sofrem de distúrbios de sono, depressão e diarreia.



Situação: O fim das férias.

Ano 1978: Depois de passar 15 dias com a família atrelada numa caravana puxada por um Fiat 600 pela costa de Portugal, terminam as férias. No dia seguinte vai-se trabalhar.

Ano 2008: Depois de voltar de Cancún de uma viagem com tudo pago, terminam as férias. As pessoas sofrem de distúrbios de sono, depressão, seborreia e diarreia.

O Governo dá...

CURTO, DURO E TRISTEMENTE VERDADEIRO
29102008

Vais ter relações sexuais?
O governo dá preservativo.

Já tiveste?
O governo dá a pílula do dia seguinte.

Engravidaste?
O governo dá o aborto.

Tiveste filho?
O governo dá o Abono de Família.

Estás desempregado?
O governo dá o Subsídio de Desemprego.

És drogado?
O governo dá seringas.

És ladrão?
O governo dá cama, mesa e roupa lavada durante os dois dias de prisão.

Não gostas de trabalhar?
O governo dá rendimento mínimo garantido!

AGORA
Experimenta estudar, trabalhar, produzir e andar na linha para ver o que
acontece!!!

VAIS GANHAR UMA BOLSA DE IMPOSTOS E SERÁS PERSEGUIDO E CASTIGADO POR SERES
UM CIDADÃO DECENTE E DIGNO!

As nossas leituras

“O QUE É TUDO SENÃO O QUE PENSAMOS DE TUDO?”


ÁLVARO DE CAMPOS



A leitura saudável e habitual, além de nos proporcionar cultura geral e evolução intelectual, é também um prazer. Está nas mãos da escola incutir e cultivar este hábito de leitura assídua por parte dos seus alunos. Isto mesmo foi feito neste primeiro período com a leitura contratual que incentiva ao gosto pela leitura e, principalmente, ao gosto de partilhar oralmente as nossas opiniões sobre a obra, desenvolvendo, além da leitura, a oralidade e capacidade de expor ideias e opiniões, discutindo-as com os colegas.

Diva, 12º40

Não tenho o hábito de ler, nem infelizmente o tento adquirir. O mais estranho é que uma pessoa sabe, tem consciência das coisas que são boas para ela e, mesmo assim, não as faz (…) Infelizmente não li, no 1º período, o livro que me propus pelo facto de não me sentir atraído pela leitura. Tenho consciência de que foi um ponto a menos na minha valorização pessoal…

António Andrade, 12º41

Desde bem pequena que os livros são parte integrante do meu quotidiano. Julgo, aliás, ser prova de que ler é uma actividade que não acarreta quaisquer consequências negativas. Antes pelo contrário. Se há algum responsável por muitas das poucas coisas que hoje sei, esse responsável é a leitura. Se há algum culpado pela forma como olho o que me rodeia, esse culpado é a leitura.

Sofia Oliveira, 12º40

Ler é um vício, mas é um vício bom. A “droga” são os livros, as histórias, os contos e as palavras que nos deixam viajar, ainda que intelectualmente para terras distantes, encarnar outras personagens, sentir outras coisas e gostar de sentir. Ler é abrir a mente a novas realidades.
O vício da leitura deve ser alimentado todos os dias e partilhado. Ao folhearmos um livro, ao tocarmos nas suas páginas, ao acariciarmos a sua capa, sentimo-nos automaticamente livres porque sabemos que o que quer que esteja tatuado naquelas folhas marcar-nos-á de uma maneira ou de outra.

Marta Aguiar, 12º41


A leitura não deve ser mais do que um exercício para nos obrigar a pensar.

Edward Gibbon


CAPITÃES DA AREIA de Jorge Amado

Há livros que nos obrigam a pensar. Eu li, neste primeiro período, o livro de Jorge Amado, Capitães da Areia, que nos mostra a vida de muitas crianças abandonadas que vivem no Brasil (…) São crianças que não sabem o que é receber carinho, nunca sentiram amor e, por isso, vivem revoltados com tudo e todos.


Cláudia 12º40

Não tenho o hábito de ler, deixei-o plantado noutras terras – já longínquas! – deixei-o ficar no tempo da escola e dos deveres. Não sinto a leitura como um prazer. Devo, contudo, deixar claro que o percurso para adquirir esse hábito foi muito proveitoso e mostrou-se de um enorme gozo por meio das palavras de Jorge Amado, por meio da sua espectacular escrita em Capitães da Areia. Gostei ainda mais de ter quem lesse comigo, de poder ter um prazer partilhado. Concluo referindo que Armando Zenhas tem toda a razão quando diz que é preciso cultivar a leitura. Eu, que não o tenho, cinjo-me à experiência do percurso, à beleza do novo e ao aprender a aprender!

Maria Helena Sardinha, 12º40

É uma obra carregada de páginas de beleza, lirismo e dramatismo, poucas vezes igualadas na literatura mundial. Ficamos completamente envoltos na história narrada pelo autor, que nos remete para os anos trinta, onde os meninos abandonados vagueavam pelas ruas de Salvador. É uma obra inolvidável que nos faz literalmente viajar até ao Brasil e reflectir acerca da realidade social daquele país.

Carolina Fernandes, 12º40


ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA de José Saramago


“Quando se sabe ler bem e se desenvolve o hábito da leitura, ler é um prazer que sabe bem ter cultivado”. Ler para mim é também viajar, sonhar, viver outras realidades que não as minhas, ser outra pessoa, é ser capaz de reviver o Passado, vivendo o Presente ou até mesmo pensar num Futuro. Ler é crescer, é amadurecer, é abrir horizontes, é devorar a vida nas páginas de um livro.
Como qualquer aprendizagem, aprender a ler implica dedicação e gosto pela leitura, de outro modo é vã a tentativa de interagir com as palavras, os textos, as páginas de um qualquer livro.
Mas, já diziam os antigos, “quem corre por gosto não cansa” e é verdade, se não vejamos: “o percurso para adquirir esse hábito é igualmente um prazer e pode ser um prazer partilhado”; ora “prazer partilhado” suscita-me um apelo à leitura partilhada do livro Ensaio sobre a Cegueira de José Saramago. É um livro particularmente fantástico, apresenta-nos o Medo como uma força que nos amarra, aprisiona e cega, que ferozmente nos afasta da realidade; como Saramago diz, “o medo cega”. E é bem verdade porque quem tem medo de agir, não age, fica retido na sua pequenez, não consegue sair, então “cega” para a realidade, coloca-se-lhe um tapume quase intransponível. Aconselho a todos os que querem ser “menos cegos” a ler esta obra saramaguiana. Valerá a pena!

Mariana, 12º40

É um livro que permanecerá na minha memória não só pelo seu significado, pela simbologia de cada personagem, mas também pelo facto de ter sido um prazer partilhado. Foi uma história que todos vivemos e sobre a qual todos conversámos. Foi um acontecimento que partilhámos com a nossa consciência, com o nosso “eu”. Foi, acima de tudo, uma luz que atenuou a nossa cegueira e nos fez pensar nem que por umas páginas, na condição humana.

Mafalda Melim, 12º 40


PEQUENAS MEMÓRIAS de José Saramago

Confesso que não tenho grandes hábitos de leitura pois prefiro umas horas de TV ou de navegação na Internet. Modernices…
Há poucas semanas, li As Pequenas Memórias de José Saramago. Por momentos, revi-me no consagrado autor. Uma infância normal para a época, sem nada ou pouco que antevisse a “criação” de mais um génio da literatura portuguesa e da literatura universal.

João Pedro Frias, 12º40

CRÓNICA DE UMA MORTE ANUNCIADA de Gabriel Garcia Marquez

Este livro tem como objectivo primordial criticar a mentalidade primitiva de uma época que penaliza violentamente uma jovem por ter um comportamento sexual desadequado para a sua época (…) A obra trata assim do tempo e do perdão, da brevidade da vida e da eternidade dos sentimentos. O autor tenta demonstrar a sua consternação face à quantidade de coincidências funestas acumuladas, deixando no ar a inquietante reflexão de que a fatalidade nos torna invisíveis.

Carina, 12º40

Não sou pessoa de ler muito, mas Crónica de uma Morte Anunciada é um livro que me deu imenso prazer em ler. Para se tirar prazer deste livro é necessário uma única coisa: aceitar a história. Aceitá-la porque é uma ficção e porque é apenas uma amostra terrível de uma fatalidade humana. Preconceito sexual, vingança e morte é disso que trata o livro, ou seja, é essa a força deste livro e a razão pela qual uma coisa tão monstruosa, como o crime fatal anunciado e concretizado, gera uma leitura inesquecível e irresistível.
Emília, 12º41

Partilhei com os colegas a Crónica de uma Morte anunciada de Gabriel Garcia Marquez, por escolha da professora. Gostei do livro e surpreendi-me porque é daqueles livros que se o visse numa livraria não o comprava. E aí é que entra a partilha, porque a maioria dos livros que lemos são-nos recomendados ou por amigos, familiares ou por professores que partilham connosco as suas experiências de leitura.

Susana Bradford Ferreira, 12º40


CÃO COMO NÓS, de Manuel Alegre

O livro Cão Como Nós baseia-se no relacionamento entre um cão e uma família, oferecendo aos leitores relatos únicos para uma caracterização do cão, numa perspectiva quase humana. Os episódios relatados mostram como um cão pode introduzir numa família sentimentos mistos e contrários, descrevem os diversos tipos de relacionamento entre o cão e os membros da família, e demonstram ainda como os seres humanos não são os únicos que têm e expressam sentimentos.
Manuel Alegre, neste seu livro, conta a história de um cão para na realidade falar do comportamento humano. Ao longo do livro, o autor relata momentos da sua vida passados com o cão, levando-nos a sentir uma empatia em relação a este, pois os comportamentos do cão são muito semelhantes aos de um ser humano.
Ao longo da obra, Manuel Alegre critica certas atitudes adoptadas pelo cão, que, no fundo, são muito semelhantes ou mesmo iguais às nossas. Uma das grandes críticas que o autor faz a Kurika (o cão), é o facto de este ser desobediente, pois não queira participar nas caçadas. No entanto, o ser humano por vezes também é desobediente, principalmente quando lhe é pedido para fazer algo que não lhe agrada; no caso do cão, caçar perdizes não lhe agradava de todo.
No livro, o autor conta que o cão ficou durante várias noites e vários dias a ladrar por ser preso no canil; este seu comportamento permitiu-lhe voltar para o interior da casa, o que realça a sua teimosia. Da mesma forma, o Homem é igualmente teimoso, tal como a mãe do autor o foi, ao insistir para que o cão estivesse preso no canil. Este confronto de temperamentos fortemente teimosos e semelhantes terminou com o ladrar persistente do Kurika e o seu regresso vitorioso à casa da família.
Manuel Alegre mostra também no seu livro a grande protecção que o cão oferecia aos diferentes membros da família. Esta atitude protectora está presente nos episódios em que o cão salva o autor que havia adormecido, após ter posto um café ao lume, e de quando o cão ficava deitado à noite na porta do quarto da filha a guardá-la. Esta característica do cão também está muito presente no ser humano, principalmente dos pais em relação aos filhos.
O cão era como um membro da família, sentindo saudade dos seus entes queridos, após a sua ausência. Esta característica, a saudade, é igualmente descrita pelo autor, após a morte do seu parceiro canino, o Kurika.
Este conjunto de características atribuídas ao cão, tão semelhantes às de um ser humano, levaram Manuel Alegre a escolher como título da sua obra, “Cão Como Nós”.

João Nuno Costa Jardim , 12º9

Na minha opinião, o poeta, com este livro, faz uma critica de forma abstracta ao ser humano em geral. Apesar de ter um comportamento muito similar ao cão, o dono não aceitava que este tivesse aquele tipo de comportamento. Isto acontece com as pessoas em geral, em todos os campos. Por um lado, criticam e repreendem muitas atitudes de terceiros e, depois, por vezes sem se aperceberem, têm atitudes iguais ou até piores que aquelas que tanto repreenderam. Criticar e apontar defeitos aos outros é muito fácil! Mas quando nos cabe a nós agir correctamente já é mais difícil. As pessoas têm de ser mais tolerantes umas com as outras e têm de se lembrar que sempre que apontam o dedo a alguém têm três a apontar para si.
Outro aspecto que Manuel Alegre critica com esta obra é o facto de as pessoas não saberem aceitar as diferenças. Este cão tinha um comportamento diferente dos outros cães e por isso era constantemente visto pelo seu dono como um palerma dum cão, que não se sabe comportar como tal. Isto verifica-se muito entre pessoas. Não aceitam as diferenças entre elas, o que contribui e muito para os conflitos e para a discriminação na nossa sociedade: cores de pele diferentes, etnias diferentes, costumes diferentes, ou ate maneiras de pensar diferentes. As pessoas têm de ter uma mente e uma alma mais abertas, prontas a aceitar as diferenças. Uma sociedade moderna devia ter isso como princípio.

João Henrique França Rodrigues,12º 9

COMO VIVI O DIA DA BENÇÃO DAS CAPAS



Para mim não faz muito sentido fazer a Capa no final do primeiro Período quando ainda não sei se de facto sou ou não finalista, por outro lado, atendendo a que pretendo seguir estudos universitários, que sentido tem fazer a Capa de finalista já no 12ºano? Mas como entendo que tudo tem uma tradição, uma herança cultural, e como sei que noutros tempos o significado deste dia era outro, muito mais consistente e válido, que era o de, como muitos estudantes terminavam o 12º (na altura tinha outra designação) e já não seguiam para a Universidade porque era só no Continente, e nem todos podiam por motivos vários, então para consolar os "desconsolados" faziam uma cerimónia especialmente sentida para os estudantes. Assim sendo, acho que se faz parte da nossa tradição, para quê quebrá-la?
Finalmente, o dia das Capas, por mim, foi vivido entre um misto de stress e de diversão. Digo stress porque foi uma correria, entre cabeleireiros, missa, fotos, jantar, baile, tudo passou a voar e a pressão para que tudo corresse bem acelerou ainda mais o passar das horas.
Contudo, se analisar a experiência que foi fazer a Capa, até foi bastante positiva, diverti-me imenso, voltava a fazer o mesmo, bem... se calhar até não... há experiências que pura e simplesmente não se repetem!!! Espero que todos os que já fizeram a Capa e todos os que ainda a vão fazer se divirtam e desfrutem tanto ou mais do que eu!!! Aproveitem!!!


Mariana Ferreira, 12º40


Como viveu o dia das capas?
Gostei da cerimónia da bênção das capas e da formacomo decorreu no geral. Apreciei a bem concebida marcha, efectuadaentre o Liceu e a Catedral da Sé, e fiquei surpreendido com a presençade tantos fotógrafos e pessoas a assistir nas ruas. Mesmo que,lamentavelmente a saída da missa foi mal planificada, o que levou amuitos "encontrões" e até a alguns desmaios na igreja, estes últimosderivados também da hora à qual esta decorreu.
Lamentei a ausência do Sr. Bispo António Carrilho e doReitor da nossa instituição, o Sr. Jorge Moreira, mas eles devem tertido os seus impedimentos, compreensíveis, para não terem feito partede dita cerimónia.
Achei muito pedagógicos os ensinamentos dados peloPadre que dirigiu a missa, especialmente a mensagem final, na qualreferiu que é fundamental não se limitar ao "quanto baste", mas que éindispensável tentar dar sempre o nosso máximo no que fazemos para queos nossos objectivos corram pelo melhor, e assim, não teremos remorsosde não atingirmos os nossos objectivos devido à falta de trabalho.


Santiago Rodrigues Nº18 12º3

A meu ver, a cerimónia da bênção das capas é, certamente, um acontecimento memorial pelo qual a maioria dos alunos anseia, não só por simbolizar a última fase do ensino secundário, mas também por dar continuidade à tradição, já conservada pelos nossos pais. Todavia, considero que este evento não deveria ocorrer no 1º Período, mas sim no final do ano lectivo. Deste modo, saberíamos já os resultados do nosso aproveitamento escolar, o que iria, de certo modo, reforçar a intenção desta solenidade, que no final de contas é congratular os alunos pelo seu esforço.

Em suma, a bênção das capas corresponde a uma comemoração, em que, vestidos a rigor, concluímos uma etapa e viramos uma nova página, no que diz respeito à nossa formação académica.

Talvez por criar demasiadas expectativas, não considerei este dia fenomenal. No que diz respeito ao desfile e à celebração eucarística, posso afirmar que correu tudo como planeado, isto é, sem acontecimentos inesperados. Ironicamente, a parte de que mais desgostei foi aquela que se seguiu à cerimónia, ou seja, o jantar e o baile que, supostamente, seriam o auge desta comemoração.


Teresa Sousa, 12º 3


O dia da bênção das capas foi deveras emocionante, em que a alegria de uma ocasião triunfante acompanhou o nervosismo provocado pelas múltiplas objectivas fotográficas, pelo desejo de se “apresentar bem”, pela própria solenidade do local da celebração (igreja), a ansiedade de chegar ao momento de festejar com quem partilhava da mesma alegria de estar a vivenciar esse dia e de desfrutar do tão anunciado “baile de finalistas”. Porém, à medida que se desenrolaram os acontecimentos estipulados, os sentimentos foram modificando, restando, finalmente, o desejo de que tudo se repetisse novamente!

Carolina Barros, 12º 3

A Bênção das Capas é, para muitos, parte de uma tradição que é necessário ser cumprida e respeitada, tendo uma afinidade religiosa. O Dia da Bênção das Capas é como uma união de todo o trabalho que vem sendo desenvolvido há 12 anos, simbolizando a passagem pelo último ano do secundário em direcção ao ensino universitário, em que o “peso” da capa é o peso da responsabilidade de terminar o 12º ano e reflectir sobre o futuro. Então em poucas palavras significa o fim de mais uma etapa.
O dia das capas foi vivido com nervosismo e entusiasmo pois esta data representa a fusão de uma etapa de sonhos, de muito trabalho e sacrifícios constituindo-se como a afirmação e a elevação de todo esse esforço. É a sensação de que vale a pena o empenho.


Tânia Perestrelo, 12º 3

A Bênção das Capas é uma cerimónia que se vem promulgando na tradição da Jaime Moniz, revelando-se um momento de expectativa e comoção para os alunos do 12º ano, e que consiste no conceder de uma graça aos finalistas, para que ao longo do seu percurso escolar, bem como ao longo da sua vida, saibam sempre fazer as escolhas mais acertadas.
A expectativa é grande para um só dia, em que as horas passam freneticamente, porém na nossa memória, fica a recordação de um momento bem passado, na companhia de familiares e amigos, assim como palavras inspiradoras para o futuro.


Sara Beatriz Silva, 12º3

Foto Álbum 1
Foto Álbum 2

O que significa o Dia da Benção das Capas?



O dia da benção das capas é o culminar de uma longa caminhada através do 10º e11º anos e também um bónus na conclusão do último ano do secundário, o 12º ano. É uma forma de celebrar com a turma os dois anos passados na escola Secundária, as aulas e os intervalos muito bem vividos.

Miguel Rodrigues 12º35

O dia da benção das capas é um dia especial na nossa caminhada de estudantes, pois é um dia sem igual. Faz -nos celebrar o facto de termos ultrapassado com sucesso um conjunto de etapas, mas também lança-nos para etapas futuras. No fundo é um dia em que se celebra o facto de se ser estudante.

Rodolfo Rodrigues 12º 9

A benção das capas é para mim um momento de reflexão. Chegando a esta fase tenho a necessidade de reflectir sobre o passado, presente e futuro. Sinto que cheguei a uma etapa académica, que me deu as bases do conhecimento para ter uma ferramenta de trabalho. Contudo na minha mente surge a ansiedade para entrar no mundo de trabalho qualificado. Porém, tenho receios. A crise que o mundo atravessa faz sentir em nós, jovens, um ânimo e algum desânimo. Por um lado, a vontade de fazer parte da mudança, por outro um medo de não conseguir vingar. Desta forma o dia da benção das capas será para mim um dia de reflexão.


Ricardo Vieira 12º 35

O Dia da Benção das Capas é muito importante por significar que nós estamos quase a acabar os nossos estudos do secundário e a entrar na universidade, para acabarmos o curso desejado.

Marisa Débora, 12º 35


O Dia da Benção das Capas é um marco muito importante na vida de qualquer estudante do Ensino Secundário. Sendo assim, é para mim extremamente difícil compreender aqueles que decidem não fazer parte desse momento único.
Os alunos devem divertir-se, conviver, orgulhar-se por terem chegado a este patamar na sua educação e, acima de tudo, festejar com responsabilidade.

Elsa Jardim, 12º 50

É um dia dedicado aos finalistas do ensino secundário, sendo assim especial para mim. No entanto, do meu ponto de vista, não é um dia muito diferente dos outros. Não é tanto a cerimónia que os finalistas anseiam o dia todo, mas sim o baile!

Heitor Vasconcelos, 12º 9

Na minha opinião, a cerimónia da bênção das capas é um marco deelevada importância para todos os que participamos nela, pois esta éum prémio ao nosso esforço, ao longo de tanto anos, desde o infantárioaté o secundário e, simultaneamente, simboliza um incentivo para osanos de estudo universitário e/ou de inserção no mundo do trabalho numfuturo próximo.
Esta é também uma marca da persistência das nossas tradiçõesregionais. Sendo estas tradições "endémicas"são um dos principaismotores do turismo na nossa região. O tradicionalismo desta cerimóniatambém é uma contraposição aos tempos actuais de cepticismo, nos quaisse obedece menos ao passado e, simultaneamente, a identidade dasregiões. O que não acho muito coerente desta cerimónia é ofacto de se realizar no início do ano lectivo, em vez de ser após aconclusão deste, pois se assim fosse, esta assemelhar-se-ia mais a umacerimónia de fim de curso universitário e, simultaneamente, serviriacomo uma maior recompensa de fim de curso para os que conseguiramconcluir o secundário.


Santiago Rodrigues Nº18 12º3


A preservação das tradições é importante, pelo que, à semelhança do que acontece há já alguns anos, os actuais alunos de 12º ano (antigamente designados por “setimanistas”) se trajam a rigor para participarem numa celebração, em que eles próprios são benzidos; isto, de uma forma relativa, traduzir-se-á no festejar de uma conquista alcançada com esforço e dedicação, sendo como que um “ritual de transição” para uma nova etapa: o ingresso no ensino superior.
De alguma forma, todos os que estão nesta situação, neste dia, se sentem orgulhosos pelo trabalho desenvolvido desde o primeiro momento, ao entrarem na escola primária até ao presente secundário, período este repleto de emoções, momentos e pessoas que marcaram a vida de cada um.
A bênção das capas constitui, portanto, a recompensa, o momento em que finalmente se colhem os frutos do árduo trabalho escolar desenvolvido sempre na expectativa de um futuro promissor!


Carolina Barros, 12º 3



Foto Álbum 1
Foto Álbum 2

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Recriação













" O desenho educa o olhar, ordena a sensibilidade, exponencia a imaginação criadora e estabelece a possibilidade de comunicação e entendimento, ao autor, das suas próprios ideias, ao observador, o experimentar conceptualizado da própria acção de desenhar, bem como uma evidência imediata do que está desenhado."

Ana Leonor M. Madeira Rodrigues, Desenho, Lisboa, Editorial Estampa, 2000




Álbum 12.21- Oficina de Artes

XVII Festival Regional de Teatro Escolar Carlos Varela



« Uma linguagem é um sistema de signos, isto é, um conjunto de factos perceptíveis, servindo intencionalmente e convencionalmente para evocar, de uma maneira fixa, conteúdos de pensamento a transmitir.[...] Mas convém estabelecer uma substancial diferença entre significar, evocar e sugerir. Só há linguagem, a bem dizer, se existe uma significação codificada, em que certos elementos sensíveis querem dizer regularmente qualquer coisa.»

Souriau, Anne, in Souriau, etiennne, vocabulaire d´Esthétique, Paris, Puf; 1990








sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Natureza Morta


"Existe uma diferença imensa entre ver uma coisa sem lápis na mão, e vê-la desenhando-a. Ou, de outro modo, são coisas bem diferentes que vêem. Mesmo objecto mais familiar aos nossos olhos torna-se outro se nos aplicarmos a desenhá-lo: percebemos que o ignorávamos, que nunca antes o tínhamos visto verdadeiramente. até ai, olhos só tinham servido de intermediários."

Valéry, Paul.



O género natureza-morta, expressão usada pela primeira vez na Holanda em meados do século XVII, permitiu aos alunos de Artes Visuais uma abordagem a vários conteúdos programáticos da Disciplina de Desenho.
A observação e análise de elementos naturais e artificiais deu lugar a um conjunto de registos gráficos onde se exploraram vários elementos da linguagem plástica nas mais diversas técnicas.


Foto Álbum 10º20


Foto Álbum 12º 20 e 21

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Sudoku On-line


A palavra SUDOKU significa "número sozinho" em japonês, o que mostra exactamente o objectivo do jogo.
O Sudoku existe desde a década de 70, mas começou a ganhar popularidade no final de 2004 quando começou a ser publicado diariamente na sessão de Puzzles do jornal The Times. Entre Abril e Maio de 2005 o puzzle começou a ganhar um espaço na publicação de outros jornais Britânicos e, poucos meses depois, ganhou popularidade mundial.

NOTAS SOBRE O JOGO
É um jogo de lógica muito simples e viciante. O objectivo é preencher um quadrado 9x9 com números de 1 a 9, sem repetir números em cada linha e cada coluna. Também não se pode repetir números em cada quadrado de 3x3.

Para JOGAR clique em http://www.websudoku.com

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Onde param os nossos finalistas - 90 alunos colocados na Área da Saúde.





Dos 731 alunos que apresentaram candidatura, 548 alunos foram colocados no ensino superior público, isto é, 75% dos nossos alunos atingiram os seus objectivos.

A área da Saúde continua a destacar-se de entre as outras pelo número expressivo de alunos que conseguimos colocar. A Medicina lidera o número de colocados com 55 alunos, como podemos analisar na tabela seguinte.

Curso ---------------------- Totais (1.ª e 2.ª fases)
Medicina ------------------- 41
Enfermagem --------------- 35
Ciclo Básico de Medicina ---- 14
Total ----------------------- 90

As Universidades que acolheram estes alunos de Medicina foram várias, de entre as quais se destacam:
Universidade de Lisboa – Faculdade de Medicina (13 vagas);
Universidade de Coimbra – Faculdade de Medicina (8 vagas);
Universidade do Porto – Faculdade de Medicina (7 vagas).

A Universidade da Madeira continua a ser a instituição que maior número de alunos oriundos da Jaime Moniz recebe, precisamente 188. Convém referenciar que a UMa oferece um leque diversificado de Cursos, como são exemplo: Ciclo Básico de Medicina; Enfermagem; Engenharia Civil; Gestão. Se analisarmos o panorama a nível nacional facilmente constatamos que as principais cidades universitárias recebem alunos nossos.

No tema da colocação dos nossos alunos interessa, mais do que saber quantos alunos colocamos, apurar a opção em que estes foram colocados para aferir o seu grau de satisfação/realização. Assim vejamos que, dos 548 alunos colocados, 88% obteve colocação na 1.ª fase e destes 56% foi colocado na 1.ª opção e 23% na 2.ª opção.

Quanto à panóplia de cursos escolhidos pelos nossos alunos, para além dos já referidos, distinguimos ainda Educação Básica, Direito, Economia, Serviço Social, Engenharia Electrotécnica, Psicologia, Bioquímica, Desporto, Sociologia e Arquitectura.

A todos os nossos agora ex-alunos o sincero desejo de felicidades e realização de todas as suas ambições profissionais e pessoais.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Editorial



Quem fomos?
Quem somos? Que objectivos norteiam o caminho que trilhamos?
Quem vislumbramos ser?

A comemorar os 170 anos da nossa instituição, o terceiro número da revista “O Lyceu” continua a dar voz a testemunhas ilustres de um passado recente. Figuras incontornáveis da política, da educação, da literatura, da música, da investigação e do jornalismo, que passaram pelos bancos do Liceu, pintam uma aguarela de memórias, onde a saudade de um tempo de estudo e de companheirismo é o sentimento primordial. São “malandrices de adolescentes”, “o inesquecível primeiro amor”, “risos e zangas, gargalhadas e choros” ou “uma certa indisciplina q.b.” que partilham connosco, do mesmo modo que, gratos aos seus professores, nos ensinam, no presente, o valor do “mérito, do trabalho, da disciplina e do respeito pelos outros.”
Na actualidade, a nossa escola é um espaço criativo e criador de múltiplos eventos, onde a aliança entre tradição e mo-dernidade irrompe não só nas salas de aula, mas também em múltiplas conferências, sessões literárias, acções de formação, visitas de estudo, torneios desportivos, exposições artísticas, Semana dos Clubes e Projectos, Festival de Teatro, entre outros.
De olhos postos no futuro, “O Lyceu” procura reflectir, nas palavras do seu Director, “a Escola filha do seu tempo” que, face aos novos desafios que cada época impõe, almeja, invariavelmente, “ser um instrumento de valorização e de di-gnificação humana.”

A Equipa Editorial

Entrevista com Dr. Jorge Moreira


Jorge Moreira de Sousa
Presidente do Conselho Executivo da ESJM

Numa altura em que se comemoram os 170 anos do Liceu / Escola Secundária Jaime Moniz fomos ouvir o Presidente do Conselho Executivo, Dr. Jorge Moreira, sobre aquilo que podemos esperar para a nossa Escola, no futuro.


O Lyceu – Antes do 25 de Abril de 1974, a Escola e tudo o que se encontrava legislado sobre a Educação apontavam para um determinado “modelo” de País. Hoje em dia, ao analisarmos esses documentos, muitas vezes produto de intervenções avulsas, não compreendemos o perfil do Portugal que se quer.
A Escola/Educação actual alinha com aquilo que se pretende do Portugal futuro?

Jorge Moreira – O modelo educativo actual encontra-se em conformidade com o regime democrático, que tem como matriz referencial educar para a cidadania, para os valores do pluralismo, da tolerância e da liberdade. No entanto, a escola actual, influenciada por algumas correntes pedagógicas, não tem incentivado os jovens à cultura do mérito, do rigor, da exigência e da excelência, pilares fundamentais para uma educação de sucesso.


O Lyceu – A Escola Secundária de Jaime Moniz, face aos actuais mode-los de gestão, vai continuar com o mesmo modelo de gestão intermédia?

Jorge Moreira – Depende de a Região Autónoma da Madeira alterar ou não o actual modelo de gestão escolar. De qualquer forma, é necessário agilizar e melhorar a qualidade do desempenho de alguns órgãos de gestão intermédia, porque constituem o cerne e o suporte para a nossa instituição adquirir patamares de elevada qualidade. A prestação de serviços de qualidade passa, necessariamente, por uma gestão intermédia competente e exigente.

O Lyceu – As escolas vão poder adaptar os seus próprios modelos de gestão. Que modelo preconiza para a Jaime Moniz do futuro?

