segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

O Liceu durante o Estado Novo (1926 - 1974): As instalações


O Liceu durante o Estado Novo (1926 - 1974):
As instalações


Apesar de a partir das férias de Natal de 1913 o liceu ser transferido para o velho palácio episcopal, tendo algumas salas boas, nunca pôde ser encarado como susceptível de se transformar numa boa escola de ensino secundário. Localizava-se numa zona de comércio, por isso movimentada e barulhenta e os terrenos contíguos eram insuficientes para os recreios e recintos desportivos. Além disso, o liceu, para dar resposta às diversas exigências dos serviços, tinha de aproveitar todos os espaços de difícil acesso, situadas num 4º andar para as aulas experimentais e práticas de química e de alugar salas nos prédios vizinhos. Não admira que fosse preocupação constante de todos os reitores e do pessoal docente a procura de uma solução que fosse a definitiva construção de um edifício de raiz.Com o andar do tempo, o velho edifício poucas ou nenhumas condições tinha para a instalação dos serviços do liceu e, lentamente, foram piorando devido ao aumento de frequência. No ano lectivo de 1931-1932, uma comissão de médicos, após uma aturada inspecção, dá o liceu como “impróprio, sendo urgente uma mudança para um edifício devi-damente adequado a tal fim, sob pena de graves prejuízos para a saúde de professores e alunos”. Mais tarde a Junta de Higiene do Concelho do Funchal condena-o também.Em 1933, a Junta Geral do Funchal encarrega uma comissão, constituída pelo reitor do Liceu, Dr. Ângelo Augusto da Silva, pelo Director das Obras Públicas da Junta Geral, Eng. Abel Vieira e pelo Médico Escolar do Liceu, Dr. William Clode, de indicar terrenos para a construção do novo edifício do Liceu. No dia 26 de Setembro a referida comissão reuniu- -se e resolveu, em primeiro lugar, indicar para a presidência o reitor do Liceu e o chefe de secretaria para o cargo de secretário da Comissão. Por proposta do Presidente foram aprovadas as seguintes propostas:1. Que faça parte da Comissão um vogal da Comissão Administrativa da Junta Geral;2. Que seja agregada à Comissão o arquitecto Edmundo Tavares, professor da Escola Industrial do Funchal;3. Que num dos próximos dias se proceda à visita dos terrenos a estudar;4. Que se publique nos jornais um convite, pedindo às pessoas que possuam terrenos de mais de 12.000 metros quadrados, dentro da área da cidade e queiram vender, a apresentar na Reitoria do Liceu as suas propostas.” O papel desta Comissão foi de extrema importância para o apressar de uma verdadeira solução. No entanto, antes da decisão definitiva, a Comissão escolheu um terreno, situado nos Ilhéus, tendo mandado organizar o respectivo anteprojecto e enviado a instâncias superiores um relatório sobre o assunto. Contudo, só em 5 de Dezembro de 1936, o Estado, pelo Decreto nº 26.983, cede o terreno do Hospital Militar à Junta Geral para a construção do Liceu.Conseguido o objectivo fundamental da aquisição de um terreno, a Junta obteve várias facilidades e tomou as medidas necessárias de modo a adjudicar, em Maio de 1940, pela quantia de 4.815.000$00 a empreitada do edifício, com excepção das janelas, à firma Pereira Camacho. O projecto foi elaborado pelo arquitecto Edmundo Tavares, tendo o Eng. Abel da Silva Vieira sido o responsável pelos cálculos e direcção técnica dos trabalhos.As obras de construção do edifício iniciaram-se em Julho de 1940 e decorreram até 1946, ano em que se procedeu à inauguração oficial com a presença de altas individualidades nacionais e regionais. Em 1942 teve de ser adquirido mais terreno, através de novos prédios expropriados, e fez-se a adjudicação a outra firma dos primeiros e mais importantes trabalhos para a construção do campo de jogos.A abertura solene do ano lectivo 1942-1943 foi realizada no dia 7 de Outubro no velho Palácio Episcopal situado à Rua do Bispo e no dia 8 do mesmo mês, e “ainda com muitas obras em curso”, davam-se as primeiras aulas no novo edifício. Havia muitas obras a fazer nos gabinetes – física, química e ciências naturais e nas salas de trabalhos manuais e de desenho e encontrava-se longe do fim a construção do corpo destinado à educação física, à cantina e ao balneário; faltava ainda ultimar os recreios e outros espaços desportivos.


Jorge Moreira - Grupo 400

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