Fotos da Exposição
sobre o Tempo (átrio da escola), da autoria do Banco do Tempo
Esta foi a imagem escolhida para
caracterizar o heterónimo de Fernando Pessoa, Ricardo Reis. Na poesia deste
heterónimo, o rio é a metáfora da efemeridade da vida e da brevidade do tempo,
que corre sem parar (“Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa”). Reis,
defende ainda que a vida deve ser vivida em ataraxia, de forma tranquila
(“Sossegadamente, fitemos o seu curso e aprendamos”). Nesta imagem, podemos
observar, inequivocamente, as pessoas a observar o rio a passar, em plena
tranquilidade, tal como Ricardo Reis e Lídia, no poema “Vem sentar-te comigo,
Lídia, à beira do Rio”.
Escolhemos
esta imagem para caracterizar Alberto Caeiro, o poeta pastor. Este heterónimo
vive com naturalidade, simplicidade e ingenuidade (“Minha alma é como um
pastor,”). Caeiro é defensor do antiabstracionismo (“Procuro encostar as
palavras à ideia/ E não precisar dum corredor/ Do pensamento para as palavras”),
da antifilosofia (“Eu não tenho filosofia, tenho sentidos”) e antimetafísica,
isto é, nega o que não vê, é um poeta das coisas palpáveis e concretas. Ao
observarmos a relva, na imagem, é inevitável não a associarmos a este mestre de
Fernando Pessoa, pela forma como nos apelam aos seus versos irregulares (observável
no poema “O Guardador de Rebanhos”), que são escritos com naturalidade. As
mesas e a parede representam objetos concretos e palpáveis, sendo que os mesmos
nos remetem para o caráter antimetafísico e agnóstico do poeta.
Escolhemos esta imagem para
retratar Álvaro de Campos, visto representa indubitavelmente o ambiente
citadino e industrial, que tanto influencia o estado de espírito do poeta. As
luzes das lâmpadas elétricas e as luzes néon dos semáforos, dos carros e dos
painéis publicitários representam a azáfama, a dinâmica, a velocidade, a
modernidade e a energia (mecânica e elétrica) da cidade, local de eleição para
Álvaro de Campos que tanto admira e deseja carnivoramente (“Rasgar-me todo,
abrir-me completamente, tornar-me passento / A todos os perfumes de óleos e
calores e carvões / Desta flora estupenda, negra, artificial e insaciável!”). A
mistura de cores eletrizantes, a multiplicidade de estradas, caminhos e a
existência de inúmeros objetos tecnológicos remetem-nos para o facto de este
heterónimo viver em delírio, em êxtase, enfim, num sensorialismo exacerbado, (“Tenho
os lábios secos, ó grandes ruídos modernos”), tentando intensamente captar a
multiplicidade do mundo moderno (“Amo-nos a todos, a todos, como uma fera”).
Marco Correia nº 19 e Maria Clara
Alves nº20, 12º3
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