sexta-feira, 4 de abril de 2008

Editorial



Quem fomos? O segundo número da revista “O Lyceu” dá continuidade a uma leitura analítica e crítica do nosso passado, procurando compreender a génese de uma Escola que assumiu, desde sempre, um papel preponderante no arquipélago da Madeira.Leituras de um passado mais recente emergem das respostas dos nossos entrevistados, unânimes na acepção de que a Escola Secundária Jaime Moniz foi “a ponte” de projecção para a vida mas, paralelamente, o espaço “místico” da aprendizagem, da emoção, das cumplicidades da adolescência e juventude.Se o que fomos se delineia nestas páginas, o que somos irrompe nos múltiplos eventos que, no presente, conseguimos levar a cabo. É o Liceu das Ciências e das Letras, da inovação e do sucesso, do orgulho e da responsabilidade que se reparte e unifica na heterogeneidade das iniciativas. Alunos, professores e funcionários, a celebrar os 170 anos da sua Escola, não só se sentem gratos por pertencerem a uma instituição com uma vasta herança histórica e cultural como, sobretudo, sonham engrandecer com o seu trabalho e capacidade o Liceu do presente, património do futuro.Uma escola é o que os seus professores, alunos o funcionários dela fazem e, recentemente, ficamos fragilizados, pois foi com grande pesar que tivemos que despedir-nos de duas estimadas colegas que faleceram a Dr.ª Graça Freitas e a Dr.ª Marta Nascimento. Como homenagem às nossas companheiras e amigas, dedicamos-lhes esta edição.


A Equipa Editorial

Estatuto social, cívico e categoria profissional dos professores



Grande parte dos docentes das cadeiras instituídas pelo marquês de Pombal, que passaram, posteriormente, para os liceus tinha origem social na baixa e média burguesia. Muitos começaram por estudar nos seminários, mas por razões várias interromperam os estudos eclesiásticos e seguiram a instrução oficial. Somente alguns concluíram cursos universitários. Destes, o professorado surgiu como uma segunda ocupação e, quase sempre, a tempo parcial, sendo raros os que se entregaram à profissão com a dedicação devida. Daqui resultou um ensino rotineiro, sem inovação, mais passivo do que criativo. A carreira de professor no sector oficial das diversas disciplinas, equiparáveis ao actual ensino secundário, foi constituída por Passos Manuel por duas categorias: a de proprietários e a de temporários. Nesta última categoria havia, ainda, o caso particular dos interinos, nomeados, em regra, para suprir a ausência mais ou menos prolongada dos professores proprietários, que ocupavam cargos políticos e de carácter oficial, ou para os substituir devido às faltas motivadas por doença, ou ainda, por invalidez. No início do período liberal, pelo decreto de 15 de Novembro de 18361, o ensino secundário oficial, passou a ser regulado, ao nível dos distritos, por conselhos provinciais. Na Madeira, o conselho foi instalado a 23 de Fevereiro de 1837, por deliberação do Administrador Geral do Distrito, em conformidade com o art. 34.º do mencionado decreto. Nele tomaram posse os professores das aulas públicas de instrução secundária, instaladas no «Pátio dos Estudantes». De acordo com a lei, Manuel Joaquim Moniz, bacharel em Matemática, professor da cadeira de Geometria, assumiu a presidência, por ser o mais velho; Marceliano Ribeiro de Mendonça, professor da cadeira de Gramática Latina e Latinidade, ficou como secretário, por ser o mais novo; João de Freitas e Almeida, bacharel em Leis, professor da cadeira de Aritmética, inactiva à época; Sebastião Casimiro de Vasconcelos, cónego magistral e professor substituto da cadeira de Filosofia Racional e Moral; Pedro Nicolau de Freitas, bacharel em Leis, professor substituto de Lourenço José Moniz, na cadeira de Retórica e Poética; e, finalmente, Alexandre Luís da Cunha, professor da cadeira de Língua Inglesa e Francesa, ficaram como vogais. Esta comissão, no dia 12 de Junho de 1837, em reunião ordinária, deliberou constituir o Liceu Nacional do Funchal (LNF), transferindo-se estes professores das aulas secundárias, conforme o decreto de 17 de Novembro de 1836, para a nova instituição, passando a ser os primeiros docentes do Liceu e a reger as novas cadeiras2.Sobre a habilitação dos professores liceais, os decretos de 15 e de 17 de Novembro de 1836, determinaram que o provimento das cadeiras fosse sujeito a exame público, procedendo concurso de sessenta dias. O título seria de propriedade ou temporário, pelo período de dois anos, conforme o «grau de merecimento» que os candidatos mostrassem nos exames. A autoridade que dirigia as escolas seria responsável pelos provimentos temporários, postos a concurso cada dois anos. Os perpétuos seriam conferidos, em diploma, pelo Ministério do Reino (MR), sobre proposta graduada de todos os concorrentes. Em igualdade de circunstâncias, os professores temporários teriam prioridade sobre os restantes. Os candidatos a professor deviam ter vinte e um anos completos, comprovados por certidão de baptismo; possuir bom comportamento moral, político e religioso, certificado em documento autenticado pela Câmara, pelo Juiz de Paz ou pelo Administrador do Concelho, onde tivessem residido nos últimos três anos; apresentar certidão de folha corrida e um documento que comprovasse não padecerem de moléstia contagiosa, tudo reconhecido e selado. Costa Cabral, em 1844, instituiu as categorias de professores proprietários e de professores substitutos (que permaneceu até finais do século), podendo estes últimos passar à efectividade logo que abrisse uma vaga. Apesar de terem assento no conselho liceal, a sua situação era precária, pois tinham de desempenhar vários serviços entre os quais se destacam, a substituição no impedimento dos proprietários, independentemente das cadeiras que regessem e a participação nos júris de exames. No LNF não houve falta de professores. Se bem que os vencimentos fossem reduzidos, a relativa ausência de oportunidades no sector privado para a média burguesia funchalense fazia com que o magistério concorresse com outras carreiras públicas, em relação a muitas das quais se tinha algumas vantagens evidentes, assim como, prestígio social, baixo nível de habilitações exigidas e pouco tempo de trabalho efectivo. Além disso, a função docente era, quase sempre, uma segunda profissão, como já dissemos, menos extenuante que se exercia nas horas livres da primeira, constituindo o baixo salário um útil complemento às economias domésticas de quem também leccionava. Não podemos deixar de reconhecer que alguns professores do LNF, ao longo da época estudada, ocuparam igualmente os mais altos cargos públicos do Distrito, como presidentes da Câmara do Funchal, procuradores à Junta Geral, secretários-gerais do Governo Civil e mesmo de deputados da Nação.

Texto adaptado de Hélder César Spínola Teixeira «O Liceu Nacional do Funchal (1837-1900), Subsídios para a sua história» (Dissertação de Mestrado defendida na UMA no dia 25 de Setembro de 2006)

