segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

O Liceu durante a Monarquia Constitucional (1837 - 1910): Os Alunos

Monarquia Constitucional (1837 - 1910):
Os Alunos

Se analisarmos o número de alunos inscritos desde a sua criação 1837 até 1910 podemos constatar um crescimento pouco acentuado, denotando pouco interesse e escassa motivação, quer dos pais, quer dos alunos.

É curioso verificar que nos 74 anos de vigência do Liceu, durante a monarquia, o número de alunos oscilou entre 44, em 1837, e 206 em 1910. No ano lectivo de 1909 -1910 encontramos, pela primeira vez, duas alunas inscritas. A desmotivação e a falta de interesse dos alunos é-nos dada, através de diversas fontes documentais e revelavam-se de diversas formas: altos níveis de reprovação nos exames, ausência dos pais nos diversos actos da escola, actos de indisciplina frequentes.Dez anos após o começo do Liceu, no dia 23 de Novembro de 1847, o reitor comunica ter havido vários distúrbios feitos pelos estudantes, nomeadamente terem “enleado com verga de ferro a porta do pátio das aulas entre o meio dia e uma hora da tarde enquanto funcionavam duas cadeiras; o haverem obstruído com breu os fechos da referida porta e inutilizado a chave da porta dos privados e, finalmente, o haverem desatendido e maltratado o guarda das aulas por várias vezes (...) e terem faltado ao respeito ao professor a maior parte dos alunos da aula de gramática”.7Aquando da realização dos exames em Junho de 1850, o reitor, em tom de mágoa, afirma que às três sessões de exames assistiu o Senhor Conselheiro Governador Civil e ou-tros mais espectadores, contudo sendo muito para notar que nem um só dos pais ou ou-tros superiores dos alunos tenha julgado este acto digno da sua presença. Na sessão solene de 10 de Outubro de 1853, o reitor alerta para a indiferença dos estudantes na realização de exames de algumas disciplinas e conclui ser de “grandíssima conveniência buscar algum meio que despertasse no coração da mocidade escolástica o amor do estudo e o desejo de dar uma prova pública de sua aplicação e aproveitamento.” Como medida de incentivo à frequência do liceu, além da prevista na lei - a preferência de admissão aos empregos públicos conferida aos que tiverem título dos estudos feitos no liceu - propôs que da quantia do orçamento para despesas do expediente se destinasse uma porção para a compra de três medalhas, uma de ouro e duas de prata de modo a premiar os alunos que melhor de distinguissem, não só no aproveitamento escolar, mas também de frequência regular acompanhada de comportamento irrepreensível e exemplar.De entre os alunos, merece realçar Jaime Constantino Moniz que será uma das figuras mais prestigiadas no campo do ensino em Portugal, sendo o autor da mais importante reforma do ensino secundário (1894/95) e em sua memória, o liceu passará a designar-se Liceu Central de Jaime Moniz a partir de 1919, como forma de perpetuar um dos nomes mais notáveis na vida intelectual de Portugal.No ano lectivo 1853-1854, com 16 anos, Jaime Constantino Moniz matriculou-se, como aluno ordinário, para seguir o curso da primeira, segunda e terceira cadeiras, como podemos constatar através do termo de matrícula nº 22.8

Jorge Moreira - Grupo 400
(Na foto, Jaime Constantino Moniz)

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