Jorge Moreira – Um modelo que procure conciliar duas formas de actuação: uma que assenta no rigor, na disciplina e na autoridade e uma outra que estimula a comunidade educativa para uma cultura de incentivo, de confiança e de estímulo à iniciativa e à inovação.


O Lyceu – Considera a hipótese de se recandidatar à Presidência do Conselho Executivo?

Jorge Moreira – Ainda estou a meio de um mandato e julgo ser cedo para pensar numa recandidatura. Tudo tem o seu tempo. Contudo, estarei sempre disponível para estar ao serviço da minha Escola no sentido de a engrandecer, de a tornar numa Escola de referência, ao serviço dos nossos jovens e ao serviço da Região.


O Lyceu – Um professor não é um gestor. Concorda com a entrada de gestores na gestão da Escola?

Jorge Moreira – Concordo com uma gestão profissionalizada que tenha como referência docentes muito bem preparados e qualificados para o exercício das funções, seja pela formação ou pela experiência na administração e gestão escolar, e que tenha capacidade de liderança. Defendo uma gestão que observe o primado dos critérios de natureza pedagógica sobre os critérios de natureza administrativa.


O Lyceu – A Escola tem cumprido objectivos: aumentou a taxa de aproveitamento; foi ao encontro dos pais, através da criação de escolas a tempo inteiro. E na perspectiva dos alunos? Perante a mudança social pulsante que o nosso século atravessa, a Escola pretende acompanhar e gerir este processo?

Jorge Moreira – Podemos afirmar que a Escola é filha do seu tempo, isto é, está sujeita às regras da temporalidade, às conjunturas económico-sociais e políticas, aos valores e às regras, às modas das diversas gerações. Deverá estar ao serviço de uma política educativa sufragada pela vontade democrática, de forma a dar resposta aos diversos desafios que cada época impõe, ser um instrumento de valo-rização e dignificação da pessoa humana.


O Lyceu – A Escola chama a si “Qualidade e Tradição”. Perante as exigências actuais, o Sr. Director admite a existência de, pelo menos, 50% de cursos tecnológicos na Jaime Moniz?

Jorge Moreira – O Projecto Educativo aprovado e em vigor defende uma matriz baseada na formação dos nossos jovens para os cursos de prosseguimento de estudos para o ensino superior e, de forma supletiva, em cursos de cariz tecnológico e profissional. Temos uma tradição que aponta para cursos de matriz superior e ajusta-se perfeitamente à nossa cultura organizacional, aos nossos recursos humanos e materiais.


O Lyceu – A efectivar-se a escolaridade obrigatória até ao 12º ano, a nossa Escola está pronta para receber um maior número de alunos?

Jorge Moreira – Certamente que temos que estar preparados, como todas as escolas de Região, para ultrapassar quaisquer desafios que nos são colocados. A escolaridade obrigatória de 12 anos significa que estamos a dar mais um passo de gigante no sentido de melhor qualificar os nossos recursos humanos e, assim, dar cumprimento aos desafios que a modernidade nos coloca.


O Lyceu – Está satisfeito com a situação actual da Escola Secundária Jaime Moniz? O que melhorar ou mudar?
Professores?
Funcionários?
Alunos?
Instalações?

Jorge Moreira – Posso dizer que temos que ser inconformistas e nunca estar satisfeitos com uma determinada situação. Temos que exigir e procurar sempre mais e melhor, ser ambiciosos. Claro que temos uma escola de qualidade, com excelentes profissionais e com muito bons alunos. No entanto temos que fazer um esforço, a todos os níveis, para melhorarmos o nosso desempenho cada dia que passa, procurarmos melhores soluções e maiores níveis de exigência e de qualidade, temos que implementar novas práticas, novas tecnologias.


O Lyceu – A Escola apostou na implementação de fechaduras electró-nicas. Quais os aspectos positivos desta medida?
Há alguma ligação entre fechadura electrónica e sucesso dos alunos?

Jorge Moreira – Apenas pode ser um indício de abertura às novas tecnologias. Pode ser um sinal que a Escola incide nas práticas de automação. O Professor deixa de estar depende de um funcionário e torna-se mais autónomo, mais responsável. Esta medida, como outras que estão a ser aplicadas, nomeadamente a implementação do sumário digital, por si só, podem dizer muito pouco, mas apontam para uma mudança de paradigma, de mentalidade e de atitude que, a médio prazo, irão produzir efeitos muito importantes, permitindo libertar os professores e funcionários para outras tarefas, diminuindo as funções meramente burocrático-administrativas e aumentando a produtividade e a qualidade dos processos de ensino-aprendizagem.



O Lyceu – Uma Escola desta dimensão não deveria fornecer diversos serviços à Sociedade e rentabilizar os seus próprios recursos humanos, incentivando um processo de auto-proficiência na Informática, no Desporto, na Literatura, no ensino das Línguas, na Formação pluridisciplinar …?

Jorge Moreira – A interacção Escola-Sociedade civil deve ser cada vez mais aprofundada. Porém a prestação de serviço à sociedade esbarra com preceitos e normas que enquadram o Estatuto da Carreira Docente.


O Lyceu – Considera a possibilidade de alargar as parcerias com outras entidades da sociedade madeirense? Quais? Porquê?

Jorge Moreira – A Escola Secundária Jaime Moniz sempre se pautou por ter iniciativas inovadoras em várias vertentes. A Escola tem como primeiro objectivo servir os seus clientes (alunos) e prestar-lhes um serviço de qualidade a que têm direito. Qualquer parceria que enri-queça o serviço prestado pela Escola é sempre bem vinda.


O Lyceu – O que pensa o Sr. Director fazer, a curto prazo, para desenvolver as TIC na Educação de uma forma integrada?

Jorge Moreira – Neste momento, a Escola encontra-se numa fase de estabilização a este nível e espera-se aproveitar mais e melhor os recursos humanos existentes. Assim aproveita todas as oportunidades ao nível de aquisição de equipamentos que os programas regionais permitem e assim como a hipótese de formação disponível, esperando optimizar e desenvolver as TIC para benefício dos alunos e comunidade educativa.


O Lyceu – Este ano, muitos professores, em especial os de AP, reclamaram a lentidão de acesso à Internet. Foi uma reclamação que chegou ao Conselho Pedagógico. Para quando a resolução do problema, uma vez que durante este ano lectivo a utilização das TIC foi um factor limitativo no trabalho desenvolvido com os alunos nas salas de aula?

Jorge Moreira – Estamos a estudar as configurações e arquitectura para encontrar uma solução alternativa à existente (rede Rei XXI). Após estar completo este estudo vamos pedir à tutela as necessárias autori-zações administrativas para implementar um novo acesso mais célere e eficaz.






O Lyceu – Hoje sabemos que o e-learning é uma mais-valia no processo de aprendizagem do aluno. Para quando a disponibilização de uma plataforma de e-learning para utilização dos nossos professores, alunos e funcionários? Por que motivo não utilizar o Moodle, por exemplo, uma vez que é uma plataforma gratuita? O que podemos esperar neste sentido?

Jorge Moreira – Após uma primeira experiência com a Dra. Maria Antónia Brito e tendo estabilizado o Prodesis, será utilizada a rede interna para disponibilizar a plataforma moodle em rede. No que concerne ao e-learning temos ainda que privilegiar o ensino presencial, não descurando o recurso às novas tecnologias, como percursoras de um novo paradigma de escola.


O Lyceu – A Direcção da Escola Secundária Jaime Moniz pretende ter um papel activo na avaliação dos professores?

Jorge Moreira – O Conselho Executivo não pode extrapolar das suas competências previstas na lei vigente. O Decreto Legislativo Regional atribui ao Conselho Executivo um conjunto de competências que estão devidamente especificadas. Tem um papel de parceria com outras entidades da escola, de modo a permitir uma avaliação mais adequada e ajustada ao perfil e ao desempenho de cada professor.


O Lyceu – Como idealiza uma avaliação de professores o mais justa possível?

