segunda-feira, 30 de junho de 2008

A beleza de Maria


A beleza de Maria


De Maria a formosura
Na terra não tem rival
Que é mais formosa que a rosa
E do que o jasmim do vale.

É como meiga visão
De noite de Primavera
Queando a lua meiga e triste
Poesia n’alma gera.

É azul mais sancto e puro
Que o azul dos olhos seus
Na terra ver não se pode
Somente o azul dos céus.

Que só ele é grande, imenso,
Profundo e misterioso
Como esse olhar sancto e puro,
Tão terno, tão amoroso.

E cabelos mais formosos
Que ela quem os terá?
Mais louros, mais ondulosos,
Virgem de certo os não há.

E essa fronte tão singela
Tão alva, tão delicada
E esse talho tão esbelto
E essa mão tão afilada?!

Mas p’ra que louco pretendo
Belezas taes esboçar?
Não será isto ofendê-la,
Seus encantos profanar?

Virgem dos olhos azuis
Oh! Perdoa ao teu cantor!
Perdoa-lhe, foi loucura.
Perdoa-o, que foi amor.

Z

In: O Recreio, 09/09/1863

Sem comentários: