segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

O LICEU DURANTE A REPÚBLICA (1910 – 1926): As instalações do Liceu e as dificuldades financeiras


O LICEU DURANTE A REPÚBLICA (1910 – 1926):


As instalações do Liceu e as dificuldades financeiras



Em 1881 o Liceu passou para a Casa do Barão de S. Pedro, quase no fim da Rua dos Ferreiros24.Melhorou alguma coisa com a mudança, visto que o primeiro edifício apenas era composto de três salas de aula. No entanto o novo edifício, apesar de ser maior, continuava a ser uma casa velhíssima e com péssimas condições higiénicas25. Em 23 de Outubro de 1913, o reitor informava o Director Geral de Instrução Secundária Superior e Especial de já ter feito sentir, por diversas vezes, ao Governador Civil do Distrito, a imperiosa necessidade da mudança do edifício do Liceu, dadas as más condições pedagógicas. Sugeria, ainda, que essa mudança fosse feita para o antigo Paço Episcopal, edifício amplo e bem situado e alertava para que fossem tomadas as devidas providências, no sentido de se efectuar reparos importantes, cujo custo podia calcular-se “grosso modo” em uns seis a sete contos de reis26. Após aturadas negociações, o Reitor tomou posse do Paço Episcopal e através de um telegrama enviado à Direcção Geral de Instrução Secundária27, no dia 13 de Dezembro do ano 1913, foi efectuada a mudança para as novas instalações, nas férias de Natal. No entanto, deviam ter-se realizado vários melhoramentos importantes para que a adaptação se fizesse em condições, mas faltou o dinheiro do Estado, faltou o dinheiro prometido pela Junta Geral. O Novo edifício, apesar de ter maior número de salas de aulas, continuava a não possuir as condições mínimas para uma verdadeira escola de instrução secundária.A problemática das instalações perpassa todo o regime republicano, agravada pelo desgaste, pela topografia do edifício (rés-do-chão e quatro andares) e pela número crescente de jovens que pretendiam adquirir formação secundária ou superior.Em 1922, novamente, o reitor dirigindo-se ao Presidente do Senado Municipal do Funchal, denunciava as enormes dificuldades que o liceu então atravessava devido à precaridade das suas instalações, escassez de pessoal menor e carência de meios financeiros. “Este Liceu recebe do Estado uma verba verdadeiramente mesquinha em relação às suas múltiplas necessidades, verba que mal chega para o expediente e pequenas beneficiações no edifício. Alguns laboratórios estão ainda em embrião e outros, embora dotados dalgum material estão muito longe de possuir o indispensável. E como V. Exa. sabe, sem o material didáctico necessário não pode haver ensino verdadeiramente profícuo. Mas além dos interesses da instrução, há outros que também afectam directamente o bom nome desta cidade. Os estrangeiros que frequentemente nos visitam, designadamente alguns pertencentes a missões científicas, por vezes vêm ao liceu, e V. Exa. compreende quanto é ve-xatório para todos nós patentear-lhes a penúria do primeiro estabelecimento de instrução pública da cidade. (...)28O estado de penúria era tão evidente, em instalações laboratoriais, que em termos comparativos com os liceus do continente, o nosso liceu jamais poderia igualar-se. “... com os outros Liceus do país que têm excelentes laboratórios e podem, consequentemente, dar aos seus alunos uma melhor preparação. Não se julgue que são poucos os Liceus em boas condições no que respeita a material de ensino: os cinco liceus de Lisboa, três do Porto e o de Braga têm laboratórios que na maior parte chegam a ser opulentos; os de Santarém, Viseu e Aveiro, pelo menos, têm explêndidas instalações. E os restantes liceus do país estão em melhores condições que o nosso...”29Este lamento era revelador do abandono e falta de atenção do poder central em relação aos assuntos desta ilha.Para suprir as enormes carências com que se debatia, o Liceu lançava mão a diversos expedientes: solicitava apoio às entidades governamentais do arquipélago, nomeadamente à Junta Geral do Distrito e à Câmara Municipal do Funchal que todos os anos concediam subsídios imprescindíveis ao funcionamento desta prestigiada instituição de ensino.


Jorge Moreira - Grupo 400

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