Jorge Moreira – Uma avaliação que se baseie numa análise correcta e completa nas competências do professor, quer ao nível da sala de aula, quer ao nível do desempenho de cargos ou outras tarefas que lhe são cometidas. Deve ser discutida e pensada, por cada escola, tendo por base um normativo quadro, mas com o objectivo muito claro de ser, acima de tudo, um instrumento formativo e não punitivo e de ser um estímulo ao bom desempenho e um incentivo às boas práticas que devem ser generalizadas a toda a comunidade escolar.

XXIX Encontro de Teatro na Escola


O Moniz participa no XXIX Encontro de Teatro na Escola

Entre os dias 9 e 12 de Abril de 2008, o Clube de Teatro “O Moniz -Carlos Varela”, participou no XXIX Encontro de Teatro na Escola, que se realizou em Vila Real de Santo António, tendo apresentado a peça RTX 78/24, de António Gedeão.

Partimos da Madeira bem cedo, chovia imenso lá fora. A viagem correu bem, chegámos a Lisboa num ápice e, logo no mesmo instante, pusemo- -nos a caminho do Algarve. Vila Real de Santo António teimava em não aparecer. Após quase cinco horas de viagem, chegámos à cidade. Estávamos cansados, molhados, com fome. Exaustos, se é que me entendem. Fomos conhecer a nossa “Residencial Villa Marquez”, para mim uma autêntica casinha de bonecas e, de seguida, a escola que organizou o encontro, Escola Básica 2/3 D. José I. Descansámos por algumas horas e, mais tarde, jantámos no refeitório com tantos outros alunos, de tantas outras escolas. E assim foi o primeiro dia. Os outros quatro? Passaram a correr! Foram os ateliês de formação, as peças de teatro, os debates, os passeios. Foram as pessoas, os grupos, as pronúncias de que eu tanto gosto! A troca de experiências, a partilha de emoções, a paixão comum pela arte de representar! Os almoços e os jantares com todas as brincadeiras, canções e histórias a que têm direito. Momentos para recordar por muito tempo, não tenho dúvidas. Por fim, voltámos à nossa ilha, deixando para trás cinco dias memoráveis. Hoje, ficam as saudades.

Bítia Vieira - 12º 6

Testemunhos do Liceu: David Pinto Correia




Espaço multicultural mas, sobretudo, testemunha do processo de socialização e de vida, a Escola assume um papel incontornável na vida de todos nós. Revivemo-lo nas conversas do quotidiano, actualizando episódios pitorescos, eternizando espaços, personagens e modos de aprender e ensinar…É da escola que temos cada vez mais saudade, passado o tempo do estudo e da alegre camaradagem, o que nos faz sentir, como o poeta, “raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!”O Liceu orgulha-se de ser esse espaço extraordinário de vivências e emoções de milhares de estudantes madeirenses. Quem são? Que recordam?

Nome: João David Pinto Correia
Idade: 68 Anos
Profissão: Professor Universitário (Universidade de Lisboa – Faculdade de Letras)
Área de formação: Letras / Humanidades


O Lyceu – Diz-se Liceu, vem a saudade. Que importância teve o Liceu na sua vida?
David Pinto Correia – Antes de mais, gostava de reconhecer que estas respostas foram elaboradas de modo muito espontâneo, como uma quase evocação imediata do que ainda ficou desses todos anos de Liceu (sete anos); são, portanto, breves notas que deveriam merecer mais reflexão… No entanto, devo acrescentar que quis desenvolver as duas primeiras questões, reservando-me o direito de ser muito sucinto em relação às duas últimas. Do facto peço perdão.
Transitando da Escola Primária (a minha foi a de S. Gonçalo, com professores excepcionais, principalmente o Prof. Mendes), o Liceu foi naturalmente outro mundo: aulas diferentes, com seis tempos lectivos diários, vários docentes, instalações muito boas. A princípio um pouco confuso com a mudança, logo me fui habituando e foi no Liceu de Jaime Moniz que passei esses sete anos lectivos.
Em primeiro lugar, creio que foi aí que tive pouco a pouco a aprendizagem da camaradagem e da amizade. Os colegas e amigos do Liceu ficaram, de facto, para toda a vida; claro que nos lembramos principalmente dos do sétimo ano, em que éramos finalistas e, ao tempo, quase todos seguiam para o Continente. Mas esses que chegavam ao fim dos estudos do secundário, com alguns mais que vinham de fora (de outros estabelecimentos de ensino ou mesmo de outras partes do território nacional) eram, e se não tinham perdido nalgum ano, quase os mesmos do 1º ano (das diferentes turmas). Deste modo, podemos lá de tempos a tempos juntar-nos ainda em convívio, mormente em jantares de Natal ou de comemoração de uma data importante (como no ano passado, a de 50 anos de fim do curso liceal).
Depois, penso nos meus professores, avalio-os após tantos anos: há aqueles que nos marcaram pelo saber e capacidade pedagógica, há também outros (é evidente que os anteriormente referidos podem estar incluídos neste grupo) que nos revelaram a grandeza humana e simpatia, há ainda todos aqueles a que faltavam capacidade pedagógica, mas tentavam cumprir uns com esforço, outros mais desajeitadamente, a sua tarefa de docentes. Lembro, como grandes mestres ou como docentes que muito me influenciaram, o Dr. Joaquim Lufinha, de Português (a quem devo muita da minha formação), meu professor durante cinco anos, e, já no 3º Ciclo, o Dr. Emanuel Paulo Ramos, meu grande tutor no estudo da Literatura Portuguesa, o Dr. Clementino de Sousa, de Ciências Naturais (homem difícil, mas pedagogicamente admirável), o Dr. Fonseca, a Dra. Judite e a Dra. Conceição, estes de Matemática, mas também a Dra. Maria Ângela, de Desenho e Trabalhos Manuais (disciplinas em que não tinha nenhuma dificuldade e sempre com notas bastante razoáveis), assim como, já mais no 2º ciclo, a Dra. Helena Pires de Lima, de Inglês, o Dr. Canedo, de Ciências, o Dr. Saraiva, que nos dava aulas bem práticas de Física e Química, e, já no 3º Ciclo, o Dr. Cardeal, que me formou muito rigorosamente em Latim e Grego (não esquecendo não as lições, mas a avaliação dos meus exames de sétimo ano, a Dra. Margarida Morna), o Dr. Figueiredo (e fico espantado por ele nos ter leccionado Filosofia e Organização Política e Administrativa da Nação, com um rigor extraordinário, o que, na última dessas disciplinas, me levou a tirar 19,8 no exame final do 7º), o Dr. Horácio Bento de Gouveia, em Geografia e em Filosofia (nesta disciplina, só durante um ano), ou a Dra. Eulália de Sousa, em Francês (no Preparatório), ou a Dra. Adelaide Saraiva, em Francês, no 3º Ciclo, e, por outras razões, bem vivas na minha memória, o Dr. Figueira César (eu era aluno do afamado 4º C).
Gostava também de mencionar professores que, não tendo missão considerada de co-nhecimentos fundamentais, me tornaram diferente e me orientaram no sentido de uma mais completa formação humana: são eles os professores de Religião e Moral, na altura o Padre Manuel Ferreira Cabral, mais tarde Arcebispo de Braga, e o Padre Mata, que teve profunda influência em muitos dos jovens dos anos 50, sobretudo através da Juventude Escolar Católica e das Conferências de S. Vicente de Paulo; de Canto Coral, entre eles o nosso “Capitão” e o Cónego Agostinho Gonçalves, que teve a iniciativa do Orfeão do Liceu (lembro-me da nossa récita no átrio-museu, com, entre outras composições, o «Va pensiero” de Verdi); e de Educação Física, com a ginástica e jogos, com o Dr. Santos Lã e, depois, o Prof. Ferreira. A todos eles devo muito, quase tudo em determinados aspectos…
Curiosamente, também poderia falar dos castiços funcionários que nos orientavam pelos corredores e pátios (o Sr. Plácido, por exemplo, com o seu famoso chaveiro em cima das nossas cabeças…).

O Lyceu – O que mais o marcou durante os anos de frequência do Liceu? (pessoas, espaços, ambientes, etc…)
David Pinto Correia – Serei o mais resumido possível. E obrigado por me ter sido suge-rido um quase plano.
Quanto a pessoas: muitas delas já ficaram enumeradas na resposta anterior. No entanto, gostaria de ressaltar algumas que tiveram uma grande importância na minha formação, não só em preferência da minha futura actividade científica e académica, mas também humanista. Na escolha da minha carreira, e principalmente para a minha profissão de professor universitário e, de certo modo, escritor, quero salientar não só os professores Dr. Lufinha e Dr. Paulo Ramos, mas também o acompanhamento sempre prestado pela esposa, Dra. Marília Ramos; no entanto, não esqueço as conversas, por vezes nos corredores, sobre estes assuntos das “Letras”, com os Drs. Horácio Bento de Gouveia, Carlos Lélis, Margarida Morna e Alfredo Nóbrega. Na sensibilidade à pedagogia, alguns destes agora citados, mas também, na condução das aulas, os Drs. Clementino de Sousa e Helena Pires de Lima. Noutro plano, há que reconhecer a influência profunda dos Padres (na altura) Ferreira Cabral e Mata.
Espaços: foram as salas de aula no rés-do-chão da ala oriental do Liceu, junto do pátio dos rapazes: todas aquelas salas de impecável aspecto (pelo menos na altura e creio que ainda o mantêm) e os agradáveis intervalos e mesmo os tempos livres (alguns devi-dos às compreensíveis faltas dos professores): tempo de jogos, brincadeiras, tropelias mesmo, importantes para os adolescentes que éramos. Mas também a sala de Ciências Naturais, nas aulas do Dr. Clementino, com os desenhos e esquemas que ele escrevia no quadro, o contacto com o esqueleto, a observação nos microscópios (e daí data o meu interesse por este grande campo, que vai dos animais às plantas; até a mineralogia me fascinava). No campo das Ciências, também as nossas aulas nos laboratórios de Física e Química, para acompanharmos as experiências (era já um ensino prático na medida do possível, com os instrumentos da altura, mas sempre gratificantes…).
As aulas de Português, com a leitura de alguns clássicos sempre me seduziram, desde os textos dos compêndios e antologias (então, eram os “aprovados como livros únicos”) e, depois, a descoberta de obras como O Bobo, Lendas e Narrativas, Auto da Alma e outros, mas sobretudo Os Lusíadas e a Lírica, de Camões. Quanto a Os Lusíadas, o docente, o já mencionado Dr. Lufinha, pôde com muita competência levar-nos a compreender o poema e motivar-nos para a sua leitura nas partes que teríamos de ler e convencer-nos de que uma tarefa que muitos criticam, como fastidiosa, a divisão de orações, foi maneira magnífica de vir a descobrir o sentido mais profundo da obra. Fiquei-lhe muito grato…Sobretudo pela forma como soube tornar a tarefa aceitável e mesmo fascinante.
Memórias há que posso registar como parte da minha experiência que, talvez para muitos hoje seja considerada como indisciplina, e só para discriminar algumas, penso em certas aulas em que havia infracções, que actualmente penso foram exageradas, no entanto importantes para a nossa / nossa afirmação. Cito as que se passavam na Turma 4º C, com grandes incorrecções, de carácter indisciplinado, e que nos ficaram como momentos centrais da nossa vivência. Hoje, com as experiências e situações outras que vejo estampadas em jornais e televisão, considero tais momentos como significativos: as brincadeiras que, por vezes, roçavam o desrespeito pelo professor constituíam situações negativas sem dúvida, por isso sancionadas, mas, por outro lado, humanas, até porque o docente em causa, de Inglês, embora protestando, as consentia e mesmo quase as provocava.
E que dizer, neste contexto, das nossas idas à mercearia do outro lado da rua, para beber uma laranjada ou munirmo-nos de feijões, arroz, grão, etc., para as «malandrices» de adolescentes com sangue na guelra, sobretudo quando, na transição para o pátio dos maiores, víamos o nosso estatuto melhorado, já como jovens mais crescidos.
Um aspecto gostaria de salientar: não podia haver no nosso código de conduta qualquer tolerância para as denúncias: aquele que as fazia era um “queixinhas”. Hoje, parece que a denúncia, a queixa se tornaram quase obrigatórias. A minha geração não as suportava, nem ainda as suporta (principalmente da parte dos “bufos”) e ai daquele que se atrevesse a fazê-las.
Até as actividades de canto, de exercícios físicos no estádio, nos campos de futebol ou de basquetebol, ficaram na saudade de um aluno como eu.
E, a propósito, lembro que fui um aluno médio, senão medíocre durante os primeiros anos: no entanto, no momento de reagir para aumentar o rendimento lá estava eu a tentar recuperar com coragem, estudo… Quase ia perdendo o 2º ano, quando me faltavam notas para completar a soma dos 19 valores globais nos três períodos; como exemplo, o Dr. Clementino deu-me em Ciências Naturais, 10 no 1º período, 7 no 2º, e trabalhei para o 12 do 3º. E verifiquei como um docente exigente como ele foi sério e íntegro. Pouco a pouco, fui melhorando; no entanto, tive dificuldades na Matemática no 2º ciclo. A docente, a Drª Conceição, deu-me negativas no 1º e 2º período, mas, com esforço, consegui ultrapassar a dificuldade. Tendo sido dispensado em Letras, com 16, tive da fazer provas orais nas Ciências, e o grande problema era Matemática; consegui e a professora, muito exigente e que não era para brincadeiras, foi mesmo, com algum receio meu, a minha examinadora na prova oral dessa disciplina; apertou-me quanto pôde e va-lorizou-me com um 16. Confessou-me ela no final das provas, já cá fora, e, visto que regressava a Lisboa, que o meu percurso seria uma das suas melhores recordações do Liceu. Muito grato lhe fiquei por esse sincero cumprimento.
No 3º ciclo, já foi tudo bem encaminhado: consegui das melhores notas, porque estudei muito (diziam que eu era mesmo um dos “marrões”), tendo conseguido a melhor classificação do 7º ano com a melhor média de 17,6 ou 17,7, o que me levou a ter o 1º prémio do Liceu e da Câmara Municipal do Funchal. Foi recompensa do trabalho, mas também a resposta ao excelente trabalho dos meus professores. Foi sobretudo um dos melhores convites a prosseguir no Superior.
Mais duas breves notas: a gratidão para com o casal dos excelentes professores Paulo Ramos (marido e mulher), que, sabendo que eu ia para Filologia Românica, puseram ao meu dispor a sua magnífica biblioteca, recebendo-me em sua casa e incentivando-me à pesquisa pessoal; e, recuando no tempo, também todo o meu reconhecimento pela Dra. Maria Augusta Drummond, a primeira mulher licenciada da Madeira em universidades portuguesas, embora em Farmácia, senhora admirável de saber e enorme pedagoga, minha vizinha no Ribeiro Seco, S. Gonçalo, que, com explicações em várias disciplinas, me possibilitou (a mim e a outros meus colegas) um melhoramento e sucesso contínuo em matérias que nos eram mais difíceis.

