sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Testemunhos do Liceu: Paulo Silva


Espaço multicultural mas, sobretudo, testemunha do processo de socialização e de vida, a Escola assume um papel incontornável na vida de todos nós. Revivemo-lo nas conversas do quotidiano, actualizando episódios pitorescos, eternizando espaços, personagens e modos de aprender e ensinar…É da escola que temos cada vez mais saudade, passado o tempo do estudo e da alegre camaradagem, o que nos faz sentir, como o poeta, “raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!”O Liceu orgulha-se de ser esse espaço extraordinário de vivências e emoções de milhares de estudantes madeirenses. Quem são? Que recordam?

Nome: Paulo Silva
Idade: 45 anos
Profissão: Funcionário da Comissão Europeia, Direcção Geral do Mercado Interno
Área de formação: Direito

O Lyceu – Diz-se Liceu, vem a saudade. Que importância teve o Liceu na sua vida?

Paulo Silva – Constato que na pergunta se designa a Escola Secundária Jaime Moniz por Liceu que é também a designação que continuo a utilizar para me referir a esta "casa" tantos anos após dela ter saído. Cheguei ao Liceu em 1975, ou seja um ano após o 25 de Abril e portanto em pleno Processo Revolucionário em Curso (PREC). Desta forma, uma passagem que já de si seria inolvidável tornou-se marcante na minha vida pelos momentos extraordinários vividos, pelas amizades realizadas e pelos professores que tive.

O Lyceu – O que mais o marcou durante os anos de frequência do Liceu?

Paulo Silva – As pessoas (colegas e professores) são sem dúvida aquilo que mais me marcou na minha passagem pelo Liceu. Fiz grandes amigos e tive excelentes professores: uns e outros ajudaram-me a construir aquilo que hoje sou. No entanto, os espaços não foram de somenos importância, uma vez que tive o privilégio de conhecer muitos e variados: para além do Liceu tive aulas no Seminário e no antigo edifico Girassol. Embora as condições de ensino nem sempre fossem as melhores, fizemos sempre o melhor que podíamos nas circunstâncias que foram as nossas.

O Lyceu – Como vê a Educação hoje?

Paulo Silva – A Educação hoje (como sempre aliás) constitui o factor mais importante de desenvolvimento de um país. Uma Educação entendida num sentido amplo, não apenas como mero veículo de transmissão de conhecimentos mas também de valores e de experiências. Constato com preocupação que, apesar de se falar muito na importância da Educação em Portugal, as taxas de abandono escolar assim como os níveis de ili-teracia existentes no nosso país continuam a ser muito elevados o que não constitui um bom prenúncio para o futuro. Contudo, há também que salientar que uma parte crescente das novas gerações consegue hoje atingir níveis educativos nunca antes verificados, o que lhes poderá garantir uma realização profissional e pessoal no quadro desta nossa sociedade globalizada.

O Lyceu – Na sua opinião, de que modo as novas tecnologias são uma mais valiapara a aprendizagem do aluno?

Paulo Silva – A importância das novas tecnologias em especial da informação e da comunicação na educação pode resumir-se a dois pontos fundamentais:1 - A redução dos custos de acesso à informação: o world wide web colocou ao dispor de qualquer pessoa equipada com um computador ligado à internet um manancial quase inesgotável de informação, entendida esta num sentido amplo que abrange desde os textos e as fotos até à música e os vídeos. Portanto, um estudante que queira elaborar um trabalho (inclusive multimédia) sobre um determinado tema dispõe hoje, de uma multiplicidade de fontes de informação a custo quase nulo. Ainda há não muito tempo atrás, o mesmo trabalho estaria limitado ao espólio das bibliotecas, públicas ou privadas, e das livrarias regionais ou seja um universo informacional bastante limitado e potencialmente mais oneroso. A realidade actual coloca, contudo, problemas de outra natureza tais como o da gestão da informação.2 - A gestão da informação: a pesquisa da informação mais relevante sobre um determinado assunto, o controlo da qualidade da informação obtida, a verificação das fontes, a existência de direitos de autor sobre a mesma são problemas com os quais nos confrontamos sempre que procuramos aceder à informação disponível na net. A ironia desta situação é que o acesso consciente e responsável a um mais amplo universo informacional pressupõe hoje um número mais elevado de conhecimentos do que no passado: é necessário saber utilizar os sites de pesquisa como o google de uma maneira eficaz que nos permita seleccionar os dados mais relevantes no mais curto espaço de tempo, é indispensável saber distinguir a informação do ruído e da desinformação existentes na "net", é importante saber relacionar os dados obtidos com vista a gerar novo conhecimento e até pode ser importante, numa perspectiva de inovação comum ao web 2.0, de controlar as técnicas de "mashup" ou seja a criação/utilização de instrumentos baseados na Web combinando dados de fontes e natureza diversa com vista à produção de novos conjuntos dotados de sentido.

Micaela Martins - Grupo 300

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