quarta-feira, 25 de março de 2009

Associação Protectora dos Pobres (APP)




1. Historial

A fundação da Associação Protectora dos Pobres (A.P.P) remonta ao século XIX, mais precisamente ao ano de 1889.
Em 1931, o Sr. Tenente Domingos Cardoso foi convidado pelo Sr. Governador Nosolini para dirigir esta instituição de apoio aos mais desfavorecidos. Durante a II Guerra Mundial, a distribuição de almoços ocorreu no Palácio da Junta, mudando, em 1938, as instalações para o frigorífico da Junta Agrícola.
Na última década do século XX (1993), implementou-se uma nova configuração de auxílio aos utentes: para além de “matar a fome” aos mais carenciados, a Associação Protectora dos Pobres apostou numa estratégia pedagógica e socializadora que visava a adaptação desses utentes a novos actos de vida social e/ou dar oportunidades a mantê-los.
O melhoramente do almoço e a introdução de novas refeições foi possível quatro anos depois, em 1997. A mudança para as instalações provisórias à Rua das Hortas, em 1999, permitiu o restauro do prédio existente, permitindo uma melhor resposta e maior diversidade de serviços disponibilizados — serviços essenciais. Por outro lado, o Apoio Social a nível de acompanhamento e aconselhamento da integração social e saúde dos utentes foi sendo cada vez mais aperfeiçoado. Neste ano, deu-se início às demolições na Sede, com o intuito de adaptar as instalações aos serviços necessários à realidade desse tempo, da população recorrente.
Em 2001, a abertura do Centro de Acolhimento Nocturno fez-se a título de experiência piloto. Paralelamente, inaugurou-se a restauração da Sede com a oferta de uma multiplicidade de valências: Fraldário, Balneários, gabinete de Apoio Social, Refeitório, Rouparia, Lavandaria e Sala de Convívio.
Desde 2002, a introdução de actividades capazes de estimular a inserção social destes grupos de risco (alcoólicos, toxicodependentes, doentes mentais, desempregados, etc…) a nível do Ensino Recorrente, da Ocupação dos Tempos Livres, de Sessões de Educação para a Saúde, de Reuniões Anti-Alcoólicas e de Aconselhamento, de Passeios terrestres e marítimos, de Visitas de estudo e de Acções de Formação diversas, permitiu uma oferta multifacetada e globalizante no atendimento e acompanhamento de cada um dos utentes.

2. Que objectivos norteiam a A.P.P?

Envolver nas diferentes actividades utentes com hábitos/rotinas prejudiciais à sua saúde, ao seu bem-estar e que geram exclusão social, proporcionar novos conhecimentos, motivar e educar para comportamentos saudáveis e socialmente aceites, introduzir aos utentes rotinas diárias saudáveis, facultar autonomia e espírito de iniciativa, deixando o utente livre a desenvolver ideias próprias, fomentar o espírito de companheirismo e de grupo, proporcionar aos utentes contactos com outras realidades, evitar que os utentes sejam expostos a pressões exteriores negativas por parte de antigos grupos e motivar os utentes para o cumprimento de objectivos são as metas desta instituição.


3. Quem pode recorrer à A.P.P.?

A APP pretende abranger aqueles que têm problemáticas a nível de alcoolismo, toxicodependência, ausência de apoio familiar, desemprego prolongado, exclusão social, baixas pensões sociais e de invalidez, deficiência física e/ou psíquica e/ou sem abrigo.
Há dois tipos de utentes inscritos na APP: o utente provisório e o utente efectivo.
O utente provisório é aquele que, após ser avaliada a sua situação de vida actual, pelos serviços competentes desta instituição, por encontrar-se em situação de marginalidade, pobreza ou exclusão social, pode frequentar os serviços prestados na mesma, segundo as suas necessidades prioritárias, num período máximo de três meses. Para aceder à credencial de utente provisório, é necessário apresentar a documentação comprovativa da sua situação exigida pela APP.
Durante o período de utilização destes serviços de apoio, o utente deverá cumprir, na íntegra, todas as regras expostas a nível do equipamento disponível, bem como respeitar os funcionários e restantes utentes não se envolvendo em agressões verbais e/ou físicas no interior e/ou no exterior da instituição, sob pena de ver cancelado o apoio social que recebe.
O utente efectivo é aquele que no termo dos três meses de boa utilização dos serviços, e após uma reavaliação da sua situação actual, (caso esta coincida com o propósito institucional), fica a usufruir de todos os serviços, até ter capacidade para refazer a sua vida sem necessitar do apoio da instituição, independentemente da sua integração social.
Qualquer utente que esteja por um período igual ou superior a seis meses, sem frequentar regularmente os serviços prestados pela Associação protectora dos Pobres, fica com a sua inscrição caducada, deixando de poder utilizar as instalações, salvo apresente documento justificativo do tempo em que não compareceu na instituição.