Disciplina escolar, penas e castigos



Não existem quaisquer registos que nos dêem conta de que, nos primeiros anos da existência do LNF, os alunos se tenham insubordinado nas aulas ou fora delas, assim como qualquer outra incorrecção. Mas, à medida que a frequência do Liceu foi crescendo os problemas de indisciplina foram surgindo, ou, pelo menos, foram sendo registados. Trata-se de uma situação lógica se considerarmos que, uma década após a instalação do LNF, o seu espaço físico se manteve igual enquanto que a sua população escolar praticamente duplicou. A insubordinação agravou-se, dentro e fora das aulas, levando o corpo docente a ter de tomar medidas disciplinares excepcionais. O conselho de professores procurou fomentar o sucesso escolar e a boa educação dos estudantes através da dedicação, do rigor e da disciplina. Daí resultou a necessidade de premiar os alunos que se distinguissem mais em todos estes deveres escolares, e, igualmente, censurar os que deles se tivessem afastado3. Então, decidiu-se que nas cerimónias de abertura, assim como nas de encerramento de cada ano escolar, se observasse a disposição do art. 10.º do Regulamento Policial (RP) que determinava premiar o mérito de alguns alunos e censurar o demérito de outros, na presença do corpo docente e discente, segundo as notas lançadas no Registo de Frequência, Aplicação e Comportamento. Aberta a sessão, o secretário fazia a chamada de todos os alunos matriculados, anotando os faltosos, depois lia o RP com as emendas ou alterações que tivesse sofrido, em virtude das deliberações do conselho, ao longo desse ano. De seguida, o reitor explicava, num discurso breve, o objectivo da sessão. O secretário tomava a palavra de novo e fazia a leitura de duas listas nominais extraídas do Registo de Frequência, Aplicação e Comportamento, primeiro a dos alunos que mereciam censura e logo a dos que mereciam louvor. O reitor voltava a intervir mandando os alunos da primeira lista levantarem-se e assim continuarem até ao final da sessão. Seguidamente, admoestava-os em nome do conselho de professores e exortava-os a emendarem o comportamento. Os alunos da lista dos que mereciam louvor – os «mais dignos» – eram chamados um a um, recebiam das mãos do reitor o título de distinção e tomavam assento num banco de honra. A sessão era encerrada com uma alocução do reitor sobre a moralidade desse acto policial. Desde a fundação do Liceu, houve por parte do corpo docente a preocupação em combater os castigos corporais, por se considerar um erro grave do ensino, que só servia para desmoralizar os alunos. Aboliram-se, então, todas as punições físicas, prática pedagógica que tinha sido costume no antigo «Pátio dos Estudantes». O RP passou a determinar que as penas morais substituíam as corporais e, por conseguinte, cada professor devia ter junto de si um caderno onde registava a aplicação, o comportamento e a frequência dos alunos, durante o tempo da sessão. Estas notas seriam mais tarde discutidas e apreciadas pelo conselho de professores, em sessão ordinária mensal, sendo registados os casos considerados graves no Livro de Registo de Aplicação e Comportamento dos Alunos do Liceu Nacional do Funchal. No final de cada trimestre, todo o «corpo escolástico» (professores e alunos) reunia-se em sessão geral e depois da leitura de duas listas nominais, extraídas do mencionado registo, o reitor ia distribuindo, em nome do conselho, o louvor ou a repreensão consoante cada caso. Tal como acontecia nas sessões solenes de abertura e fechamento das aulas, no início e final de cada ano lectivo, a sessão terminava com uma alocução solene que o reitor fazia sobre a moral, causando, segundo o seu próprio relato, «um efeito de contrição nos ânimos dos alunos». Sempre que ocorriam casos de insubordinação considerados graves, o conselho de professores reunia-se de emergência, nos dias imediatos ao ocorrido, de modo a resolver o caso. Apresentada a queixa pelo guarda, pelo professor visado, ou por um aluno, era aberto um auto de investigação. O aluno acusado era constituído arguido e tinha vinte e quatro horas para apresentar a sua defesa por escrito. De seguida, era submetido a um interrogatório dirigido pelo reitor, com a finalidade de o confrontar com a verdade dos factos. Posteriormente, o conselho julgava o caso em conformidade com a lei e de acordo com as disposições do RP do Liceu, ficando todo o processo registado em acta. O conselho de professores, na sessão de 8 de Março de 1849, ponderando que nenhum dos encarregados de educação se indagava a respeito do estado de aplicação e comportamento dos estudantes matriculados, nas diferentes cadeiras, e julgando ser essencial para a boa disciplina, aqueles terem notícias frequentes do modo como os seus subordinados desempenhavam os seus deveres escolares, deliberou que, no final de cada semana, os professores dariam aos alunos que tivessem sido assíduos, aplicados e bem comportados um bilhete de aprovação para ser apresentado aos encarregados de educação. A omissão de tal bilhete indicaria que o aluno não tivera um bom desempenho dos seus diversos deveres no decurso da semana5.No arquivo do LNF encontram-se inúmeros registos minuciosos de ocorrências de indisciplina, desde os mais insignificantes aos de maior gravidade, que foram levados a conselho escolar6. As ocorrências mais frequentes eram brigas entre alunos, desrespeito pelos professores e pelo guarda. Chegavam, com alguma frequência, à reitoria do Liceu, ofícios provenientes do Administrador do Conselho, participando queixas de vizinhos e de transeuntes que acusavam terem sido tratados insolentemente pelos estudantes. Na maior parte dos casos era difícil encontrar os culpados e admoestá-los, por não estarem devidamente identificados, e a reitoria procurava simplesmente apertar, na medida do possível, a vigilância. Nos casos de maior gravidade instaurava--se um processo de investigação, conforme já referimos, a fim de se apurar a verdade e punir os infractores. Na sessão do dia 30 de Novembro de 1848, foi levado ao conselho de professores, pelo reitor, um auto de investigação, aberto pela administração do Conselho, do qual constavam vários distúrbios que alguns estudantes tinham provocado no pátio do Liceu enquanto decorriam as aulas, assim como o desrespeito de um aluno ao professor das primeira e segunda cadeiras, no decorrer de uma das suas aulas e insultos do mesmo aluno ao guarda do Liceu7.Também chegavam à reitoria muitas queixas verbais de professores que acusavam alguns dos seus alunos de terem sido indisciplinados durante as aulas, desrespeitando o próprio professor ou os colegas. Por vezes, havia denúncias de agressões físicas praticadas contra o guarda, por alunos que já não estavam a estudar, por terem perdido o ano por faltas, ou por terem sido expulsos. Havia ainda muitas agressões físicas entre colegas, provavelmente os alunos mal comportados, para se vingarem das admoestações do reitor e da vergonha que passavam nas sessões solenes, insultavam e batiam nos «mais dignos».Um dos casos de maior insubordinação ocorreu no dia 23 de Novembro de 1847, em que um grupo de alunos inutilizou a fechadura das latrinas, impedindo a sua utilização, amarrou a porta do pátio com arame e obstruiu a fechadura com alcatrão, para interceptar a entrada na escola e a saída dos colegas e dos professores que estavam em aulas, entre o meio-dia e a uma da tarde. Foi aberto um processo e realizada uma investigação, porém, na impossibilidade de se identificar os autores, o auto de investigação foi arquivado8.Para por cobro a todas estas situações de insubordinação, o conselho resolveu redigir um edital e afixá-lo nas aulas. A informação alertava para as graves punições de que seriam alvos todos os alunos que, dentro do Liceu ou nas suas imediações, causassem distúrbios. O documento proibia a permanência dos alunos no pátio ou no portão do Liceu, para além das horas em que tinham aulas e interditava o uso de bengalas, chicotes, ou de qualquer arma defensiva ou ofensiva9.O guarda devia cumprir as determinações do conselho em observância das atribuições que lhe eram conferidas pelo regulamento de 9 de Setembro de 1863, devendo dar conta na secretaria para que esta, por sua vez, comunicasse à reitoria qualquer transgressão disciplinar, sob pena do mesmo guarda ser imediatamente suspenso do exercício das suas funções. As deliberações tomadas pelo conselho foram sempre demasiado severas, pois na maioria dos casos os alunos foram expulsos das aulas por mais de um ano lectivo. Verificámos, porém, que com o decorrer dos tempos, embora as normas continuassem as mesmas (o RP sofrera apenas alguns ajustes), as penas atribuídas, nalguns casos, tornaram-se mais brandas. Por exemplo, no início dos anos 50, o professor da terceira cadeira pediu a expulsão do Liceu dos alunos, que desobedecendo às ordens do guarda para se retirarem do pátio, perturbavam as aulas10, enquanto que, nos anos 70, um aluno que tinha agredido fisicamente, com gravidade, um colega, no pátio da escola, foi expulso das aulas apenas por cinco dias, por ser considerado de comportamento e frequência irregulares11.No decreto de 1836, Passos Manuel remeteu para os regulamentos policiais de cada liceu, sob a superintendência da Direcção Geral de Instrução Pública (DGIP), tudo o que dizia respeito à ordem e à disciplina. Em 1844, Costa Cabral mantém a mesma disposição e somente o diploma de 1860, de Fontes Pereira de Melo, dedica um capítulo inteiro à atribuição de penas disciplinares, que surgem referenciadas pela seguinte ordem de gravidade: primeiro, repreensão dada nas aulas pelos professores, por pequenas irregularidades disciplinares e por negligência dos alunos em relação aos seus deveres literários; segundo, repreensão dada pelos reitores e mandada ler em todas as aulas, motivada por irregularidades em várias disciplinas frequentadas e por desrespeito das regras do RP; terceiro, expulsão temporária dos liceus, por rela-xações e ofensas à moral e disciplina dos liceus, podendo ir até três anos; quarto, expulsão perpétua, aplicada a alunos incorrigíveis, devendo ser ratificada pelo Governo, ouvido o Conselho Geral de Instrução Pública, ficando os alunos expulsos de todos os liceus do país.Os diplomas legais que surgiram a partir de meados do século (1863 e 1873) continuaram a incluir sanções disciplinares para os alunos que cometessem infracções. O mais penoso dos castigos era a expulsão do liceu, devendo ser aplicado somente em casos considerados muito graves e incorrigíveis. A repreensão oral e a marcação de faltas eram penas mais leves e aconselhadas a ser aplicadas aos transgressores das regras básicas de disciplina. Os decretos da década de oitenta, de José Luciano de Castro, mantiveram as mesmas disposições sobre as penas disciplinares a aplicar aos alunos. Reconhecemos que houve, por parte do legislador, uma maior ponderação no que se refere à atribuição de penas e de castigos, porém os conselhos liceais mostravam--se ainda demasiado intransigentes e das suas decisões continuavam a transparecer pouca consciência pedagógica. O último decreto que regulamentou o ensino liceal, no final do século XIX, da autoria de João Franco/Jaime Moniz, previu penas idênticas ao do diploma que o precedeu, mas deu maior destaque às repreensões e relevou a pena de expulsão para casos de extrema gravidade, mesmo assim com direito a recurso por parte do aluno acusado, indo ao encontro de uma nova perspectiva pedagógica que se iria desenvolver ao longo do século seguinte.


Texto adaptado de Hélder César Spínola Teixeira
«O Liceu Nacional do Funchal (1837-1900), Subsídios para a sua história»
(Dissertação de Mestrado defendida na UMA no dia 25 de Setembro de 2006)

O Liceu Jaime Moniz


Rendimento escolar e respectivos prémios atribuídos.

Os primeiros legisladores não previram a atribuição de recompensas para os alunos que se distinguissem nas aulas ou mesmo na realização dos exames. Tanto Passos Manuel, na reforma de 1836, como Costa Cabral, na de 1844, não indicaram quaisquer prémios a serem distribuídos no final do ano lectivo. Estes seriam da responsabilidade dos conselhos liceais, que para tal deviam regulamentar e submeter as suas propostas à apreciação do Conselho Superior de Instrução Pública (CSIP), que depois remeteria para regulamentos posteriores, que nunca chegaram a ser elaborados.Segundo o Regulamento Policial do Liceu (RP), em todos os trimestres, os professores teriam de dar conta ao conselho do número, frequência e aplicação dos seus discípulos, indicando com especial recomendação os que se fizessem distintos por sua maior aptidão intelectual. Após a leitura das informações dos professores, o conselho discutiria a abonação das faltas de frequência, e quais os alunos que mereciam a qualificação de «mais dignos». O resultado da discussão seria consignado no Livro de Matrículas pelo secretário do conselho, por debaixo do assento respectivo. Na aula que fosse destinada para a atribuição dos prémios, os bancos seriam numerados e cada aluno, ao entrar, tomaria o assento cujo número fosse o seu. Aí haveria um banco denominado «Banco de Honra», onde só tomariam assento os alunos que, segundo as informações dos professores, merecessem a qualificação de «mais dignos». Esses alunos receberiam do secretário um bilhete impresso, por ele assinado, do teor seguinte: «Ao Sr. [nome e número do aluno], do Liceu Nacional, vota o Conselho a qualificação de mais digno. Sala das Sessões do Conselho, [data]». Este bilhete era válido durante um trimestre e poderia ser retirado, de imediato, se o aluno cometesse alguma falta de indisciplina.Querendo motivar os alunos a completarem os seus estudos liceais, o conselho de professores, em sessão ordinária, no dia 5 de Outubro de 1853, deliberou que do orçamento para as despesas de expediente se destinasse uma quantia para a compra de três medalhas – uma de ouro com a guarnição de prata, com a legenda – «Ao distinto mérito de [nome do aluno], o Conselho do Liceu Nacional do Funchal [data]» – correspondente ao primeiro prémio; duas de prata, para os segundo e terceiro lugares, com a mesma legenda, excepto a menção de «distinto». As medalhas seriam entregues em sessão solene na abertura das aulas, aos alunos que tivessem obtido a qualificação de óptimo nos exames finais, após a frequência regular acompanhada de comportamento exemplar e irrepreensível, sujeita a votação por maioria do júri de exames12.Na mesma reunião, o conselho de professores decidiu atribuir a quantia de 10$000 réis, para premiar a aplicação e o comportamento dos alunos que se distinguissem, uma vez que a lei em vigor somente aplicava o incentivo de admitir nos empregos públicos, de preferência, os candidatos que possuíssem título de estudos liceais. Ficou, por fim, decidido que a entrega dos prémios teria lugar na cerimónia de abertura do novo ano lectivo. No dia 16 de Fevereiro de 1854, o conselho de professores do Liceu reuniu-se na Escola Central para homenagear a defunta rainha D. Maria II, na presença das entidades eclesiásticas, civis, religiosas, pais de alunos e demais cidadãos distintos da cidade do Funchal, conforme havia sido decidido, por proposta do reitor, na sessão de 16 de Dezembro. A celebração iniciou-se com a chamada dos alunos, pelo secretário, que leu em voz alta, do Livro de Frequência, Aplicação e Comportamento, o nome dos que mais se distinguiram no primeiro trimestre do ano. De seguida, o reitor entregou a cada um dos nomeados um bilhete de qualificação de «mais digno» e informou do prémio, instituído pela rainha, para o aluno que se distinguisse, quer nos estudos, quer no seu comportamento. Por fim, fez o elogio fúnebre e foi lida uma composição que um aluno fez para homenagear D. Maria II. Seguiu-se uma missa de requiem na igreja do colégio de São João Evangelista, rezada pelo bispo da diocese13.No final do ano lectivo, o reitor recebeu um ofício do marquês de Resende, mordomo-mor da defunta rainha expedindo a quantia de 20$000 réis, destinada ao primeiro prémio dos alunos do Liceu. Com este valor decidiu-se mandar lavrar uma medalha de ouro, em vez da de ouro com a guarnição de prata, como havia sido deli-berado na primeira sessão ordinária de abertura do ano lectivo, e acrescentar à le-genda o nome da soberana14.A 3 de Outubro de 1854, o conselho liceal reuniu-se para aprovar o programa da sessão solene de abertura do novo ano lectivo, a realizar-se no dia 11 de Outubro, na sala da Escola Lancasteriana, durante a qual seriam entregues os diplomas aos alunos que tivessem concluído os estudos liceais e distribuídos os prémios aos que mais se tivessem distinguido no ano lectivo anterior15.Todavia, a sessão veio a realizar-se somente a 16 de Outubro, devido à pouca afluência de alunos às matrículas do Liceu. A cerimónia foi aberta pelo comissário de estudos e reitor do Liceu após a orquestra ter tocado uma sinfonia, acompanhada de coro. De seguida, o secretário fez a chamada dos alunos e leu o relatório dos traba-lhos do ano findo, no qual se dava conta do número de alunos de cada uma das aulas, dos que fizeram exame e respectivas qualificações. Depois leu o decreto da reforma de 1844, desde o art. 70.º ao 75.º, os requerimentos dos alunos que pediram diplomas de capacidade e, ainda, a portaria do Ministério de 28 de Maio de 1849, que re-gulava a expedição de diplomas liceais.Na continuação da cerimónia, o reitor assinou os diplomas, juntamente com o secretário e os requerentes lendo-os de imediato. Passou-se à sua entrega aos alunos e colocou-se uma coroa de oliveira na cabeça dos recém-diplomados que foram cumprimentados pelo reitor e demais professores. A orquestra tocou de novo, desta vez o Hino ao Estudo, acompanhada pelo coro. Os alunos diplomados conduzidos pelo guarda tomaram o assento de distinção ao lado das entidades do Distrito, nomeadamente, o Bispo, o Governador-civil, o Comandante Militar da Madeira, o Administrador do Conselho do Funchal, e o Vice-reitor do Seminário Eclesiástico.Passou-se, de imediato, à leitura do assento do conselho relativo ao modo de adjudicação dos prémios. O secretário consultou os livros de registo e nomeou os alunos que obtiveram melhores qualificações nos exames. O reitor pegou nas medalhas, leu as inscrições de cada uma em voz alta e pediu às autoridades presentes para entregá--las aos premiados. Este procedimento seria repetido ao longo de vários anos lectivos.Relativamente ao rendimento escolar, o diploma de António Maria Fontes Pereira de Melo deu continuidade às orientações das reformas anteriores. Todavia o legislador previu a atribuição de prémios para os alunos mais aplicados. Para que se pudesse ser indicado para um prémio de uma disciplina qualquer era necessário pertencer-se à classe dos ordinários e obter, pelo menos quatro vezes, a classificação de bom nos exames mensais e a de suficiente nos outros, devendo, ainda, ser-se aprovado com louvor no exame final.Legislou-se que em cada aula houvesse três lugares de distinção, que seriam ocupados pelos alunos, que na semana anterior, mais se tivessem distinguido no cumprimento dos seus deveres escolares. Estabeleceu-se que para cada uma das disciplinas o prémio seria um conjunto das obras aprovadas pelo Conselho Geral da Instrução Pública (CGIP), sobre as matérias que se ensinavam nos liceus. Os prémios seriam entregues após a realização dos exames anuais, em sessão pública. Os premiados ti-nham de ser ordinários e ter obtido durante a frequência dessa disciplina a classificação de bom pelo menos em quatro dos exames mensais e a de suficiente nos ou-tros. Deviam, também, ter obtido no exame parcial de frequência e no exame final a classificação de aprovado com louvor. Receberiam, ainda, gratuitamente, um diploma com as classificações atingidas e os seus nomes seriam publicado na folha oficial do Governo.As reformas seguintes mantiveram as mesmas disposições, sendo que a de 1873 premiava, com um diploma especial, os alunos que fossem considerados distintos em todas as disciplinas. João Franco e Jaime Moniz decretaram que os alunos seriam considerados distintos e merecedores de prémio, também a ser entregue na sessão de abertura do ano lectivo, quando obtivessem a classificação de muito bom nas provas orais ou escritas, pelos menos em três ocasiões e bom nas restantes provas, sendo-lhes conferidos diplomas como distintos.Como se pôde verificar, os incentivos aos alunos liceais passaram a vigorar nos diplomas legais a partir de 1844, quando se dispôs sobre a qualificação do seu mérito literário, desde que aprovados em todas as disciplinas examinadas. Todavia não se tratava de um prémio pois os diplomas tinham um custo significativo para a época (1$200 réis). Ainda neste decreto estabeleceu-se que tivessem prioridade na admissão aos empregos públicos os alunos que fossem diplomados em algumas das cadeiras dos liceus. Aliás, não se tratava, propriamente de uma novidade, uma vez que, o reitor do Liceu, no primeiro relatório que enviou à Direcção Geral de Instrução Pública (DGIP), propôs que «no provimento dos lugares dos oficiais e amanuenses das Secretarias da Administração Geral, Câmaras Municipais e Administração do Conselho fossem atendidos, com preferências a quaisquer concorrentes, os que tivessem frequentado com assiduidade e proveito os cursos das primeira e décima cadeiras do liceu»16. Propôs ainda que os ofícios de escrivães de juízes de direito, juízes da paz e juízes ordinários, os tabeliães de notas e do registo de hipotecas fossem providos por concurso, no qual tivessem preferência os concorrentes que apresentassem atestado de frequência e aproveitamento na primeira e na nona aulas do Liceu.No arquivo do LNF existe um único livro de registo de diplomas, datado de 1860. Nele assentou-se sob a forma de acta, o texto dos diplomas que atestavam as habi-litações dos alunos que concluíam com aproveitamento os estudos liceais. Cada re-gisto iniciava com a menção das entidades competentes responsáveis pela examinação – o comissário dos estudos, o reitor do Liceu (presidente do júri) e os vogais do conselho do LNF. Depois identificava-se o aluno examinado, com o seu nome completo, filiação e naturalidade. De seguida descreviam-se as disciplinas sujeitas a examinação e as respectivas avaliações (classificação, por extenso, número de votos atribuídos e, por vezes, averbamentos que justificassem algum procedimento extraordinário) de cada examinador, finalmente, referia-se o(s) artigo(s) do decreto que legalizava o diploma. No final do texto mencionava-se que o documento entregue ao aluno era datado e autenticado com o selo das armas do estabelecimento de ensino e assinado pelo reitor e pelos restantes examinadores.



Texto adaptado de Hélder César Spínola Teixeira
«O Liceu Nacional do Funchal (1837-1900), Subsídios para a sua história»
(Dissertação de Mestrado defendida na UMA no dia 25 de Setembro de 2006)

Casa do Sardinha (Ponta de São Lourenço)


Fotografar é “congelar” um instante no tempo. Quando se tem sorte capta-se o instante desejado, outras vezes fica-se com ele na memória.Não tenho tema de interesse específico para fotografar, no entanto a Natureza permite-me trabalhar a fotografia. Pessoas, fotografo-as em festas de família e amigos, encontros, passeios, e, quando tenho “sorte”, consigo alguns quadros peculiares. Aqui ficam três fotos exemplificativas do que afirmei. A primeira é um grupo de palmeiras, junto à Casa do Sardinha (Ponta de São Lourenço), que me fizeram lembrar um oásis no deserto; outra beleza natural da nossa Ilha é a Lagoa do Vento (Paul da Serra) onde se pode ver reflectida na água a parede de pedra sobranceira à lagoa; por fim um homem, julgo que reformado, a ler o jornal enquanto se aquece ao sol primaveril.



António Casimiro Silva - Grupo 500

Testemunhos do Liceu: Paula Figueira


Espaço multicultural mas, sobretudo, testemunha do processo de socialização e de vida, a Escola assume um papel incontornável na vida de todos nós. Revivemo-lo nas conversas do quotidiano, actualizando episódios pitorescos, eternizando espaços, personagens e modos de aprender e ensinar…É da escola que temos cada vez mais saudade, passado o tempo do estudo e da alegre camaradagem, o que nos faz sentir, como o poeta, “raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!”O Liceu orgulha-se de ser esse espaço extraordinário de vivências e emoções de milhares de estudantes madeirenses. Quem são? Que recordam?


Nome: Paula Marília Faria e Freitas Gomes Figueira
Idade: 40 anos
Profissão: Bióloga
Área de formação: Biologia (Ensino da Biologia)


O Lyceu – Diz-se Liceu, vem a saudade. Que importância teve o Liceu na sua vida?

Paula Figueira – Muita importância, foi aqui que frequentei os três anos do Secundário, aqui encontrei Docentes que me ensinaram muitas coisas que procuro transmitir, foi aqui que encontrei colegas que posteriormente foram colegas de curso e se tornaram amigos. Também foi no Liceu que leccionei pela primeira vez, aprendendo muito.

O Lyceu – O que mais o marcou durante os anos de frequência do Liceu? (pessoas, espaços, ambientes, etc…)

Paula Figueira – A boa organização, o bom ambiente entre Colegas e Professores, as pessoas, tal como já referi, e bons Docentes que me motivaram para ir mais além e oproporcionar aos alunos boas experiências.

O Lyceu – Como vê a Educação hoje?

Paula Figueira – É uma Educação que deve ir ao encontro das ideias dos Alunos, das suas preocupações e expectativas. É uma Educação de teve de se adaptar à evolução dos tempos, aos diferentes tipos de alunos que frequentam o Escola, sem esquecer o rigor, a disciplina, o respeito e a lealdade.

O Lyceu – Na sua opinião, de que modo as novas tecnologias são uma mais valia para a aprendizagem do aluno?

Paula Figueira – As novas tecnologias servem para transmitir mais rapidamente os co-nhecimentos, facilitam o ensino/aprendizagem num ritmo acelerado, devem aproximar o Docente aos Alunos e motivar os alunos para o estudo e a aprendizagem quando, por vezes, com métodos tradicionais não é conseguido.

Testemunhos do Liceu: Conceição Estudante


Espaço multicultural mas, sobretudo, testemunha do processo de socialização e de vida, a Escola assume um papel incontornável na vida de todos nós. Revivemo-lo nas conversas do quotidiano, actualizando episódios pitorescos, eternizando espaços, personagens e modos de aprender e ensinar…É da escola que temos cada vez mais saudade, passado o tempo do estudo e da alegre camaradagem, o que nos faz sentir, como o poeta, “raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!”O Liceu orgulha-se de ser esse espaço extraordinário de vivências e emoções de milhares de estudantes madeirenses. Quem são? Que recordam?



Nome: Conceição Almeida Estudante
Idade: 56 Anos
Profissão: Secretária do Governo da Madeira para o Turismo e Transporte
Área de formação: Licenciatura em Direito e pós-graduação em Administração Hospitalar



O Lyceu – Diz-se Liceu, vem a saudade. Que importância teve o Liceu na sua vida?

Conceição Estudante – «O Liceu foi uma passagem de dois breves anos que cumpriu a minha formação de base e garantiu o meu acesso ao ensino superior. Tendo sido um período curto foi muito marcante pois alterou uma postura de grande protecção, em termos de aprendizagem e estudo, proporcionado pelo ensino particular, donde eu provi-nha, para uma maior responsabilização individual motivada pela dimensão e desagregação de turmas e pelo inevitável afastamento e rotatividade de professores. O liceu foi assim a ponte adequada que me preparou para a brusca e agressiva mudança do ensino universitário e, por isso mesmo, teve um papel muito importante na minha vida.»

O Lyceu – O que mais o marcou durante os anos de frequência do Liceu? (pessoas, espaços, ambientes, etc…)

Conceição Estudante – «O Liceu era também para todos nós «o 7º ano» e toda a mística que então o rodeava. Envolvia a «bênção das capas», o «baile», a «festa da madri-nha», o «cortejo» para angariação de fundos, a «récita» e a «viagem». Grandes momentos de um ano em que a componente lúdica ocupava um grande espaço a par da actividade lectiva! Os brandos e rígidos hábitos sociais de então - sobretudo no que às meninas dizia respeito - sofriam algumas oscilações e perturbações ansiadas por todos nós... Esses aspectos, que constituíam altos riscos para o rendimento escolar, são parte indissociável do mosaico de memórias do liceu. Dos professores direi que havia figuras incontornáveis, que não nomearei para não ferir susceptibilidades, quer pela excelência da pedagogia e do conhecimento de alguns, quer pelas características ou excentricidades pessoais de outros e que iam do conservadorismo excessivo a algumas posturas e ideias progressistas ( para a época!) . Todos, a seu modo, contribuíram para a nossa formação e crescimento humano e social e são partes inesquecíveis desse período de vida.»

O Lyceu – Como vê a Educação hoje?

Conceição Estudante – «A Educação hoje como então é sempre um processo complexo, dinâmico e, acima de tudo, um desafio para toda a comunidade. Não começa nem acaba na escola mas na casa de cada um. Passa hoje por maior e mais alargado número e variedade de meios, nomeadamente pelos de comunicação social cuja influência deve ser tomada em consideração no processo educativo e de formação humana. A escola e os seus agentes nomeadamente os professores, têm por isso de estar capacitados para gerir todas as influências de um meio envolvente, hoje, muito mais aberto e exigente do que em épocas anteriores, o que, naturalmente, aumenta o número de variáveis e a complexidade da sua intervenção.»

O Lyceu – Na sua opinião, de que modo as novas tecnologias são uma mais-valia para a aprendizagem do aluno?

Conceição Estudante – «As novas tecnologias não podem ser ignoradas na vida de hoje e, como tal, os processos educativos têm de lhes dar a devida atenção, quer na vertente de instrumento de ensino tradicional, quer na sua utilização com ferramenta de descoberta e ligação ao mundo exterior As crianças e jovens deste tempo são especialmente sensíveis e dotadas para a utilização de computadores como instrumentos de lazer e de trabalho, pelo que essa apetência deve ser adequadamente instrumentalizada a seu favor e para obtenção de bons objectivos de formação e qualificação.»

Testemunhos do Liceu: Elsa Gomes


Espaço multicultural mas, sobretudo, testemunha do processo de socialização e de vida, a Escola assume um papel incontornável na vida de todos nós. Revivemo-lo nas conversas do quotidiano, actualizando episódios pitorescos, eternizando espaços, personagens e modos de aprender e ensinar…É da escola que temos cada vez mais saudade, passado o tempo do estudo e da alegre camaradagem, o que nos faz sentir, como o poeta, “raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!”O Liceu orgulha-se de ser esse espaço extraordinário de vivências e emoções de milhares de estudantes madeirenses. Quem são? Que recordam?

Nome: Elsa Gomes
Idade: 42 anos
Profissão: Quadro Técnico da Administração Pública
Área de formação: História, Ramo de Formação de Formação Educacional, da Faculdade de Letras de Lisboa, na Extensão da Madeira


O Lyceu – Diz-se Liceu, vem a saudade. Que importância teve o Liceu na sua vida?

Elsa Gomes – Herdeira do 25 de Abril e da democratização do ensino, orgulho-me de ter sido aluna da Escola Secundária Jaime Moniz. Aliás, designo-a sempre assim. Por teimosia e muita convicção. Não é tanto o belo edifício cor-de-rosa que me assoma à memória, quando desta minha escola se fala mas, antes, “O Girassol”. Surpreendentemente, descubro que recordo, afinal, o espaço, as salas, os momentos, os amigos, os meus professores, todos.Nesse tempo e nesse lugar, adolescente com pressa de crescer, descobri-me e fui descobrindo o mundo. Entre pares, defendi causas e revoltei-me com as injustiças do mundo. Fui, ali, aprendiz da vida, coisa que, ao que parece, não se deixa nunca de ser.

O Lyceu – O que mais o marcou durante os anos de frequência do Liceu? (pessoas, espaços, ambientes, etc…)

Elsa Gomes – Foram, sem dúvida, as pessoas, o que mais me marcou naquela “passagem”. Guardo, da turma, os momentos de convivência, os sonhos, os risos, as alegrias, as lembranças que os vinte e tantos anos que passaram não quiseram esmorecer. Guardo a segurança das confidências e as cumplicidades com as amigas, as que ainda hoje me tocam o coração nos encontros casuais e apressados do dia-a-dia.Guardo, dos professores, com gratidão, a memória daqueles que, pelo seu fascínio, pela sua doação, pela sua convicção e entusiasmo, pela sua competência, me guiaram e orientaram nas minhas escolhas e que me inspiram ainda hoje.

O Lyceu – Como vê a Educação hoje?

Elsa Gomes – A Educação é hoje um desafio, uma grande esperança e, talvez, mais do que nunca, o maior valor da sociedade.No actual cenário de globalização, a competitividade da economia é essencial, sobretudo, quando dela dependem a coesão social, a cooperação e a solidariedade. Assim, quando a Europa assume, politicamente, que o Conhecimento será a sua vantagem competitiva, e define os indicadores e as metas para atingir esse objectivo estratégico, está, incontestavelmente, a apostar em capital intelectual, está empenhada nas pessoas e na sua qualificação. Todas as grandes medidas de política educativa europeia, de que decorrem, necessaria-mente, as políticas nacionais e regionais, vão, pois, no sentido de uma melhor qualificação em matérias consideradas fundamentais para a competitividade e para a economia, mas procuram também o sucesso social, com equidade e melhor cidadania, para todos.É a própria sociedade que reconhece, finalmente, aos profissionais da educação, a competência e o potencial para operar essa mudança, com quem partilha, aliás, a respon-sabilidade e o compromisso.Participar pró-activamente neste desafio será mais do que uma manifestação de profissionalismo. Abraçar esta causa, humanista também, é aceitar desenvolver-se permanentemente, acreditar no seu próprio valor pessoal e colocá-lo ao serviço do bem comum, de cada um e de todos os nossos futuros cidadãos.

O Lyceu – Na sua opinião, de que modo as novas tecnologias são uma mais valiapara a aprendizagem do aluno?

Elsa Gomes – As TIC são uma mais valia para a aprendizagem do aluno, quando cons-tituem efectivas fontes de conhecimento, de informação e de comunicação, usadas com segurança e sentido crítico. As tecnologias da informação e comunicação são um dado adquirido no panorama actual e, serão, certamente, e a muito breve trecho, condição sine qua non da aprendizagem e da formação. As pessoas, uma vez mais, e neste caso os professores, farão a diferença, ao assumirem a grave responsabilidade de mentores e guias nessa aprendizagem veloz e sem fronteiras.

Testemunhos do Liceu: Nuno Pinto Coelho Homem da Costa


Espaço multicultural mas, sobretudo, testemunha do processo de socialização e de vida, a Escola assume um papel incontornável na vida de todos nós. Revivemo-lo nas conversas do quotidiano, actualizando episódios pitorescos, eternizando espaços, personagens e modos de aprender e ensinar…É da escola que temos cada vez mais saudade, passado o tempo do estudo e da alegre camaradagem, o que nos faz sentir, como o poeta, “raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!”O Liceu orgulha-se de ser esse espaço extraordinário de vivências e emoções de milhares de estudantes madeirenses. Quem são? Que recordam?



Nome: Nuno Pinto CoelhoHomem da Costa
Idade: 65
Profissão: Membro do Conselho de Administração de uma empresa de transportes públicos
Área de formação: Academia Militar

O Lyceu – Diz-se Liceu, vem a saudade. Que importância teve o Liceu na sua vida?

Nuno Homem da Costa – É verdade que o Liceu marcou-me, a mim e julgo que a toda a minha geração. Desenvolvemos uma grande amizade entre nós, que ainda hoje perdura. De tal maneira que, o meu 7º Ano junta-se todos os anos em Setembro para um convívio.Foram anos riquíssimos, de aprendizagem, de camaradagem e inovação.O meu segundo ano foi o primeiro em que houve turmas mistas. Não sei se deu muito resultado… só sei que, depois disso, houve uns anos em que não repetiram. Contudo, para nós foi uma experiência interessante.Os professores marcaram-nos imenso, tanto que eu ainda recordo os nomes de cada um deles, desde o meu 1º ao 7º Ano.Tínhamos as nossas formas especiais de convívio…Organizámos, com o apoio de alguns dos nossos Professores, uma ida ao Açores, para visitarmos as ilhas e co- nhecermos outros colegas de 7º Ano.Tivemos uma madrinha de Finalistas, a Dalila Müller , que organizou umas festas óptimas para os afilhados. Era estupenda! Estes convívios cimentaram a nossa amizade.Por isso e por outros motivos ainda, esta foi uma escola que me marcou muito e que deixa muitas saudades. Foram belos tempos… No meu tempo eramos uns oitenta finalistas e agora sei que os números rondam os dois mil … Angariávamos fundos para concretizar os nossos projectos através de recitas que incluíam a apresentação de uma peça de teatro e uma segunda parte com va-riedades. Além disso representávamos os chamados ‘quadros vivos’ (alunos que entravam em quadros pintados, como uma espécie de cenário). Todos participávamos na concepção dos projectos.

O Lyceu – O que mais o marcou durante os anos de frequência do Liceu? (pessoas, espaços, ambientes, etc…)

Nuno Homem da Costa – A Escola era um marco na nossa vida. Existia espírito de corpo. Enfim, havia uma ligação muito grande. Não éramos nenhuns santos, mas havia um respeito muito grande pelos professores e pelos funcionários. Ainda estou a ver na minha memória o Sr. Dr. Paulo Ramos e a Mulher, Sra Dra Marília Ramos, a Sra Dra Ana Maria Leal, a Sra Dra Margarida Morna, o Sr. Dr. Sérgio Camacho, o Sr. Dr Carlos Lélis, a Dra Helena Pita da Silva, o Sr. Dr. Atouguia e tantos outros; o Sr. Garcês, o Sr. Neves, o Sr. Cró, o Sr. Plácido, alguns dos funcionários daquele tempo, que ali estavam a olhar por nós.

O Lyceu – Como vê a Educação hoje?

Nuno Homem da Costa – Os tempos mudaram. Não se pode pretender que as coisas fiquem estáticas.A massificação do Ensino modificou as escolas e os responsáveis por ele devem ter muito cuidado, para não comprometer o futuro.A Educação é o nosso amanhã. Através da Educação estamos a contribuir para conso-lidar regras e incutir valores...Há que olhar para o Ensino como um dos pilares de uma nação. O conhecimento da própria língua, da História, das Ciências, tudo isso marca o futuro do País e de todos nós.Neste momento, faz-me impressão ver que há alunos que não sabem o nome de quem lhes dá aulas. Falta cumplicidade, ligação entre alunos e professores.Há necessidade de que os alunos sintam mais a Escola, que a encarem como um estrado seguro para a sua vida.

O Lyceu – Na sua opinião, de que modo as novas tecnologias são uma mais valia para a aprendizagem do aluno?

Nuno Homem da Costa – Quanto a mim, as novas tecnologias são fundamentais e actualmente não faz sentido que uma escola e o Ensino não estejam ligados a elas. O Mundo é cada vez mais uma aldeia global e há necessidade de um contacto imediato, de sabermos das coisas em tempo real, se não perdemos o “comboio”. ..Quem não as domina, neste momento, é quase analfabeto.

Testemunhos do Liceu: Élia Maria Carvalho de Gouveia


Espaço multicultural mas, sobretudo, testemunha do processo de socialização e de vida, a Escola assume um papel incontornável na vida de todos nós. Revivemo-lo nas conversas do quotidiano, actualizando episódios pitorescos, eternizando espaços, personagens e modos de aprender e ensinar…É da escola que temos cada vez mais saudade, passado o tempo do estudo e da alegre camaradagem, o que nos faz sentir, como o poeta, “raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!”O Liceu orgulha-se de ser esse espaço extraordinário de vivências e emoções de milhares de estudantes madeirenses. Quem são? Que recordam?



Nome: Élia Maria Carvalho de Gouveia
Idade: 31 Anos
Profissão: Governanta
Área de formação: Licenciatura em Línguas e Literaturas Clássicas e Portuguesa


O Lyceu – Diz-se Liceu, vem a saudade. Que importância teve o Liceu na sua vida?

Élia Gouveia – O liceu foi um marco importante na minha vida, pois veio de certa forma "abrir" os olhos para o futuro. É também com nostalgia que relembro os tempos do Liceu, os quais foram de extrema importância.

O Lyceu – O que mais o marcou durante os anos de frequência do Liceu? (pessoas, espaços, ambientes, etc…)

Élia Gouveia – De facto, foram estes três aspectos que mais me marcaram; pessoas, espaços e ambientes. O Liceu é um local extremamente "acolhedor" e cativante, ali co-nheci pessoas, não só colegas de turma como também funcionários, professores, que jamais esquecerei. Com eles adquiri valores que hoje são "vitais" no meu quotidiano, os quais tento sempre transmitir a terceiros.

O Lyceu – Como vê a Educação hoje?

Élia Gouveia – É uma pergunta "matreira". A Educação é e será, sem dúvida, um dos factores mais importantes nas nossas vidas. No entanto, julgo que esta está a perder cada vez mais o seu verdadeiro valor. No presente, acho que a educação está numa fase "descartável" e espero realmente que seja só uma fase...

O Lyceu – Na sua opinião, de que modo as novas tecnologias são uma mais-valia para a aprendizagem do aluno?

Élia Gouveia – As novas tecnologias são de facto um instrumento de grande apreço na Educação. Julgo que facilitam, estimulam e desenvolvem a aprendizagem e o pensamento do aluno.

Testemunhos do Liceu: Salomé Teixeira


Espaço multicultural mas, sobretudo, testemunha do processo de socialização e de vida, a Escola assume um papel incontornável na vida de todos nós. Revivemo-lo nas conversas do quotidiano, actualizando episódios pitorescos, eternizando espaços, personagens e modos de aprender e ensinar…É da escola que temos cada vez mais saudade, passado o tempo do estudo e da alegre camaradagem, o que nos faz sentir, como o poeta, “raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!”O Liceu orgulha-se de ser esse espaço extraordinário de vivências e emoções de milhares de estudantes madeirenses. Quem são? Que recordam?




Nome: Salomé Teixeira
Idade: 47
Profissão: Enfermeira
Área de formação: Enfermagem e Saúde Comunitária




O Lyceu – Diz-se Liceu, vem a saudade. Que importância teve o Liceu na sua vida?

Salomé Teixeira – Andei no Liceu no 7º Ano, em 1974; depois, mudei para o antigo se-minário, onde mais tarde se fixou a Escola Bartolomeu e, um ano após, voltei ao Liceu.A Escola foi importante na minha formação, uma vez que foi lá que eu adquiri as bases e a oportunidade de continuar a estudar.Na altura, aqui na Região, havia o Magistério e a Enfermagem e eu decidi enveredar pela segunda opção.


O Lyceu – O que mais o marcou durante os anos de frequência do Liceu? (pessoas, espaços, ambientes, etc…)

Salomé Teixeira – Recordo alguns professores e principalmente os colegas, por quem ainda passo e que reconheço. Relativamente aos professores, tive muito bons professores e ganhei uma formação de base muito boa. É curioso que eu ainda recorde muitos dos conhecimentos que me foram transmitidos e, quando ajudo os meus filhos a estudar, verifico que ainda sou capaz. Naturalmente, que consigo ajudá-los mais nas disciplinas de Matemática, Ciências e Física e Química.Lembro-me de uma aula de Português em que um colega meu decidiu fazer uma pequena fogueira dentro da sala… Enfim, também havia alguns alunos mais traquinas na altura, embora os professores normalmente se impusessem mais, tivessem mais autoridade.Como eu era mais reservada, considerava aquelas travessuras um pouco excessivas.

O Lyceu – Como vê a Educação hoje?

Salomé Teixeira – Penso que, naquela altura, havia mais respeito pelos professores, que impunham realmente a sua autoridade. O método de ensino de então era muito expositivo e, embora considere importante que adquiramos conhecimentos, prefiro os métodos actuais, que defendem que o aluno encontre as respostas e que permite que a aula seja também um esforço dele, a sua participação.Há até disciplinas novas que incentivam à criação de projectos, como a Área Projecto e o Estudo Acompanhado, o que, quanto a mim, facilita muito mais a aprendizagem.Em meu entender, a participação é muito importante e eu, infelizmente, só a tive no curso; se bem que também fui uma aluna introvertida. Até ao secundário, eram poucos os trabalhos de grupo e a participação na aula. Hoje em dia, os alunos são postos em contacto com outras instituições e ganham uma maior destreza, na comunicação, no contacto com a realidade laboral e até na realização dos projectos.

O Lyceu – Na sua opinião, de que modo as novas tecnologias são uma mais valia para a aprendizagem do aluno?

Salomé Teixeira – Na minha opinião, as novas tecnologias facilitam e muito a aprendizagem, porque a informação fica mais próxima das pessoas.Quando não existiam, os alunos tinham de ir aos livros e, às vezes, não tinham acesso aos mesmos, ou porque havia só um exemplar ou porque não existia de todo nas bi-bliotecas.A Internet, por exemplo, ajuda os alunos a adquirir mais informação, contudo, obriga-os a seleccionarem aquilo que interessa e a avaliarem a sua utilidade e veracidade. O que, muitas vezes, exige a ajuda de outra pessoa, nomeadamente o professor.Creio, portanto, que estas obrigam também a uma maior vigilância da parte dos educadores, pais e professores, que devem orientar os filhos ou alunos no sentido daquilo que interessa e desviá-los de influências negativas, que o acesso às novas tecnologias também pode gerar.Ou seja, as novas tecnologias facilitam a aprendizagem do aluno, porém obrigam a uma maior atenção da parte do educador.

Testemunhos do Liceu: Maria Alice Pinto Coelho


Espaço multicultural mas, sobretudo, testemunha do processo de socialização e de vida, a Escola assume um papel incontornável na vida de todos nós. Revivemo-lo nas conversas do quotidiano, actualizando episódios pitorescos, eternizando espaços, personagens e modos de aprender e ensinar…É da escola que temos cada vez mais saudade, passado o tempo do estudo e da alegre camaradagem, o que nos faz sentir, como o poeta, “raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!”O Liceu orgulha-se de ser esse espaço extraordinário de vivências e emoções de milhares de estudantes madeirenses. Quem são? Que recordam?



Nome: Maria Alice Pinto Coelho Homem da Costa
Idade: 94
Profissão: Doméstica



O Lyceu – Diz-se Liceu, vem a saudade. Que importância teve o Liceu na sua vida?


Maria Alice – Ah… muita importância. E recordo esses tempos com saudade. Primeiro frequentei o Colégio Lisbonense, até ao 4º ano mas, como sonhava estudar Medicina, disse ao meu pai que precisava de frequentar o Liceu para me preparar melhor. O meu pai não queria que eu namorasse enquanto estudava, por isso tive de convencê-lo a deixar-me vir para o Liceu (risos). Fiz um exame de admissão ao Liceu e estudei cá, ou melhor, no antigo Liceu da Rua do Bispo, até ao 7º ano. O edifício, muito bonito, tinha sido um Convento e residência do Bispo, daí a origem do nome da rua onde se situa.Com a República, passou a ter uma outra finalidade. Foi então o Liceu. Antes ainda, segundo me contava o meu pai, o Liceu tinha funcionado na Rua dos Ferreiros, onde ele foi aluno e onde o meu avô, Jacinto de Ornellas Pinto Coelho, foi professor.Comecei por fazer o 4º e 5º ano, numa turma onde éramos seis meninas e os restantes alunos, a maioria, rapazes. Uma turma mista. Depois, no 6º e 7º escolhi uma turma de Ciências. Aí éramos só duas meninas, a Lucília Tavares Coelho e eu. Ela era filha do Prof. Capitão Tavares Coelho, que leccionava Canto Coral. Não era muito hábito, nessa época, as meninas estudarem no Liceu…


O Lyceu – O que mais o marcou durante os anos de frequência do Liceu? (pessoas, espaços, ambientes, etc…)


Maria Alice – Lembro-me, muito bem, de muitos professores e dos Senhores Reitores. Primeiro, o Senhor Reitor João Carlos de Sousa, que faleceu e, depois dele, veio o Senhor Reitor Dr. Ângelo Augusto da Silva, novinho na época. As meninas só entravam nas aulas acompanhadas do professor e também saíam das salas na companhia dos professores. Terminadas as aulas íamos para uma grande sala, com duas contínuas a tomar conta. Não convivíamos com os colegas rapazes, nem mesmo falávamos com eles nos intervalos. Eles iam para a parte norte, onde jogavam à bola e havia um jardim.Fui aluna do Dr. Pestana Júnior no 4º ano. O Cónego Homem de Gouveia foi meu professor de Alemão no 6º e 7º ano. Tive uma professora que veio com o pai, o general Sousa Dias, para a Madeira, quando ele veio deportado pelo governo de Salazar e apoiou a Revolução da Madeira. Também lembro o Dr. João Cabral do Nascimento, o Coronel Morais Sarmento e o Padre Eduardo Nunes Pereira. Outro professor que tive foi o Dr. Perdigão Falcão Pimpão, um nome muito engraçado (risos). Também me lembro bem de ser aluna do Coronel Santos Pereira e do Dr. Neves. Em Matemática tive o Dr. Dâmaso Rego e o Dr. Cristiano de Sousa. Este era contra a frequência de meninas no Liceu e, quando alguma não sabia alguma matéria, dizia: “ a menina está precisada de ir para casa pontear meias”! (risos)Havia contínuos muito correctos. Não me lembro dos seus nomes mas vivia-se um bom ambiente, no Liceu. O


Lyceu – Como vê a Educação?

Maria Alice – Hoje há toda a liberdade.No meu tempo era um exagero a falta de liberdade que tínhamos.

O Lyceu – Na sua opinião, de que modo as novas tecnologias são uma mais-valia para a aprendizagem do aluno?

Maria Alice – Desculpe, não sei dar uma opinião sobre os computadores mas vejo que os mais jovens têm muita dificuldade em fazer cálculo mental, e eu acho que é por usarem as máquinas (de calcular) cedo demais. Com os computadores julgo que o resultado é o mesmo: precisam de ter sólidos conhecimentos básicos antes de usarem muito os computadores, senão ficam com dificuldades na escrita, na leitura, na matemática… não é?...

Testemunhos do Liceu: Emanuel Aveiro


O Lyceu – Diz-se Liceu, vem a saudade. Que importância teve o Liceu na sua vida?

Emanuel Aveiro – Primeiramente, vem a saudade porque foi um tempo de diversão, de convívio e de alegrias, como também de stress e até de choro. Onde damos os primeiros “passos” e as primeiras quedas, mas que agora, por incrível que pareça, tudo isso é base de risos entre os amigos que fiz nessa altura, rirmo-nos de coisas que antes pareciam graves e que agora parecem tão fúteis.E foi importante porque foi a base de construção para a realização da própria pessoa; o “saber distinguir a diversão das responsabilidades, e que há tempo para tudo”.


O Lyceu – O que mais o marcou durante os anos de frequência do Liceu? (pessoas, espaços, ambientes, etc…)

Emanuel Aveiro – O que mais me marcou foi de facto as pessoas porque foi a partir delas que se deu toda esta variedade de sentimentos em mim, quer sejam bons ou maus, foi através delas que interagi com os espaços e conheci os diversos ambientes.


O Lyceu – Como vê a Educação?

Emanuel Aveiro – A educação é algo construtivo, essencial, prioritário e que até poderá ser vista como hereditária.Um homem também se define pelo seu próprio saber e pela aceitação da sua incerteza, mas que é capaz de a satisfazer.


O Lyceu – Na sua opinião, de que modo as novas tecnologias são uma mais-valia para a aprendizagem do aluno?

Emanuel Aveiro – As novas tecnologias servem para implementar na sociedade em que vivemos um desenvolvimento mais rápido, fácil e completo. Elas são um excelente instrumento de trabalho quer no nosso trabalho, quer no ensino por facilitarem a comunicação e a veiculação de informação.

Conjunto Académico João Paulo


O Conjunto Académico João Paulo começou no Liceu Jaime Moniz, na Ilha da Madeira, nos primeiros anos da década de 60. Em 1964 deslocaram-se ao continente obtendo grande sucesso no Teatro Monumental e no programa "TVClube".Em 1964, foi editado o primeiro disco do grupo, um EP (formato mais vulgar na época com 3 ou 4 canções) com os temas "La Mamma", "Hello Dolly", "Eu Tão Só" ("Et Pourtant") e "Ma Vie". Venceram o Prémio de Imprensa Especial de 1964, entregue no dia 3 de Abril de 1965. O segundo EP inclui os temas "It´s Over", "Se Mi Vuoi Lasciare", "Chove" e "Greenback Dollar". No início eram sete elementos, a partir deste disco, o grupo passa a ser constituído por: João Paulo (teclas), Rui Brazão, (guitarra ritmo), Ângelo Moura (baixo), José Gualberto (bateria), Carlos Alberto (guitarra, autor da maioria dos inéditos do grupo) e Sérgio Borges (vocalista e autor das letras dos originais e de algumas versões).O EP "+ 1Disco = 4 Sucessos" inclui os temas "Se Piangi Se Ridi", "Nunca Mais" (uma versão de "You've Lost That Lovin Feelin'"), "Hully Gully do Montanhês" e "Oh Dis Marie".É editado novo EP com os temas "Capri C´est Fini", "Milena (a da Praia)", "Diz-lhe" e "Non Son Degno Di Te". Sérgio Borges fica em 2º lugar no Festival RTP da Canção de 1966 com "Nunca Direi Adeus". O grupo edita o EP "Eurovisão" com os temas "Balada A Uma Rapariga Triste", "Ciao", "Nunca Direi Adeus" e "Ele e Ela" (tema de Madalena Iglésias que representou Portugal no Eurofestival desse ano). Ainda em 1966 é editado o álbum “Conjunto Académico João Paulo no Teatro Monumental”, um dos poucos lançamentos nacionais neste formato ainda a dar os primeiros passos.Os Eps "L'Amour Est Bleu" ("L'Amour Est Bleu", "Puppet On A String", "I Hate These Moments" e "Sombras") e “Poema de um Homem Só” ("Poema De Um Homem Só", "Monday Monday", "Oasis" e "When A Man Loves A Woman") são os registos seguintes.Novo EP com os temas "Sue-Lin A Minha Chinesa", "Cosa Vuoi Da Me", "Kilimandjaro" e "Quando Nasce O Amor". É editado o EP "O Louco" com os temas "O Louco", "Si Lo So", "Tu E Eu" (versão de "Happy Together") e "I Just Don't Know What To Do With Myself". "A Shadow Rounds The Tomorrow Sounds" é o último disco desta fase pois estão parados durante algum tempo devido à mobilização dos seus elementos para a Guerra Colonial. Colaboram com a cantora Vickie num single com os temas "Who Have Nothing" e "Try A Little Tenderness".
Sérgio Borges vence o Festival RTP da Canção de 1970 com "Onde Vais Rio Que Eu Canto". A solo lança ainda um outro single com versões de "Canção de Madrugar" e "Corre Nina", outros dos temas que mais se destacaram nesse Festival.O grupo passa a denominar-se Sérgio Borges e O Conjunto João Paulo. É editado o disco "Meu Corpo É Minha Seiva". Entram para o grupo os ex-Quinteto Académico+2 Adrien (bateria) e Zé Manel (saxofone). Lançam um EP que incluía “Lavrador”, adaptação do tema “Aguarela Portuguesa” de Zeca do Rock. Os outros temas deste disco são "Serei um Dia o Mar", "Estrada Branca" e "Paul da Serra".O último disco do grupo, editado em 1972, foi um EP com os temas "Nascer" (Birth), "Champs Elysées", "O Salto" e "A Uma Gina". Em 1981 é editada uma colectânea do grupo num dos volumes da "Antologia da Música Popular Portuguesa". Em 1993, a EMI-VC lançou a compilação "Os Grandes Êxitos do Conjunto Académico João Paulo", primeiria edição em cd dos trabalhos do grupo, com os temas "EuTão Só (et pourtant)", "Capri c'est Fini", "Ma Vie", "Se Mi Vuoi Lasciare", "Hully Gully do Montanhês", "Se Piangi, Se Ridi", "Non Son Degno Di Te", "Milena (a da Praia)", "Ciao", "Nunca Direi Adeus", "Stasera Pago Lo", "L'Amour Est Blue", "Cosa Vuoi Da Me", "Kilimandjaro", "Onde Vais Rio Que Eu Canto", "Canção de Madrugar" e "Corre Nina". A colecção Caravela, editada em 1996 pela EMI, sob o lema "Os Maiores Artistas Ao Melhor Preço! - Grandes Êxitos Em Gravações Originais", inclui discos dedicados a nomes como Sheiks, Quarteto 1111 e Conjunto Académico João Paulo mesmo que em edições mais pobres. João Paulo Agrela, membro do agrupamento musical Conjunto Académico João Paulo, morreu no dia 23 de Abril de 2007.
in wikipédia

Telma Fernandes


O Lyceu: Fala-nos da Telma Fernandes, do seu projecto de vida, dos seus sonhos, dos seus gostos…

Telma Fernandes: Eu sou uma pessoa ambiciosa no que diz respeito ao meu futuro, tanto para a Patinagem como para a vida profissional. Sou uma aluna da área de Economia e desde muito nova que tenho o sonho de ser gestora de empresas. Nos tempos livres que me restam, aproveito para passear, estar com os amigos e descansar do “stress” diário.


O Lyceu: Como nasceu a tua apetência pela Patinagem Artística?

Telma Fernandes: Comecei a praticar patinagem artística quando tinha pouco mais de três anos e esta tornou-se numa das minhas maiores paixões.


O Lyceu: Descreve a Patinagem Artística enquanto actividade desportiva.

Telma Fernandes: A Patinagem Artística é um desporto que pode ser praticado em grupo ou individualmente, com idades geralmente compreendidas entre os 6 e os 30 anos. Necessita de treino e dedicação por parte do atleta e de um bom treinador. É uma modalidade que está dividida em duas partes, a livre e a obrigatória, que, em provas, são avaliadas por 3 a 5 júris. É necessário a utilização de roupa adequada e de patins. Em cada prova, é avaliada a parte técnica, que consiste em saltos e em piões, e a parte artística em que é avaliada a presença em campo durante a prova, como a postura e a sintonia entre o atleta e a música.


O Lyceu: Ser uma desportista de competição é um desafio? Até que ponto?

Telma Fernandes: Tudo na nossa vida, por mais simples que seja, é um desafio e ser uma atleta de competição não é excepção. Faz parte das nossas escolhas e da nossa aptidão escolher ser ou não atleta de competição. Cada competição que existe na patinagem torna-se num desafio quando temos o objectivo de conseguir o melhor lugar possível na classificação final.


O Lyceu: Como consegues conciliar a competição, no que se refere às tuas participações em torneios nacionais, com a vida escolar?

Telma Fernandes: Como referi anteriormente, pratico patinagem desde os 3 anos e isso nunca me influenciou na vida escolar. Comecei a entrar em provas regionais com apenas 7 anos e, desde aí, foi um salto até às provas nacionais. Os campeonatos nacionais exigem muito mais de nós, já que a nível regional a patinagem não é divulgada e apoiada como queríamos. As competições nacionais e as regionais são sempre ao fim de semana, daí isso não ter grande impacto na vida escolar. Eu, como aluna e atleta, consigo ter melhor rendimento a nível escolar se treinar.


O Lyceu: Vale a pena ser um atleta de competição, quer em termos de pessoais quer em termos profissionais?

Telma Fernandes: Sim, podemos dizer que sim. Ao nível pessoal, vale a pena ser atleta de alta competição, porque descarregamos energias e praticamos exercício físico, o que é sempre bom para a nossa saúde, e a nível profissional, vale a pena, porque nos ajuda a ter objectivos e a lutar para ultrapassar obstáculos.


O Lyceu: Certamente que já és considerada uma referência para os Madeirenses, tendo em conta o teu palmarés. Como lidas com essa “fama”? É fácil geri-la?

Telma Fernandes: Na Região, a patinagem não é uma modalidade muito apoiada daí a ser fácil gerir a tal pouca “fama” que possamos ter.


O Lyceu: Que mensagem deixas aos teus colegas da Jaime Moniz e aos jovens em geral?

Telma Fernandes: Em primeiro lugar, gostaria de aproveitar esta oportunidade para agradecer e realçar a importância do trabalho da minha treinadora, Sheila Rodrigues, que é uma das pessoas a quem devo a evolução que tenho sentido na minha prestação nestes últimos anos.Em segundo lugar, aproveito para aconselhar vivamente a que os interessados encarem o desporto como um vício, não falando da patinagem em si, mas, sim, do desporto em geral. Até uma simples caminhada faz com que sintamos que a vida é bela e que não precisamos de procurar atalhos onde nos possamos perder. A vida é apenas dois dias, devemos aproveitá-la ao máximo, porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é muito para ser insignificante.


Micaela Martins - Grupo 300

Stress e saúde mental




1. Introdução
É quase impossível referirmo-nos às vivências e circunstâncias do mundo actual, sem que o termo Stress surja, geralmente eivado de uma conotação negativa. Embora o stress tenha consequências positivas, ou seja o designado eustress, que assegura o estímulo necessário para enfrentar os desafios ou provocando as respostas físicas e comportamentais necessárias para se adaptar a um novo contexto, são sobretudo os seus efeitos negativos ou distress que são usualmente referidos e alvo de investigação.Graziani e Swendsen (2004), consideram que uma das razões que explicam o interesse transdisciplinar pela investigação sobre o stress, tem a ver com a esperança de explicar, e portanto de controlar os seus efeitos. Estes autores referem que 80% dos indivíduos que recorrem a uma consulta médica o fazem devido a doenças associadas ao stress, como a depressão, a ansiedade e fobias, agressividade e problemas de dependência, dores de cabeça, cansaço crónico, asma, insónia, hipertensão, problemas intestinais e outros síndromes.A Organização Mundial de Saúde (2001), no seu relatório «Saúde Mental: Nova Concepção, Nova Esperança», refere que as doenças mentais têm vindo a aumentar significativamente, e que nos próximos 20 anos a depressão será a segunda causa de doença no mundo. Está previsto ainda que irão crescer de forma significativa outras formas de perturbação como sejam as dependências de drogas lícitas e ilícitas, a esquizofrenia, os suicídios e as tentativas de suicídio.No contexto português, Moreira e Melo (2005), referem estudos que situam o país com uma das mais elevadas taxas de alcoolismo, assim como, o facto de os medicamentos mais vendidos serem os ansiolíticos e os anti-depressivos. Pocinho, Pereira e Nunes (2007), citam dados da Organização Internacional do Trabalho, que em 1981, considerou o stress como uma das principais causas de abandono da profissão docente, sendo esta vista como uma actividade de risco físico e mental.Neves de Jesus (2005), menciona investigações que permitem constatar que os professores apresentam níveis de stress superiores comparativamente a outros profissionais. Refere estudos efectuados em Portugal, em que 65% (Cruz, 1989) e 54% (Pinto, Silva e Lima; 2000) dos docentes percepcionam a sua actividade profissional como muito geradora de stress enquanto que noutros países os resultados têm oscilado entre 20% e 44%. Noutro estudo (Cardoso e Araújo, 2000) com 2108 professores, um em cada três sente que a sua profissão é stressante e um em cada seis encontra-se em estado de exaustão emocional. Os factores que contribuem para o stress da classe docente, de acordo com outra investigação (Jesus, Abreu, Santos e Pereira, 1992), são os associados a situações de indisciplina do aluno, às relações com colegas e com a sobrecarga de trabalho. Nas investigações realizadas em vários países, o factor de stress mais frequentemente considerado é a dificuldade em gerir a desmotivação e a indisciplina dos alunos.
2. Conceitos de Saúde Mental e de Stress e suas relações.
Na história da Psicologia, a Saúde Mental teve tendência a ser conceptualizada na perspe-ctiva psicopatológica inerente ao modelo bio - médico. Só a partir da década de 70 do século xx deu-se uma mudança de paradigma que ocorreu em consequência entre outras de uma evidência: as principais causas de mortalidade e de morbilidade estavam associadas ao comportamento humano. Sendo este considerado numa perspectiva lata como incluindo para além da acção em si, os antecedentes, os concomitantes e os consequentes da acção, tais como: expectativas, crenças, motivações, atitudes, atribuições, variáveis de referência pessoal (auto-conceito, auto-estima, auto-eficácia), locus de controlo, etc. Estas variáveis podiam ser quer dependentes, quer independentes das doenças, podendo ainda assumir uma relação mediacional ou moderadora.Numa perspectiva transcultural é quase impossível definir Saúde Mental de uma forma completa. Porém há consenso quanto ao ponto de que saúde mental é algo mais do que ausência de transtornos mentais. Neste contexto, as definições dos estudiosos de diferen-tes culturas abrangem aspectos como: o bem-estar subjectivo, a auto-eficácia percebida, a autonomia, a competência, a dependência intergeracional e a auto-realização do potencial intelectual e emocional. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a Saúde Mental é perspectivada como estando vinculada ao bem-estar, à qualidade de vida, à capacidade de amar, trabalhar e de se relacionar com os outros. Esta definição surgiu na sequência natural da Saúde passar a ser entendida como um «um estado positivo de bem-estar, físico, mental e social, económico e espiritual e não apenas a ausência de doença ou dor». Este cons-tructo multifactorial inclui como determinantes a idade, sexo, factores hereditários, estilo de vida individual, influências sociais e comunitárias, condições de habitação e trabalho, assim como, condições socioeconómicas, culturais e ambientais. Passou-se de uma visão centrada no carácter negativo da doença, no sofrimento e na incapacidade para uma que coloca em evidência a natureza positiva da saúde, na qual é essencial a experiência de bem-estar psicológico, constituída por vivências associadas à percepção de controlo sobre a vida, à liberdade de escolha, à autonomia e à satisfação. Segundo Vaz Serra (2005), uma pessoa está em stress quando desenvolve a percepção de não ter controlo sobre um acontecimento que é importante para si e perante o qual sente que as exigências do mesmo ultrapassam as suas aptidões e recursos pessoais e sociais. Numa das mais conhecidas definições biológicas de stress, Selye (1956), caracteriza-o como o conjunto de reacções biofisiológicas não específicas a qualquer exigência de adaptação, traduzindo a preparação do sujeito para responder a novas exigências.Numa perspectiva transaccional ou psicológica, Lazarus e Folkman (1984), o stress é definido como o resultado da transacção entre variáveis ambientais e variáveis pessoais, sendo a percepção das exigências superior à avaliação que o indivíduo faz dos seus recursos para responder, sendo que estes recursos podem ser pessoais, interpessoais e organizacionais.Embora traduzam conceptualizações diferentes do stress, as duas definições destacam que na base do stress está sempre uma exigência que requer um esforço acrescido do sujeito para responder de forma adequada ou adaptar-se a novas circunstâncias.De acordo com Graziani e Swendsen (2004), as teorias existentes sobre o stress enquadram-se em três categorias (biológicas, cognitivas e transaccionais ou interaccionistas) que têm subjacentes dois grandes objectivos:Compreensão do funcionamento dos agentes stressores e sua relação com os fenómenos psicopatológicos.Métodos de prevenção e de tratamento relativamente aos efeitos nocivos do stress.
3. Situações indutoras e sintomas de stress3.1. Situações indutoras de stress
De acordo com Vaz Serra (2005), um acontecimento é considerado grave ou fortemente indutor de stress quando provoca uma mudança substancial nas actividades habituais do sujeito e o impede de alcançar objectivos por ele considerados importantes.O efeito cumulativo do stress é sublinhado por diversos autores, ou seja, quanto maior é o número de situações indutoras de stress maior será o grau de stress a que a pessoa estará submetida. Neste sentido, Rahe e Holmes elaboraram escala que relaciona os acontecimentos indutores de stress com a saúde, isto é, quanto maior o número de agentes stressores a que um indivíduo estivesse submetido num determinado período de tempo (um ano) maior seria a probabilidade de adoecer.