O Lyceu – Como vê a Educação hoje?
David Pinto Correia – Repetindo o lugar-comum, a Educação é o fundamento do Cidadão e do Homem. Creio que, nos meus tempos de Liceu, e não querendo dizer que na época é que estava tudo bem, houve programas, agentes e meios que, para a prática de conhecimento e de pedagogia então possíveis, confluíram numa acertada adequação para a formação dos jovens.
O que pode chocar-me hoje em dia é o contínuo experimentalismo que, neste campo, se verifica desde há anos: uma incrível preocupação com a tecnocracia, com tudo orientado por decretos-leis, com regulamentos e instruções, com tudo formatado por uma burocracia desumanizada. Não posso deixar de reconhecer que a Educação terá de exigir a colaboração da Escola, da Família e da Sociedade…

O Lyceu – Na sua opinião, de que modo as novas tecnologias são uma mais-valia para a aprendizagem do aluno?
David Pinto Correia – São, sem dúvida, uma mais-valia, como auxiliares da aprendizagem, mas, nesta questão, será necessário encontrar um equilíbrio: não só o computador, mas também a biblioteca; não só a calculadora, mas ainda a tabuada; não só o jogo ou o divertimento ao serviço do conhecimento, mas também o esforço e a exigência do trabalho intelectual.
Na minha opinião, a Educação deve conjugar instrução (com literacia inclusive) e civismo (cidadania inclusive), com liberdade e responsabilidade. As novas tecnologias têm de ser integradas nesta vasta concepção.

Testemunhos do Liceu: Mónica Teixeira


Espaço multicultural mas, sobretudo, testemunha do processo de socialização e de vida, a Escola assume um papel incontornável na vida de todos nós. Revivemo-lo nas conversas do quotidiano, actualizando episódios pitorescos, eternizando espaços, personagens e modos de aprender e ensinar…É da escola que temos cada vez mais saudade, passado o tempo do estudo e da alegre camaradagem, o que nos faz sentir, como o poeta, “raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!”O Liceu orgulha-se de ser esse espaço extraordinário de vivências e emoções de milhares de estudantes madeirenses. Quem são? Que recordam?

Nome: Mónica Teixeira
Idade: 60 Anos
Profissão: Docente e Investigadora do Arquivo Regional da Madeira (Secção de Espólios de Autores da Madeira).
Área de formação: Licenciatura em Filologia Românica; Mestrado em Literaturas Comparadas – Portuguesa e Francesa, com a tese: «Cabral do Nascimento, a Palavra da Confidência e a Herança do Simbolismo Francês», e Doutoramento em Literaturas Contemporâneas, com a tese: «As Tendências da Literatura na Ilha da Madeira – séculos XIX e XX».


O Lyceu – Diz-se Liceu, vem a saudade. Que importância teve o Liceu na sua vida?
Mónica Teixeira – O Liceu foi tudo na minha vida. Fiz aqui o exame de admissão da Escola Primária para o Ensino Secundário e ainda consigo ver-me, com o meu melhor vestido, os melhores sapatos que tinha e um laço na cabeça, pronta para fazer o meu primeiro exame. É que, naquela altura, fazer um exame era um evento grandioso para a Escola e para a família.
Sinto ainda muito carinho pela Dra. Margarida Morna, que me colocou questões de interpretação sobre um texto que referia as andorinhas. Ela pediu-me que lesse o texto e foi colocando as suas perguntas, sempre de forma agradável. Lembro-me de ela me ter perguntado o que eram para mim as andorinhas e que eu respondi que eram a Primavera. Ora, ela ficou deliciada com a minha resposta, como se tivesse sido um verdadeiro fenómeno, aquela menina a entrar pelos caminhos da simbologia.
Tive tanta pena de os meus pais não me terem deixado estudar no Liceu depois de ter passado no exame, mas este era um meio muito grande e eles temiam por mim.
Contudo, no meu 10º Ano, tive a oportunidade de vir para a escola na qual gostaria mesmo de estar.
Este foi um grande espaço. Mudou a minha vida e condicionou toda a minha formação social.
As saudades do Liceu são as da minha infância e da minha juventude, porque foi aqui que elas se formaram. Foi aqui que, além de todos os conhecimentos adquiridos, aprendi a respeitar e a amar as pessoas. E tive muitos dissabores como todos os jovens, mas aprendi a conhecer os sentimentos, o amor, a amizade e a desilusão.
Foi aqui também que aprendi que havia um espaço maior do que a Ilha, o Continente, de onde saiu a minha formação. Contudo, na ilha, está preso o meu espírito.

O Lyceu – O que mais o marcou durante os anos de frequência do Liceu? (pessoas, espaços, ambientes, etc…)

Mónica Teixeira – Pessoas… foram tantas as que passaram pela minha vida.
Já referi a Dra. Margarida Morna. Evoco ainda o Dr. Emanuel Paulo Ramos, que teve um papel fundamental na minha formação, visto ter descoberto em mim a vocação para a Literatura e que me obrigou a explorar essa vertente que, eu, na imaturidade da minha juventude, julgava que não tinha importância.
Foi ele que me ensinou a ler Os Lusíadas e os tornou aliciantes a ponto de eu gostar da retórica e da sintaxe latina, que marcaram a minha formação académica.
Penso que foi a pessoa que mais me marcou e que, sem querer, me conduziu ao rumo que eu tomei.
Prova da sua importância é o facto de eu ter tido 16 valores no exame de 7º Ano de Português, que foi a nota mais alta da Escola, na altura.
A esposa, a Dra. Marília, também contribuiu para esse meu gosto pela Literatura e o Dr. Louro, que estava ligado à dramatização e ia representando na própria sala de aula, lendo expressivamente os textos, de modo que, aos poucos, nos foi aproximando da leitura.
É por esse motivo, pela dedicação, pelo profissionalismo, pelo humanismo dessas pessoas, que muitos querem ser alunos do Liceu e muitos professores querem leccionar cá.
Há que ver também que esta instituição tem uma história escrita por muitas pessoas ligadas à Política, à Investigação, à Medicina, à Economia e às mais diversas áreas, na Ilha da Madeira e no Continente.

O Lyceu – Como vê a Educação hoje?
Mónica Teixeira – Vejo a Educação de hoje com muita preocupação, preocupação pelos alunos e pelos professores.
Não sei porque é que isto está a acontecer. Há psicólogos, sociólogos e uma panóplia de profissionais que se debruçam sobre estas questões, mas há que entender que a Escola não é tão complicada quanto as pessoas estão a representá-la.
Como defende o Professor Lobo Antunes, os professores são pessoas vocacionadas e não vêm para o Ensino sem vocação, porque esses, se realmente o fazem, acabam por sair desta área.
É necessário que se perceba que o professor é aquele que vai abrir as portas aos alunos para áreas diversas, fomentar em si “competências transversais” à disciplina que ele lecciona.
Por isso, não se pode encaixar os professores em padrões, esperar que estejam todos formatados para o mesmo. Há que haver orientações, é natural, contudo, é importante não cairmos num exagero.
Muito daquilo que a Escola é se deve ao professor, que transmite os conhecimentos e os valores, o empenho, o espírito de ajuda ao aluno. Quando este percebe que o professor não tem essa componete humana, além de uma boa formação científica, desinteressa-se.
Há que haver um entendimento entre ambas as partes, em conciliação com o Ministério. Os professores têm de mostrar que trabalham. As orientações rígidas do Ministério deixam de ter lugar. Assim, os professores menos competentes têm de prestar provas de melhoramento pedagógico-didáctico.
Em suma, há que encontrar o sistema educativo mais válido para os professores dos nossos dias.

O Lyceu – Na sua opinião, de que modo as novas tecnologias são uma mais valia para a aprendizagem do aluno?
Mónica Teixeira – Acho que é mesmo uma mais valia.
Na era em que vivemos, é impensável que a Escola não esteja ligada a essa área.
Hoje em dia, é impossível viver sem computador, por isso, acho que a Escola deveria tirar horas, dentro do horário do professor, para o formar nessa área.
O próprio Ministério de Educação deveria decidir que o horário dos docentes contemplasse um espaço para formação, que seria obrigatório, no âmbito das novas tecnologias, de modo a que todos aprendessem a utilizá-las e os que já soubessem pudessem actualizar-se.
E digo que esta deveria ser uma componente obrigatória porque há muitas pessoas, muitas colegas minhas, que são renitentes em relação às novas tecnologias, à Informática.
Hoje em dia, mesmo na vida prática, nas coisas mais banais, como pagar contas, fazer o IRS, a Internet e o computador são fundamentais.
Aceder às novas tecnologias é ter tudo em casa.