4. A A.P.P. na voz da Directora de Serviços

Segundo a Directora de Serviços, D. Luísa Pessanha, a Associação protectora dos Pobres tem funcionado ininterruptamente, desde o momento da sua fundação e apoia, indistintamente, portugueses ou estrangeiros, legais ou ilegais.
Com o passar do tempo, a Direcção tem apostado numa diversificação de actividades e de recursos humanos que possam rentabilizar um trabalho difícil de ajuda aos mais carenciados.
O apoio financeiro a esta instituição tem várias proveniências: um subsídio anual oriundo dos Estados Unidos, um subsídio mensal assegurado pelo Centro de Segurança Social da Madeira, o montante da verba relativa ao parque de estacionamento da Rua das Hortas (até Março 2009), algumas coimas do Tribunal da Justiça e alguns donativos de particulares.
Qualquer pessoa, empresa ou instituição pode apoiar a A.P.P, através da lei do mecenato. Efectivamente, alguns donativos têm sido assegurados, quer em géneros, quer monetariamente. Roupas e alimentos são os donativos mais comuns.
Os bens que mais escasseiam são calçado, roupa interior, lençóis e cobertores para fazer face à extrema pobreza dos utentes, maiores de dezoito anos. Porém, apesar de esta instituição apoiar apenas adultos, transversalmente acaba por apoiar o “ser social”. Assim, qualquer donativo, mesmo para crianças, é sempre bem recebido, dado que os casos de extrema pobreza acabam por afectar a relação social e a integração da pessoa humana, quer na sua própria família, quer na sociedade. Facultar um brinquedo ou uma peça de vestuário infantil a um adulto carenciado – que não pode comprar para oferecer a um familiar próximo – é uma forma de contribuir para o bem-estar emocional do utente em causa e dos que com ele convivem.
A gestão dos donativos é feita sempre na tentativa de poder utilizar materiais que possam ser recicláveis e adquiridos a um preço económico. A gestão da compra é determinada frequentemente em função das actividades que são realizadas e das épocas festivas celebradas na Região Autónoma da Madeira.

Todas as pessoas que trabalham na Associação protectora dos Pobres fazem-no a tempo inteiro: um Sociólogo, um professor de 1º Ciclo, destacado pela SREC, que assegura o Ensino Recorrente e o Animador Social da instituição, responsável pelas actividades ocupacionais de reabilitação das capacidades de trabalho, de socialização e de autonomia. Apenas a ocupação dos tempos livres permite a admissão de voluntários dinamizadores de diferentes actividades: trabalhos manuais, pintura, etc.

Como Directora de Serviços desta instituição, há já dezasseis anos, a D. Luísa Pessanha sente que o seu trabalho com os utentes é uma mais-valia: gosta de ajudar, orientar ou integrar os “mais pobres dos pobres”. A gratidão e o respeito destas pessoas é “a garantia maior” de que as lutas que trava no dia-a-dia são válidas.

Como Directora, reconhece que o nome da instituição possa ser “depreciativo”. Porém, o historial relevante da mesma determina que permaneça como “Associação Protectora dos Pobres” da Madeira.



A D. Luísa Pessanha gostaria também de sentir da parte da sociedade em geral uma maior consciencialização, não só ao nível do apoio financeiro que a A.P.P necessita mas, sobretudo, nas possibilidades de resposta de integração social. “Temos de saber aceitar”, lembra, com emoção. “De que serve um trabalho diário de apoio ao nível da satisfação das necessidades básicas, de desenvolvimento de auto-estima, de incentivo à esperança de uma vida melhor – com trabalho e autonomia – se a sociedade fecha as portas a essa integração?”

Aos jovens da Escola Secundária Jaime Moniz, a Directora de Serviços da Associação Protectora dos Pobres lembra:

“Tenham cuidado! Não procurem alternativas ao bem-estar, recorrendo às drogas! A maior parte dos jovens que frequentam a instituição devem a sua MISÉRIA ao ÁLCOOL e à DROGA!”

Fotos de alguns dos trabalhos desenvolvidos pelos utentes da APP nas actividades ocupacionais.
Foto Álbum

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