quarta-feira, 2 de julho de 2008

Testemunhos do Liceu: Bernardo Trindade


Espaço multicultural mas, sobretudo, testemunha do processo de socialização e de vida, a Escola assume um papel incontornável na vida de todos nós. Revivemo-lo nas conversas do quotidiano, actualizando episódios pitorescos, eternizando espaços, personagens e modos de aprender e ensinar…É da escola que temos cada vez mais saudade, passado o tempo do estudo e da alegre camaradagem, o que nos faz sentir, como o poeta, “raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!”O Liceu orgulha-se de ser esse espaço extraordinário de vivências e emoções de milhares de estudantes madeirenses. Quem são? Que recordam?

Nome: Bernardo Trindade
Idade: 38
Profissão: Economista
Exerce presentemente o cargo de Secretário de Estado do Turismo
Área de Formação: Economia

O Lyceu – Diz-se Liceu, vem a saudade. Que importância teve o Liceu na sua vida?

Bernardo Trindade – É de facto com saudade que recordo a frequência do Liceu Jaime Moniz. Representou o ingresso numa grande escola. Grande na verdadeira acepção da palavra. Edifício do Sec. XIX, onde, por norma, as divisões estavam pensadas para proporcionar qualidade de uso a quem as frequentava. Foi importante na minha formação cívica e humana. Uma infra-estrutura única para aprender, conviver, praticar desporto…namorar. Recordo que foi no Liceu que comecei a namorar a pessoa com quem estou casado há 16 anos. Tínhamos 16 anos – não sei se os alicerces do Liceu Jaime Moniz tiveram influência, mas a relação mantêm a intensidade dessa altura.



O Lyceu – O que mais o marcou durante os anos de frequência do Liceu? (pessoas, espaços, ambientes, etc…)

Bernardo Trindade – Recordo os professores: no 7º ano um professor de geografia cujo nome não recordo, que tinha como alcunha “o pantera”. Lembro-me de que nos obrigava literalmente a decorar definições como os pontos cardeais, a linha do horizonte, a la-titude, a longitude, etc.. A dificuldade não estava em compreender o conceito, mas em decorar palavra por palavra o que estava no caderno diário. Notas para professores por quem mantenho ainda hoje grande simpatia: Dr.ª Helena Rosa Gomes, Dr.ª Maria do Carmo Araújo, Prof. Miguel Pita, Dr.ª Violante Matos, Dr.ª Teresa Silva, Dr.ª Inês Costa Neves, entre outros.
Recordo a turma de 9º ano de Desporto – uma lição de vida! Para os alunos, uma animação – peripécias todos os dias; para os professores, uma aflição – a Dra. Águeda Lima teve uma paciência evangélica para suportar tanta insolência. Depois dessa experiência, lá se foram as boas notas (paulatinamente recuperadas...).
Quanto às instalações, ninguém fica indiferente ao enorme pátio com os arcos ao fundo, os tectos altíssimos e os ponteiros do relógio junto aos laboratórios e às instalações desportivas, do melhor que há. Sem dúvida, uma experiência marcante.


O Lyceu – Como vê a Educação hoje?

Bernardo Trindade – Vejo a Educação como um objectivo universal, uma educação que chegue a todos de modo inclusivo e democrático. Esta depara-se, hoje, com múltiplos desafios: responder a um mercado empregador cada vez mais exigente, responder às necessidades das famílias que confiam às escolas a formação e o futuro dos seus filhos e responder às ameaças do insucesso e do abandono.
Vejo a Educação de hoje como resultado e também como etapa de um processo contínuo, isto é, ela destina-se, de facto, a todos. Os níveis de escolarização actuais são incomparavelmente melhores do que há 20 ou 30 anos, mas o esforço no sentido de uma escola de qualidade continua a ser feito e estaremos, certamente, melhor dentro de 5 ou 10 anos.


O Lyceu – Na sua opinião, de que modo as novas tecnologias são uma mais-valia para a aprendizagem do aluno?

Bernardo Trindade – Para os jovens de hoje, as tecnologias já não são novas, fazem parte deles próprios, são indissociáveis. A utilização de tecnologias no sistema de Ensino é, assim, uma mais-valia em duas perspectivas:
1. Aproxima e motiva o estudante para a aprendizagem;
2. Permite e facilita a acessibilidade à informação, estabelecendo novas abordagens impensáveis pelos métodos tradicionais.
Neste sentido e na área que tutelo, temos feito uma aposta determinada na modernização das Escolas de Hotelaria e Turismo, reformulando currículos, reestruturando as escolas, disponibilizando recursos tecnológicos como computadores, acesso à Internet e instalação de quadros interactivos, aliás, como previsto no Plano Tecnológico da Educação, ao qual aderimos.

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