Tabela elaborada tendo por base a classificação de Vaz Serra (2005) e Escala de Reajustamento Social de Rahe e Holmes (1967).3.2. Sintomas de stress
Posen (2003), chama a atenção para o facto de a sintomatologia do stress poder ser uma combinação de aspectos ou sintomas físicos ou fisiológicos, mentais, emocionais e comportamentais. Sendo que é mais fácil influenciar ou interferir nos aspectos comportamentais e em seguida nos cognitivos ou mentais, e que ao interferir num destes sintomas estamos a condicionar os outros. É tendo por base estes princípios que se justificam intervenções de cariz cognitivo - comportamental, usadas com muita frequência no tratamento do stress e é igualmente nessa corrente psicológica que se enquadram Posen e Vaz Serra.Nos sintomas físicos podem surgir entre outros: dor de cabeça, tonturas, contracções musculares faciais, dores no peito, dispneia, náuseas, vómitos, azia, indigestão, problemas intestinais, tremores, rigidez, agitação, inquietação, hiperactividade, distúrbios do sono, fadiga, fraqueza, perda de apetite, constipações, gripes e infecções respiratórias regulares, perda de interesse sexual, aumento de enxaquecas, colites, úlceras e asma.Os sintomas mentais incluem: diminuição da concentração e aumento dos esquecimentos, dificuldades nas tomadas de decisão, redução do sentido de humor, pensamentos rápidos e aleatórios, falhas de memória e confusão.Nos sintomas emocionais considera-se: ansiedade, tensão, nervosismo, depressão, tristeza, infelicidade, medo, preocupação, pessimismo, apatia, indiferença, falta de motivação.Os sintomas comportamentais podem comportar para além de outros: agitação, movimentos acelerados, inquietação; consumo compulsivo de tabaco, álcool e/ou comida; roer as unhas, culpar, gritar, sentir vontade de chorar, praguejar, chorar, soluçar.
4 . Vulnerabilidade, estratégias e tratamento do stress
4.1. VulnerabilidadeOs seres humanos não são uniformemente vulneráveis ao stress. Constatou-se que um determinado acontecimento que provoca num sujeito perturbação pode causar a outro indivíduo uma reacção de indiferença, ou seja, a presença de um determinado estímulo mesmo que aparentemente nocivo não basta para provocar stress.A vulnerabilidade está relacionada com quatro tipo de factores: biológicos, sociais, psicológicos e de personalidade. Dada a nossa formação vamos enfatizar os dois últimos, contudo é importante sublinhar que nos factores biológicos, costuma destacar-se a importância dos genes e do envelhecimento e nos sociais, considera-se três aspectos: as condicionantes de acesso e apoio social, o grau de literacia do indivíduo e o estrato social.Nos factores psicológicos, considera-se que é o significado construído pela pessoa sobre o que está a acontecer ou aconteceu que leva ou não à activação de respostas de stress. O significado atribuído é determinado pela história de vida do indivíduo, ou dito de outra forma, os processos de avaliação de um indivíduo são muito influenciados pelos das pessoas significativas com que vai convivendo durante o seu ciclo de vida.Os factores de personalidade, partem do princípio (legitimado por estudos) de que a forma como uma pessoa lida com os acontecimentos apresenta uma certa consistência ao longo do tempo. O que implica que existam alguns tipos de personalidade mais resistentes ou não ao stress. Nas mais vulneráveis temos: pessoas de neuroticismo elevado (apresentam tendência para experimentar afectos negativos, ter ideias irracionais e por dominar menos bem as pulsões, acabando por criar activamente problemas a si próprias sem que de tal se apercebam); pessoas com tendências catastróficas (hiperbolizam os acontecimentos na sua dimensão negativa); os indivíduos hostis (reagem de forma colérica nas situações de stress e têm mais probabilidade de ataques cardíacos e maior taxa de mortalidade), o indivíduo de auto - estima pobre (perturba-se quando se sente criticado ou rejeitado, receia os confrontos e exposição de ideias pessoais, não gosta de tomar iniciativas, costuma ter uma atitude passiva perante os problemas); a pessoa com baixa inteligência emocional (exprime, compreende e lida mal com os fenómenos emocionais; tende a envolver-se em processos de ruminação e regula mal as emoções); o procrastinador (adia intencionalmente tarefas que acha incomodativas ou difíceis, tem dificuldade na gestão do tempo); a personalidade tipo A (tende a ser competitiva, ambicionando o reconhecimento e o prestígio; tem sempre diversos objectivos a concretizar e vive em luta constante contra o tempo); a personalidade dependente (tende a evitar tomar decisões sem o conselho de outras pessoas, não gosta de exprimir desacordo, de assumir responsabilidades ou de iniciar projectos só; sente-se indefesa e insegura em situações em que está isolada).Quanto às personalidades consideradas mais resistentes ao stress temos as pessoas com um bom auto – conceito (mostram-se activas e confiantes, costumam estabelecer um bom contacto com os outros e a perspectivar as situações como não ameaçadoras o que facilita uma adaptação adequada); as com um bom sentido de humor (o que minimiza os acontecimentos menos positivos e promove o convívio social e a aproximação interpessoal) e as optimistas (são usualmente mais perseverantes e mais tolerantes perante adversidades, tendem a confrontar-se com as situações resolúveis e a aceitar as que não podem alterar, evitam mecanismos de negação ou de afastamento dos problemas e costumam cuidar melhor da sua saúde). Neste contexto já se efectua em Portugal, experiências educativas que visam educar para o optimismo, sendo autores de referência Helena Marujo e Luís Neto.
4.2. Estratégias
Para Posen (2003), a maior parte daquilo que fazemos consciente ou inconscientemente, pode ser considerado como estratégias para lidar e reduzir o stress. Distingue entre as estratégias prejudiciais ou pouco sensatas (fumar, consumir álcool, comer em excesso, uso de drogas, desistência, ter pena de si próprio, culpabilização) e as saudáveis ou cons-trutivas (praticar desporto, relaxar, alimentação equilibrada, realizar actividades recreativas, assertividade, fazer pausas, usar o sentido de humor).A eficácia das estratégias, segundo Snyder e Dinoff (1999), é avaliada pela capacidade que têm em reduzir de imediato a perturbação sentida, assim como, em evitar em termos futu-ros o prejuízo do bem – estar ou da saúde da pessoa.As estratégias podem ser centradas: no problema, nas emoções e na interacção social.As estratégias centradas no problema tendem a ser usadas quando o stress é sentido como pouco intenso e a situação é tida como controlável e resolúvel. Levam ao confronto e resolução das dificuldades.As estratégias focadas nas emoções ou no seu controlo são mais utilizadas quando o stress é sentido como mais grave e a pessoa está convicta de que tem poucas possibilidades de resolver o seu problema.Estas estratégias podem ser úteis quando efectivamente nada mais se pode fazer para resolver a situação, ajudam a distanciar de forma transitória o problema, a considerá-lo mais objectivamente e a reorganizar meios de confronto. São prejudiciais quando evitam o confronto com uma situação resolúvel ou trazem malefícios a médio ou longo prazo.


Mecanismos mais utilizados para reduzir os estados de tensão emocional desagradáveis. Baseado em Vaz Serra (2005). As estratégias focadas na interacção social, dependem de três aspectos: dos recursos da rede social em que a pessoa está inserida, do comportamento de apoio que recebe (seja de amigos, conhecidos ou profissionais) e da avaliação subjectiva desse apoio.
4.3. Tratamento do stress
Vaz Serra (2005), defende que em termos de estratégias de tratamento todas as medidas que melhorem a percepção de controlo, ajudam a esbater os efeitos do stress. De modo semelhante, todas as estratégias que mobilizem o apoio social (ajuda de familiares, amigos e conhecidos) podem auxiliar. Nas situações em que a pessoa se torna vítima do seu próprio estilo de vida será importante que o altere. Todavia nunca é demais ressalvar que um estilo de vida saudável passa por um equilíbrio entre as exigências, as aptidões e os recursos que o indivíduo possui, pelo controlo de peso que implica uma dieta equilibrada, por exercício físico regular e por uma filosofia de vida centrada no humor e no optimismo, associado ao esforço para descobrir facetas positivas em circunstâncias que aparentemente são apenas negativas.Para tratar uma pessoa que esteja em stress no sentido de o reduzir é importante conside-rar os seguintes aspectos: 1 - Clarificação das causas, isto é, tem que ser feita uma correcta avaliação das situações (quer externas quer internas) que provocam stress.2 - Que a pessoa aprenda a usar os seus recursos e/ou melhore as suas aptidões.3 - Necessidade de confronto com a situação adversa utilizando os recursos e/ou o que aprendeu.4 - Que a pessoa se identifique e reconheça como a responsável pela mudança obtida, ainda que supervisionada por ajuda profissional.5 - Aprender a aceitar o que não tem mais solução.Por último, há um aspecto que é fundamental que consiste em implementar determinados hábitos quer sejam psíquicos ou físicos, ou seja, um estilo de vida que aumente a resistência ao stress.

Visita de Estudo à Direcção Regional de Pescas


No passado dia 17 de Outubro de 2007, a turma 11º31 realizou uma visita de estudo à Direcção Regional de Pescas do Funchal, com o intuito de complementar as aulas de Geografia, visto que o primeiro tema do 11º ano na disciplina são os “Recursos marítimos”.
A visita foi coordenada pela professora Filomena Soares e teve início pelas oito horas e trinta minutos da manhã, terminando por volta das doze horas e trinta minutos da tarde.
Depois da chegada ao Porto do Funchal, a turma teve algum tempo para observar as instalações e tirar algumas fotografias. Em seguida, iniciou-se a visita.
Numa primeira fase pudemos falar com o Sr. Ferreira, um pescador do barco “Rainha Santa”. Este pescador serviu-nos como testemunho, visto que já trabalhou na pesca do peixe-espada preto trabalhando, actualmente na área pesca da “Ruama”. Assim, este pescador pôde falar-nos um pouco de dois tipos de pesca já praticados por ele: a longínqua e a costeira. O Sr. Ferreira para além de caracterizar os dois tipos de pesca, ainda classificou, como “muito rigorosa e difícil” a pesca do peixe-espada preto e devido a estas características é que mudou de tipo de pesca. Para uma mais fácil, a pesca da “Ruama”. Em relação à frota, o pescador classificou-a como razoável e acrescentou que hoje em dia já tem melhores equipamentos (arcas frigorificas e sistemas/ utensílios que facilitam a actividade).
Por fim, um elemento da turma colocou uma questão ao pescador – Para si quais os maiores problemas da pesca da Região? - Obtendo como resposta a inexistência de fábricas de transformação do peixe, causando a ida de aproximadamente dez toneladas de peixe, com dimensões muito pequenas, para o mar (já mortos), por semana em vez de ser aproveitado para o fabrico de farinha e o facto de os pescadores madeiren-ses não poderem ultrapassar à ZEE (Zona Económica Exclusiva) madeirense, pois não lhes é permitida a navegação em águas pertencentes à ZEE de Portugal continental.
Para além do Sr. Ferreira ainda pudemos ter o privilégio de falar com o Sr. Fernando, outro pescador do barco “Lola”, que realmente tem uma história de vida muito interessante, pois já foi pescador nos Estados Unidos, Panamá, Colômbia, México, Equador e Ilhas de Samoa. Este pescador já teve uma postura diferente da do outro pescador pois já viajou por muitas águas e isso faz de si uma pessoa mais bem informada sobre té-cnicas de pesca. O Sr. Fernando classificou de imediato a nossa pesca, pois afirmou que esta “é uma miniatura das outras pescas que já praticou”, tanto a nível da frota como da venda do peixe, dizendo que aqui as vendas são muito menores, fazendo com que cada vez mais haja pessoas a quererem ir para outras águas e outros países praticar esta actividade, embora afirmasse que o que se aprende fora do nosso país não lhes sirva para nada aqui, visto que tudo é muito menos desenvolvido. O Sr. Fernando ainda nos falou dos pei-xes que mais pescou fora (gaiado e atum).Na segunda parte da visita pudemos visitar o local onde o peixe é pesado, separado em caixas e em sacos e onde este é guardado, ou seja, em túneis de refrigeração.
Esta parte da visita foi guiada pelo Sr. Jaime Vasconcelos, que nos mostrou e falou da maneira como o peixe era tratado, ou seja, este após a chegada ao porto é pesado, colocado por cima um papel com o número do lote e enviado para a lota.
Entretanto, após a passagem pela lota o peixe que sobra é colocado em caixas com gelo e colocado em túneis a uma temperatura de aproximadamente vinte e cinco graus negativos. Nós pudemos ver e entrar nesses túneis de refrigeração e assim ver como é exactamente o congelamento do peixe.
No seguimento da visita aos túneis de refrigeramento do peixe, fomos ate à Lota, tendonos sido apresentados os aspectos principais daquela área. Esta abre à meia-noite, pois os pescadores chegam ao porto por volta das três horas da manhã e, como durante a viagem de regresso eles já vão separando o peixe por tamanhos, quando chegam ao porto é só passar pela balança para que sejam enviadas as caixas para a lota. Depois, pelas cinco/seis horas da madrugada, é feito o leilão para a venda do peixe, a partir de um sistema informático. Este leilão processa-se de uma maneira muito rápida e simples.
Na lota, existem dois monitores nos quais são apresentadas as informações sobre o peixe que está a ser leiloado, tais como, lote, espécie, barco, avisos, caixas, tamanho, frexx, comprador, peso e resultado. O leilão processa-se do seguinte modo: cada comprador tem um comando programado com o seu código (de comprador de peixe), depois no ecrã vão aparecendo os dados do peixe, o preço vai-se alternando até haver alguém a carregar no botão do comando, quando isto acontece, esse lote é vendido e o primeiro comprador a carregar no botão desloca-se à secretaria para lhe ser dado o recibo da sua compra. Depois é só ir buscar o peixe.
Entretanto seguiu-se a passagem pelo laboratório. Aqui, fomos acompanhados pela Dr.ª Filomena e pela Dr.ª Ana Rita onde ficámos a conhecer o que é lá feito e de que maneira, tendo-nos sido ainda possível visualizar dois estudos que estavam a ser feitos no momento - o estudo da reprodução da lapa e o estudo da idade da cavala a partir da observação dos otolitos da mesma.Este laboratório não trabalha sozinho, pois tem a colaboração de várias instituições.
O laboratório do Centro Regional das Pescas tem como objectivo fazer mostragens dos peixes da Madeira (tunidios; espada; chicharro; cavala; pargo; cherne e garopa), estudando os metais pesados nos peixes madeirenses.
A partir dos estudos aqui feitos, é possível chegar a uma conclusão sobre o futuro das pescas na Madeira, se devem existir limitações de captura, os períodos de desova das diversas espécies, etc.Para finalizar a visita visualizámos um filme apresentado pelo técnico Paulo Henriques, sobre as diferentes técnicas de pesca e de espécies.
Em primeiro lugar, foi-nos mostrada a filmagem de uma ida ao mar com um barco comer-cial (catorze a quinze metros) para praticar uma pesca “longínqua”, ou seja, pesca do peixe-espada preto.
Estes barcos antes de seguirem para o mar são enchidos de gelo picado, visto que não têm arcas, e são também carregados com caixas de lulas salgadas, lulas estas que já foram limpas e cortadas às tirinhas, pois é este o isco preferencial da espada. Depois, por volta das três horas da tarde, saem para o mar com uma viagem prevista para dez ou quinze dias e que pode exigir dezassete a dezoito horas de trabalho consecutivas.
Estes dias de serão, passados com muito trabalho, a água doce existente é apenas para consumo, ou seja, os pescadores não tomam banho durante essas viagens.
O trabalho torna-se muito rigoroso devido ao facto de ser uma pesca artesanal, pois apenas as bóias são puxadas pelos oladores, e por isso é que são necessárias tantas pessoas a trabalhar nos barcos (cerca de dez).E começa a dura e rigorosa viagem. Enquanto o barco avança até ao local de pesca os tripulantes vão preparando os anzóis, ou seja, vão colocando duas tiras de lulas em cada anzol (cento e vinte e cinco anzóis por cada banheira), um branco e outro preto de maneira a parecerem-se com os tentáculos das lulas no fundo do mar.Depois aos mil e cem metros da costa, é lançada a primeira bóia e os cento e vinte e cinco anzóis de cada banheira ao mar, indo o barco à velocidade máxima nesta altura, de maneira a que o aparelho fique esticado. Após a largada de todos os iscos e passado algum tempo, por volta das três horas e meia da manhã, inicia-se a recolha do aparelho. As espadas já chegam à tona mortas, devido à diferença de profundidade (1500metros), o que traz algumas consequências para os pescadores, pois por vezes os tubarões e as lulas aparecem e começam a comer todas as espadas o que traz um grande transtorno para o barco de pesca.Enquanto o aparelho é recolhido já são preparados os anzóis para a próxima largada ao mar, sendo este ciclo repetido de quatro a cinco vezes.No fim, após ter o barco cheio dá-se o regresso do barco a descarga do peixe a separação e a venda.
Em seguida, vimos a técnica de pesca do atum. Uma pesca mais fácil e não tão trabalhosa, feita de uma maneira diferente da espada. É feita por saltivara, ou seja, ou através de uma vara feita de cana de bambu com um anzol (utilizada para atuns de pequeno porte), ou por um salto, que consiste numa vara de madeira também com um anzol (utilizada ara atuns de grandes dimensões). Para esta pesca, são necessários iscos vivos, isto é, chicharro ou cavala, dai ser a captura destes iscos a primeira coisa a fazer durante a viagem. Depois, estes iscos são colocados em poços e alimentados com peixe moído.
A pesca do atum é feita durante o dia, pois os cardumes são localizados a olho nu, por vezes com o auxílio de binóculos e noutras vezes devido à reacção das aves.
Quando é localizado um cardume mas se este se encontra muito perto da embarcação, é deitado ao mar o isco luminoso (suquete, composto por duas tiras de bóias antigas luminosas), de maneira a que a captura seja mais rápida, visto que este isco pode ser lançado ao mar várias vezes consecutivas.Quando ainda há tempo, ligam-se os jactos de água para proporcionar um mar mexido o que atrai o atum. Entretanto começa-se a lançar o isco vivo ao ao mar e os anzóis. Com a chegada do atum à superfície com um gancho é dada uma pancada na parte da cabeça do atum para que este tenha uma morte rápida e para que haja qualidade naquele peixe. Depois o processo é o mesmo, quando o barco está cheio regressam ao porto dá-se a descarga a passagem pela balança e a venda.
Posteriormente, seguiu-se a técnica de pesca da Ruama (cavala, chicharro, gelro, sardinha e boga). A pesca da Ruama é uma pesca costeira e muito mais fácil do que os ou-tros dois tipos de pesca que nos foram apresentados. É utilizado o método de pesca por cerco, através de redes de pesca, dai a necessidade de existirem duas embarcações.
Os pescadores utilizam luzes fortes para aproximarem os cardumes, depois enquanto uma embarcação mais pequena vai deitando o iodo ao mar, a outra, ou as outras, vão fazendo o cerco, passado algum tempo este é puxado para dentro do barco com o auxílio do olador.
Durante a viagem de regresso ao porto o peixe já é separado por tamanhos em caixas, de maneira a que quando chegarem ao porto ser tudo mais rápido, pois basta pesar colocar o lote e seguir para o leilão.Para além dos três tipos de pesca praticados na Madeira, no filme, ainda pudemos ver alguns locais madeirenses onde é praticada a aquicultura, como por exemplo as trutas do Ribeiro Frio, isto em água doce e alguns recifes criados no mar madeirense, como por exemplo através de um autocarro velho, de cubos e torres de cimento. Estes recifes foram criados com o intuito de fazer estudos sobre os ecossistemas, através da recolha de amostras. Ainda pudemos saber como funciona uma reserva natural de dourada, ou seja, a partir de jaulas of shore, em que são recolhidos os peixinhos ainda pequeninos (com duas gramas) e colocados em quatro jaulas unculares até atingirem as quatro gramas, isto porque depois deste peso são transferidas para uma outra jaula construída em aço e preparada para aguentar com uma ondulação até cinco metros.
Quando as douradas atingem as trezentas e cinquenta gramas são mortas devido à sua colocação em caixas com gelo.E assim acabou a nossa visita.
A partir dela, para além de enriquecermos a nossa cultura geral sobre a pesca, conhecendo as técnicas e as infraestruturas existentes na nossa Região, pudemos assim completar os nossos conhecimentos para a disciplina de Geografia sobre o assunto para o 1º teste, a 24 de Outubro de 2007.
Em relação às infraestruturas portuárias, concluímos que até temos boas condições em terra, pois já se está a apostar nas novas tecnologias (como, por exemplo, o facto do leilão ser feito de maneira informática).
A partir do que observámos e do que nos foi dito, percebemos que, infelizmente, a mão-de-obra continua envelhecida e sem formação na área, embora agora já esteja a ser pedido o 6º ano e o 9º ano de escolaridade para trabalhar neste sector. Para além disto, agora muitos já optam por fazer um curso que tem a duração de três meses.Para tirar a carta de mar é exigido o 9º ano de escolaridade.
Quanto ao destino do pescado, uma parte é para venda às indústrias e outra é para o leilão que é feito todos os dias por volta das seis horas da manhã, na lota.Na minha opinião, esta visita foi muito gratificante visto que fiquei a conhecer de uma maneira mais directa a realidade das pescas na minha Região.
Conselhos: - Nunca congelar o peixe solto, ou seja, a contactar directamente com o frio, deve ser sempre congelado dentro de um saco.- Nunca descongelar o peixe em água.- Nunca comer peixe “Escolar” fresco, porque este é muito forte e provoca diarreia. Dica: - Se tem muito peixe no congelador e acha que este se vai estragar, tire-o do congelador, passe por água fria e volte a colocar num saco no congelador, esse peixe pode ser utilizado nos próximos três anos porque estará sempre bom.

Anita Rodrigues - 11º 31