segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

O LICEU DURANTE A REPÚBLICA (1910 – 1926): Alunos


O LICEU DURANTE A REPÚBLICA (1910 – 1926):


Alunos


As tentativas de democratização, a todos os níveis, introduzidas pelo regime repu-blicano, possibilitaram um maior acesso dos alunos à escolarização secundária.Se fizermos um estudo comparativo entre o número de alunos que frequentaram o Liceu, nos últimos anos da monarquia e durante a República, verificamos que houve um crescimento acentuado.Durante a Monarquia, o número de alunos oscilou entre 100 e 150, enquanto que, durante a República, ultrapassou o limite de 200, com excepção dos anos lectivos de 1923-24 e 1924-25. No ano lectivo de 1918-19 o número de alunos atingiu a cifra de 370, devido às novas expectativas geradas pelo fim do primeiro conflito à escala mundial.Como explicar este aumento substancial de frequência de alunos? A meu ver, várias causas poderão ajudar a compreender esta tendência para o crescimento. A República trouxe novas perspectivas de promoção das classes sociais mais desfavorecidas e pugnou pela melhoria da instrução e do ensino, sensibilizando a opinião pública para a importância da educação, como um dos factores mais importantes para o desenvolvimento do país.Nos primeiros sete anos do regime republicano, o número de alunos mantém-se estacionário: em 1910 - 1911, o número de alunos era de 232 e em 1916 - 1917, o número era de 238, ou seja, durante este período houve apenas uma ligeira oscilação de 6 alunos. A partir de 1917 -1918 até 1919 - 1920 a frequência dos alunos ultrapassou o limite de 300, com um máximo de 370, em 1918-1919. Uma explicação plausível para este “boom”, poderá ter sido o fim das hostilidades da Primeira Guerra Mundial, gerador de novas oportunidades e o términus do isolamento forçado a que o arquipélago esteve sujeito, imposto pela conjuntura de guerra, e que foi responsável por uma situação de desespero e de falta de confiança num futuro melhor.

Após este impulso de entusiasmo, surgiu, de novo, uma onda de pessimismo provocada pela crise, pela recessão em que mergulhara a “Velha República”De facto, a partir dos anos 20, o número de alunos baixou de uma forma acentuada, chegando a atingir o número de 171 alunos, muito inferior àquele que marca o fim da Monarquia, conforme nos mostra o gráfico III.É de realçar que a generalização da entrada de alunas no Liceu do Funchal, iniciou-se com a implementação do regime republicano. Podemos observar esta tendência através do quadro III. Verificamos que as flutuações, quanto à frequência dos alunos, número total, e a frequência de alunas, é semelhante.

Qual a proveniência dos alunos que frequentavam o Liceu? Qual era o afluxo dos jovens das zonas rurais à instrução secundária?Após uma análise aturada e exaustiva, concluí que a grande maioria provinha da zona urbana, devido às melhores condições de vida, à proximidade e ao maior grau de cultura das gentes que viviam na urbe, com uma percentagem que oscilava entre 65% e 70%. As zonas rurais detinham uma percentagem variável, entre 25% e 27%, compreensível se tivermos em conta as enormes dificuldades, quer de acessos (quase inexistência de rede viária) , quer ao nível dos recursos financeiros que eram parcos. Do exterior, quer da metrópole, quer das colónias, quer das zonas tradicionais de emigração madeirense, provinham alunos que normalmente acompanhavam os pais que, ora eram destacados em comissões de serviço, como militares, entidades governativas ou chefias, ora regressavam à terra natal, após uma ausência, mais ou menos prolongada, como emigrantes, à procura de uma vida melhor. É curioso verificar que, apesar de a Madeira ser uma ilha pequena, tinha filhos seus, em terras longínquas: Demerara (Guiana Inglesa, zona de grande incidência emigratória no séc. XIX, devido à forte presença inglesa na Ilha e devido à sua economia estar, fortemente dependente da cana sacarina, actividade familiar dos madeirenses), Paramaribo (Guiana Holandesa), Rio de Janeiro, Santos, Pará, Belém (Brasil), S. Antão, Tarrafal, Praia (Cabo Verde), Ilha Trinidad (Antilhas Holandesas), Ambriz, Lubango, Benguela, Luanda, (Angola), Zambézia, Lourenço Marques, Quelimane (Moçambique), S. Tomé, Açores.Da metrópole vinham alunos de todos os distritos, sendo a maioria de Lisboa. Acompanhavam os seus familiares que para aqui se deslocavam, temporariamente, em comissão de serviço.

Jorge Moreira - Grupo 400

Sem comentários: