segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

O LICEU DURANTE A REPÚBLICA (1910 – 1926): O Liceu Central do Funchal como única Instituição do Ensino Secundário


O LICEU DURANTE A REPÚBLICA (1910 – 1926):


O Liceu Central do Funchal como única Instituição do Ensino Secundário


É no contexto de crescimento da cidade do Funchal, embora limitado pelos condicionalismos da insularidade, fora dos grandes centros de decisão, que se enquadra o Liceu Central do Funchal, como único estabelecimento de instrução secundária, dependente do Ministério do Reino.Por isso, não nos admira que as autoridades, que se encontravam à frente dos destinos da governação, tivessem um carinho muito especial pelo Liceu, reconhecendo o papel de relevo que ele desempenhava na promoção sócio-económica e educacional dos jovens e, também, no enriquecimento cultural das gentes do arquipélago.O prestígio que gozava o Liceu era atestado pelos inúmeros ofícios enviados à Reitoria pelas entidades locais, aquando da tomada de posse, nos quais comunicavam terem assumido determinados cargos e oferecendo a sua colaboração.Verificamos que apresentaram comunicações da tomada de posse Governadores Civis do Distrito, Presidentes da Comissão Administrativa, Comissão Administrativa da Câmara, Juíz do Distrito, Cônsules dos Países Baixos, da Bolívia, dos Estados Unidos do Brasil, Chefe de Repartição de Finanças do e Comissário de Polícia Cívica do Funchal.Importa, ainda, salientar que quando o reitor se dirigia às entidades, solicitando apoios no sentido de atenuar as enormes carências financeiras, referia-se sempre que era um assunto de grande importância para a cidade e exortava os funchalenses para que protegessem o seu primeiro estabelecimento de ensino.11Apesar de todas as vicissitudes, o Liceu Central do Funchal, depois designado de Jaime Moniz, desde 1919 - em homenagem ao madeirense ilustre, antigo Presidente do Conselho Superior de Instrução Pública e autor da Reforma do ensino liceal de 1895 - desempenhou um papel de relevo no domínio da instrução.Como única instituição do ensino secundário no arquipélago era acarinhada e estimada pelas entidades locais, como oportunamente referi. Contribuiu, ao longo de decénios, para alfabetizar e instruir várias gerações de jovens que, ou ficavam na ilha, na sua esmagadora maioria, contribuindo para o seu desenvolvimento sócio-económico e cultural, ou iam para a metrópole cursar Medicina, Direito ou outros cursos.Foi notória a influência da insularidade e consequente isolamento no seu modo de funcionamento: morosidade no equacionamento das situações, provocadas pela escassez de ligações marítimas; carência endémica de docentes profissionalizados, colmatada pelo recurso, quer a militares que por aqui passavam, acidentalmente, em comissão de serviço, quer a licenciados, bacharéis em medicina ou em direito que exerciam a sua profissão nesta cidade; carência de verbas e de material didáctico, denunciadoras do centralismo sufocante do Governo, sediado em Lisboa.Verificou-se também que a instabilidade política do regime republicano afectou, de uma forma muito sensível, o regular funcionamento deste estabelecimento de ensino, apesar da distância, do efeito temperador da insularidade: actos generalizados de indisciplina, mudança constante de reitores, assaltos, arrombamentos do edifício.Em suma, numa ilha bafejada pela amenidade do clima, mas perdida na imensidão do Atlântico, o Liceu do Funchal constituíu um polo dinamizador no incremento sócio-económico e cultural do Arquipélago.

Jorge Moreira - Grupo 400

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